Até agora, a visão mais interessante sobre o papel de um prefeito na cidade de São Paulo não veio de nenhum político, acadêmico ou jornalista. Mas de um publicitário: Nizan Guanaes. Seu artigo publicado ontem na Folha deveria ser lido por todos os candidatos.
Ele define o século 21 como o século das cidades. E um prefeito de uma metrópole como São Paulo é um personagem global –ou seja, um candidato a estadista em escala planetária. É preciso encarar a metrópole como se fosse um país, orientada pela busca de soluções em parceria com as demais metrópoles do mundo.
A agenda da cidade de São Paulo, portanto, é uma agenda global, na qual se pense desde as questões de sustentabilidade até arranjos produtivos locais para o desenvolvimento de vocações econômicas. É preciso estar atento sobre como as novas tecnologias podem e devem mudar o dia do cidadão, facilitando o acesso a serviços.
O estadista deve, assim, encarar a cidade como um fim, não um meio para se atingir outros cargos. Essa é a visão que deveria vencer na disputa pela prefeitura. Acredito que tanto Serra como Haddad, se quiserem, tem estatura intelectual para assumirem e desenvolverem esse olhar –mas ainda não confio.
É algo semelhante ao que escreveu, também ontem na Folha, Vladmir Safatle, mostrando como a cidade paga um preço alto por ser trampolim dos políticos. E, com isso, não se criou um projeto de cidade.
Será que esses artigos, de gente antenada e articulada, refletem o surgimento de uma nova mentalidade em São Paulo?
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O movimento Nossa São Paulo lançou um concurso para ajudar a debater a cidade de forma mais profunda. É uma eleição aberta ao público para escolher os personagens que fazem a diferença na cidade (se quiser indicar nomes, acesse aqui).
(UOL)