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publicado dia 27 de agosto de 2012

Currículo global ensina conceitos de diversidade e justiça social

Por *Redação na Rua

Desenvolver uma educação global, interdisciplinar, conectada com os problemas do mundo e visando a sustentabilidade foi o desafio aceito por 40 escolas de cinco países – Áustria, Brasil, Benin, Reino Unido e República Tcheca – integrantes do projeto Currículo Global. Durante dois anos, o grupo de cerca de 800 professores e educadores trabalhou os temas curriculares da educação básica de forma integrada, abordando os conceitos de diversidade cultural, direitos humanos, justiça social e visando desenvolver nos alunos a cidadania planetária.

O projeto começou a ser desenhado em 2007 entre ONGs dos cinco países, durante um encontro anual de educadores realizado na Eslovênia. No final de 2010, o grupo apresentou o projeto à União Europeia e ganhou seu patrocínio. Nos anos seguintes, foi realizada sua implantação e, ao final de 2012, a conclusão será a publicação on-line e em papel de um Manual do Currículo Global, com as descrições dos conceitos da educação global e dos planos de aula e sequências didáticas realizadas nas escolas.

No Brasil, o projeto se chama Currículo Global para a Sustentabilidade e é desenvolvido com a coordenação do CECIP (Centro de Criação de Imagem Popular) em seis escolas de São Paulo, a escola municipal Guilherme de Almeida, as estaduais Julia Macedo Pantoja e Professora Luiza Hidaka, e as particulares Politeia, Teia Multicultura e Colégio Bandeirantes.

Os educadores envolvidos trabalham a programação curricular da escola com uma perspectiva diferente. Em matemática, por exemplo, ao estudar porcentagens, professores e alunos da escola Julia Macedo Pantoja definiram como tema a mobilidade urbana em São Paulo. Os estudantes pesquisaram sobre a porcentagem de pessoas que utiliza transporte coletivo e individual na cidade, o crescimento da proporção de automóveis, da poluição e dos casos de doenças respiratórias causadas pelos poluentes. Com professores de outras disciplinas, investigaram como o problema é enfrentado em outras cidades brasileiras e de outros países. No decorrer do processo, identificaram ações que poderiam fazer em sua comunidade para incentivar o uso do transporte coletivo.

“O conteúdo curricular ‘porcentagem’ continua o mesmo, mas a abordagem é diferente. Implica sempre na construção de conhecimentos relativos à interdependência planetária, à sustentabilidade, à diversidade cultural e religiosa, e à atitude visionária e proativa diante do futuro”, afirma a coordenadora-geral do projeto no Brasil, Madza Ednir.

Professores conectados

A interação entre os docentes envolvidos no projeto aconteceu presencialmente em dois encontros realizados em Leeds, no Reino Unido, e no Benin, na África. Nas ocasiões, os professores participaram de oficinas com os educadores para se apropriar dos conceitos da educação global, visitaram escolas onde a prática já estava implantada e tiveram contato com ONGs que trabalham em conjunto com escolas para desenvolver os conceitos de justiça social, diversidade cultural e direitos humanos.

Por meio do site do projeto, os educadores têm acesso aos materiais e textos produzidos e podem ver como os professores dos demais países organizam suas aulas, trabalham os conceitos e o calendário escolar. “Recebemos pedidos de materiais, ideias e perspectivas sobre como nós brasileiros estamos abordando grandes questões nacionais, como os transgênicos, o código florestal, a devastação da Floresta Amazônica, as unidades da polícia pacificadora e Belo Monte, que também são importantes para eles”, conta Madza.

Em cada escola, as equipes do currículo global realizam reuniões semanais e, pelo menos duas vezes ao ano, todos os professores envolvidos no projeto no Brasil se encontram para a troca de experiências. Foram escolhidas escolas particulares e públicas justamente para estimular e valorizar a diversidade cultural.

“O projeto coloca no papel algo que já ocorre no plano da ciência, da arte e dos movimentos sociais, essa ‘internacionalização do bem’. E aponta para o futuro que queremos: onde as pessoas aprendam a negociar, resolver conflitos, fazer concessões, desde o plano micro ao internacional. Um planeta onde o lucro não seja o valor central e sim o ser humano”, defende Madza.

Financiado pela União Europeia, o projeto é desenvolvido por ONGs da Europa, África e  América Latina:  Áustria (Südwind) ;  Reino Unido (Leeds DEC)  República Checa (Arpok), Benin (Nego-Com) e Brasil (CECIP), em cooperação com autoridades educacionais de cada país. O CEPIC conta com o apoio do Instituto Paulo Freire e da Fundação Roberto Marinho.

*Fazem parte do Redação na Rua os sites Catraca LivreGuia de EmpregosPortal AprendizPorvirVilaMundo.

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