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publicado dia 10 de maio de 2012

Felicidade no câncer

Dica de leitura: Quinta Coluna - 101 crônicas - Contardo Calligaris

Da Folha.com

Dica de leitura: Quinta Coluna - 101 crônicas - Contardo Calligaris

Durante uma conversa na madrugada de domingo passado, o ator Reynaldo Gianecchini, ao lado do psicanalista Contardo Calligaris, me disse que o câncer tinha feito dele uma pessoa mais feliz. E não parecia estar mentindo nem se autoenganando (veja as imagens aqui ).

Chegou até dizer que a doença ajudou-o a ver a vida de forma mais leve, calma e profunda. Daí ter repetido o que muita gente acha estranho: a tragédia se converteu numa “dádiva”.

Vivemos hoje justamente o culto da fama, com suas celebridades ganhando cada vez mais espaço, e da pressa. Modernidade é a pressa, o que se converte em afobação e superficialidade.

O que for lento é passado, velho, descartável. Tanta gente tomando remédio contra ansiedade, depressão ou distúrbio de atenção não seria reflexo da doença da pressa e da incapacidade de vivenciar emoções? Vemos como cada vez mais os estudantes são medicalizados para serem mais focados ou menos infelizes.

Mas será que conseguimos aprender, de fato, sem contemplar, vivenciando com profundidade a experiência?

Impossível não ver no ator um educador, desses que os professores deveriam colocar em sala de aula e obrigar os alunos a refletir sobre a vida e a aprendizagem. O que mais vejo são professores, de Harvard a uma escola pública da periferia de São Paulo, atarantados sobre como ensinar jovens com o chamado “cérebro de pipoca”, incapazes de ler o cotidiano por causa da afobação. Seria esse um novo jeito de aprender ou um efeito nefasto do excesso de tecnologia?

Sou dos que acham que sem contemplação e experimentação a aprendizagem é sempre superficial.

O que Gianecchini está dizendo, em poucas palavras, é que a doença ajudou-o a olhar de forma mais crítica a pressa e a fama, a incapacidade de usufruir e aprender com calma o presente, preso a um tempo –o futuro– que não existe.

*

Evidentemente não tenho nada contra a tecnologia. Muito pelo contrário. Como não ficar embevecido (e muito feliz) com as recentes imagens (veja aqui ) de cegos recuperando a visão depois do implante de chip do cérebro?

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