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publicado dia 29 de agosto de 2012

Governo de SP quer expandir o ensino integral e reduzir o noturno

Este ano, o governo de São Paulo implantou o modelo de Ensino Médio em tempo integral em 16 escolas.

“O foco da nossa política é expandir o Ensino Médio integral e diminuir o noturno”, afirma a coordenadora do programa Educação: Compromisso de São Paulo (ECSP), Valéria Souza. A justificativa dada por ela é que as aulas da noite são um resumo do que é passado no diurno. A afirmação foi feita durante o debate “Ensino Médio em São Paulo: políticas e experiências em debate”, realizado pela ONG Ação Educativa, em São Paulo.

Entretanto, para a professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Maria Clara Di Pierro, que estava na plateia, a proposta não leva em consideração os estudantes mais pobres, que precisam trabalhar e, por isso, só podem estudar à noite. A visão também é compartilhada pela docente da Faculdade de Educação da Universidade de Campinas (Unicamp), Nora Krawezyk.

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“Se colocarmos na balança educação e mercado de trabalho, o segundo sempre vai prevalecer na família de baixa renda”, acredita. Para ela, o grande desafio é enfrentar as desigualdades sociais, por meio das políticas públicas, já que a qualidade da educação pode melhorar, mas não necessariamente impactar nessa estrutura.

Ensino em tempo integral

Por meio do programa Educação: Compromisso de São Paulo (ECSP), o modelo de escola em tempo integral foi implantado em 16 escolas da rede pública estadual de São Paulo, atendendo a 5 mil estudantes, desde fevereiro. Além do regime de dedicação exclusiva dos professores, a jornada do aluno é ampliada de seis para nove horas diárias.

O diferencial na grade curricular são as disciplinas eletivas, de acordo com a área de interesse, e a elaboração de um “projeto de vida”, com objetivo de estimular o jovem a planejar o seu futuro e prepará-lo para o mercado e trabalho. A metodologia se baseia na experiência aplicada pelo Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação de Pernambuco.

A conselheira da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Valéria Leão,  teme que esse formato crie “ilhas de excelência” onde só poderão estudar aqueles que não trabalham e, consequentemente, têm maior poder aquisitivo. “Precisamos criar condições para que eles se adequem a uma escola de tempo integral e não saiam dela, aumentando ainda mais a evasão escolar”, defende.

Valéria Leão ressalta que ainda não está claro o papel do professor nesse novo formato de educação e que o currículo precisa ser criteriosamente pensado para que as instituições não virem meros “depósitos de crianças”. Nesse sentido, ela critica o fato do programa ter sido construído sem a participação dos magistérios e representações estudantis.

Mateus, de 16 anos, estuda em uma das escolas que passou pelo processo de alteração para o ensino em tempo integral este ano. Apesar de considerar positiva a mudança, ele admite que no começo foi difícil se adaptar à carga horária mais extensa e que, hoje em dia, seu tempo é muito mais corrido. “Minha vida social hoje se resume à escola e ao facebook”, relata.

Para Nora Krawezyk, é extremamente preocupante que o tempo dos adolescentes esteja dividido desta forma. “A escola acaba dando a resposta que a cidade deveria dar e isso vai na contramão da proposta de trabalhar com uma cidade educadora. O bairro também oferece uma diversidade de oportunidades de aprendizados importantes para o desenvolvimento do indivíduo”, enfatiza. Participou também do debate o gerente de relações institucionais e de comunicação do Instituto Unibanco, Vanderson Berbat.

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