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publicado dia 25 de julho de 2012

A maior escola de empreendedorismo

Por Rodrigo Brito, da Folha.com

Você sabe qual é a maior escola de empreendedorismo do Brasil? Não? Então vou dar algumas pistas para você descobrir.

Em primeiro lugar, esta “escola” não tem uma sede, tem mais de 800 espalhadas pelas universidades dos 27 Estados do país. Ela também não tem “alunos”, e sim mais de 10 mil “membros” que a cada ano participam desta escola e se renovam, sendo que o tempo médio que participam varia de um a três anos.

Ela não tem taxa de matrícula nem mensalidade, e seus alunos-membros pagam com seu trabalho e dedicação em forma de serviços para micro e pequenas empresas.

Esta escola não tem um reitor ou hierarquia rígida, organiza-se em rede através de federações estaduais e de uma confederação nacional, e anualmente realiza encontros estaduais com uma média de 400 participantesalém de um grande encontro nacional que tem cerca de 2.000 vagas esgotadas em questão de horas, sendo mais disputadas do que ingressos para o show do U2!

A maior escola de empreendedorismo do Brasil também não tem aulas teóricas nem provas. Todo seu processo de aprendizado e avaliação acontece na prática, com desafios e experiências reais e diárias. E sua avaliação não vem na forma de notas em um boletim, mas pelos feedbacks que recebe de clientes, parceiros e colegas que, como você, estão ali para se desenvolver e ser alguém melhor para a sociedade.

Para uma estrutura tão grande, com tantos eventos e com um modelo tão complexo de educação, você deve estar pensando: “Meu Deus! Isto deve custar uma fortuna!”. E você sabe quanto os governos investiram ou investem para que esta escola nacional de empreendedorismo funcione? Nada!

E sabe quanto grandes empresas investem para que esta escola forme talentos e bons profissionais para seus quadros? Quase nada também!

Toda as “sedes” e atividades desta escola nasceram e se desenvolvem a partir da iniciativa de seus próprios alunos-membros, que gostaram da ideia, arregaçaram as mangas e resolveram iniciar ou dar continuidade à suas sedes da maior escola de empreendedorismo do Brasil.

E seus alunos? O que fazem quando saem desta escola? Tornam-se empreendedores!

Só para citar alguns exemplos de “ex-alunos”: Luis Otávio, co-fundador do Catarse.me (maior plataforma de crowdfunding do país); Carlos Lima, fundador da Integration (uma das maiores consultorias do país com escritórios em quatro países); Tiago Dalvi, da empresa social Solidarium; Luiz Piovesana, da Empreendemia; Antonio Neto, fundador da Vox Capital (primeiro fundo de Impact Investing do Brasil); Rafael Liporace, fundador da Biruta Mídias Mirabolantes; Marília Rocca, da Endeavor Brasil; além de toda a equipe que iniciou a Aliança Empreendedora.

Mas esses alunos-membros não empreendem apenas criando suas próprias empresas e ONGs. Eles também empreendem dentro de outras organizações, como é o caso de Nina Valentini, coordenadora do Instituto Arredondar; Tiago Mitraud, coordenador de produtos da Fundação Estudar; e algumas centenas ou milhares de trainees em empresas como Ambev, Boticário, Itaú, Fiat, INDG, ALL, Danone, dentre outras.

Descobriu qual é esta escola?

Chama-se Movimento Empresa Júnior, uma ideia que surgiu na França em 1967 por iniciativa de universitários que achavam que apenas as aulas não eram suficientes para prepará-los para o mercado de trabalho. Com isso, começaram a criar empresas sem fins lucrativos, dentro de suas universidades, para prestar serviços a preços acessíveis para micro e pequenas empresas, ganhando assim a experiência prática que tanto buscavam.

Aos poucos essa idéia ganhou força, espalhou-se pela Europa e em 1988 chegou no Brasil, país onde o “movimento” mais cresceu no mundo, sendo que hoje temos aqui mais empresas juniores do que todos os países da Europa somados, realizando mais de 2.500 projetos por ano.

Em um Brasil que investe tanto em programas de educação e empreendedorismo que patinam ou não saem do lugar, somos “case” mundial, mas ainda desconhecido por muitos, silencioso, que desde 1988 vem construindo, ano a ano, um Brasil mais profissional e empreendedor.

Para disseminar e celebrar esse movimento empreendedor, entre os dias 6 e 10 de agosto acontece em Paraty o Congresso Mundial de Empresas Juniores, ou JEWC (Junior Enterprises World Conference), com o tema “One World, One Network” e a presença de mais de 2.000 pessoas do Brasil e de países como Turquia, França, Itália, Alemanha, Espanha, Romênia e China. Como de praxe, as vagas estão esgotadas!

Quando Mark Twain disse a seu filho “Não sou contra que você entre na universidade, mas não deixe isso atrapalhar seus estudos”, provavelmente não imaginava que um dia existiriam as empresas juniores!

Rodrigo Brito é “pós-júnior”, co-fundador e diretor da Aliança Empreendedora e da INK – Inovação e Empreendedorismo e integrante da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais.

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