publicado dia 21 de junho de 2012
A Cúpula dos Povos, evento organizado pela sociedade civil que acontece paralelamente à Rio + 20, tem reunido diversos atos contra a agenda social e ambiental adotada pelo Brasil. Ao longo da semana, movimentos sociais realizaram manifestações e ações simbólicas no Rio de Janeiro que rejeitam o posicionamento político da presidenta Dilma Roussef antes e durante a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.
A semana começou com uma manifestação que reuniu mais de duas mil pessoas, chamada de “Marcha à Ré da Rio +20”, que apontou as contradições do discurso oficial nas questões relativas ao meio ambiente. “Queremos denunciar os retrocessos socioambientais dos últimos anos, para que o Brasil não pose de modelo durante a Rio + 20”, explica Rafael Santos, do Comitê Fluminense em Defesa das Florestas, do Rio de Janeiro.
Dentre as principais críticas está a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte que foi marcada pelo desprezo às regras de licenciamento, às condicionantes ambientais e à necessidade de consulta à população indígena afetada. Outro ponto negativo ressaltado é o novo Código Florestal que, mesmo com toda a mobilização nacional pelo “Veta, Dilma”, a população não teve seu pedido atendido de veto integral ao texto que incita o aumento ao desmatamento.
A redução das unidades de conservação, do poder do IBAMA e da regularização fundíaria, resultando no aumento da violência no campo também foram levantados nos atos de ONG’s, movimentos sociais e aldeias indígenas. “É latifúndio, escravidão e monocultivo predatório, um modelo agrícola suicida com transgênicos e agrotóxicos para exportar produtos primários a preços ridículos e a política oficial financia tudo isso” afirma José Prata, do Movimento Brasil Pelas Florestas, de São Paulo.
E complementa: “Nós estamos aqui na Rio+20 perante o limite do planeta, porque esse modelo de desenvolvimento é insustentável. A sociedade civil diz não a essa economia pintada de verde, queremos soberania alimentar e energética, justiça social e progresso ambiental”.