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publicado dia 10 de maio de 2012

Facilitar acesso é maior benefício de livros digitais

De Patrícia Gomes do Porvir

A presidente Dilma já disse ser adepta aos livros eletrônicos; no metrô, eles começam a aparecer aqui e ali, dividindo espaço com os tradicionais de papel; portais têm disponibilizado possibilidades de download gratuito de obras clássicas. Enquanto o Brasil vai aderindo apenas lentamente à prática dos e-books, a Microsoft anunciou parceria multimilionária com a Barnes & Nobles, maior livraria de varejo dos EUA, para entrar de cabeça nesse mercado.

Um aplicativo presente no sistema operacional Windows 8 dará acesso a uma plataforma com o acervo digital da livraria, que tem mais de 2,5 milhões de títulos, boa parte a menos de US$ 10. Os livros podem ser comprados ou até alugados, como em bibliotecas. “O investimento da Microsoft na Newco e a nossa vontade de levar tecnologias digitais de leitura e conteúdo para a plataforma Windows vai permitir que expandamos o negócio a milhões de usuários”, disse William Lynch, CEO da Barnes & Noble ao anunciar a parceria.

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O aplicativo será acessível via Nook, leitor digital lançado pela livraria em 2009, celulares, PCs e Macs. Os executivos da Barnes & Nobles e da Microsoft acreditam – e os US$ 300 milhões investidos são prova disso – que a iniciativa tem potencial para impactar alunos de todo o mundo. “A mudança para o mundo digital está colocando as livrarias na palma da mão dos leitores. E esse é o início de uma relação que vai influenciar na forma como as pessoas leem e interagem com os conteúdos”, afirmou Andy Lees, presidente da Microsoft. “Nós vamos acelerar a inovação no mercado de leitura digital porque permitiremos que as pessoas não apenas leiam as histórias, mas façam parte dela”, completou.

O Nook ainda não é vendido no Brasil e nem todos os livros digitais disponíveis nas livrarias são compatíveis com o modelo. Por aqui, o mercado é dominado pelo iPad, da Apple, e pelo Kindle, da Amazon.

No Brasil

Mas, apesar dos ventos que sopram a favor dos livros digitais nos EUA, o efeito que o uso da ferramenta pode trazer ao aprendizado não é ponto pacífico no Brasil. Se, por um lado, o livro digital pode produzir encantamento entre os alunos e estimular a leitura dos estudantes, por outro, pode distraí-los. Se ele é portátil e ecologicamente correto, é também uma ferramenta cara para o bolso dos pais. Diante de tantas perspectivas de encarar o assunto, pesquisadores ouvidos pelo Porvir concordam em pelo menos um ponto: iniciativas como a da Microsoft podem facilitar o acesso às obras.

“Permitir o acesso é transformador. Você consegue dar chance de conhecer um livro a quem não tinha”, diz Betina von Staa, pesquisadora em tecnologias educacionais. Para a especialista, o Brasil pode se beneficiar com a difusão dos e-books porque é logisticamente complicado transportar livros entre os estados. “O Brasil tem dimensões continentais. É caro e difícil levar livros para o interior. Com os livros digitais, isso fica mais fácil”, afirma.

Staa ressalta ainda que o desenvolvimento de tecnologias sempre traz vantagens, uma vez que permite a associação de ferramentas, o que acaba também aumentando o alcance de iniciativas. A especialista afirma, por exemplo, que poderia ser muito proveitoso para os alunos se o aplicativo que dá acesso ao acervo da Barnes & Nobles estivesse dentro do ambiente on-line das escolas.

No quesito acesso, Rodolfo Araújo, especialista em tecnologia da informação, entende como positiva a possibilidade de alugar títulos que a Newsco oferece, mas é cético quanto ao impacto da disseminação dos livros digitais entre os alunos. “Pode até haver mais livros, mas isso não significa que haverá mais gente lendo”, afirma.

Para Araújo, e-books são apenas uma ferramenta e adotá-los não é garantia de nenhuma melhoria no ensino. “Só trocar o livro de papel pelo digital é trocar seis por meia dúzia. As inovações de verdade estão no modelo, e não na ferramenta”, afirma o especialista, que dará a palestra Aprender a Ensinar ou Ensinar a Aprender em fórum sobre tecnologias no ensino na Educar Educador, evento que ocorre em São Paulo entre os dias 16 e 19 de maio.

Araújo adverte ainda para o fator concentração, que costuma ser problemático nos livros digitais, uma vez que o leitor tem várias distrações ao alcance dos olhos. “Para pesquisa, a leitura digital é ótima. Mas para estudar mesmo, o papel é sempre melhor.”

A Apple e a Amazon parecem discordar da afirmação e pretendem investir no mercado brasileiro de livros digitais como já falamos por aqui.

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