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publicado dia 8 de outubro de 2012

Defasagem idade-série prejudica o aprendizado na trajetória escolar

Por Mariana Mandelli, do Todos Pela Educação

Dados da Prova ABC e da Prova Brasil mostram que a probabilidade de um aluno defasado ter desempenho adequado é sempre menor do que a de um aluno na idade correta.

A porcentagem de alunos com defasagem idade-série que apresentam o desempenho adequado é sempre inferior à de alunos também com desempenho adequado, mas na idade correta. É o que revelam os dados da Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização (Prova ABC), aplicada a alunos que concluíram o 3º ano do Ensino Fundamental, e também da Prova Brasil, que avalia o 5º e o 9º anos.

Na Prova ABC, enquanto 57,9% das crianças na idade correta atingiram o desempenho esperado para Escrita, 61,8% em Leitura e 47,1% em Matemática, apenas 35,2% dos defasados aprenderam o conteúdo esperado em Escrita, 34,3% em Leitura e 25,7% em Matemática. A Prova ABC foi aplicada no ano passado a alunos no início do 4º ano, com o intuito de avaliar o aprendizado dos concluintes do 3º ano. Ao todo, 79,5% dos quase 6 mil participantes da avaliação tinham 8 e 9 anos, faixa etária adequada à série. As crianças defasadas totalizaram 20,1% da amostra – 12,5% com 10 anos e 7,6% com 11 anos ou mais.

Essa tendência observada na Prova ABC também aparece na Prova Brasil, aplicada pelo Ministério da Educação (MEC) de dois em dois anos em todo o País para avaliar as habilidades em Língua Portuguesa e Matemática do 5º e do 9º anos do Ensino Fundamental.

No 5º ano, por exemplo, o percentual de alunos com aprendizagem adequada entre os defasados é quase 24 pontos percentuais menor do que entre alunos com idade correta. Os dados da Prova Brasil utilizados nesse levantamento são da edição aplicada em 2009.

A Meta 3 do movimento Todos Pela Educação é que, até 2021, todos os alunos da Educação Básica alcancem aprendizado adequado à série em que está. A projeção da meta nacional para 2009 era de 36,6% em Língua Portuguesa e 29,1% em Matemática para o 5º ano.

Já para o 9º ano, era 24,7% em Língua Portuguesa e 17,9% em matemática. Pelos dados, nota-se que os estudantes na idade correta conseguiram superar a maior parte das metas previstas para o ano – a única exceção é em Matemática para o 9º ano. Entretanto, os alunos com defasagem ficaram longe de atingi-las.

Os diferenciais de aprendizagem entre alunos do 5º e 9º anos com e sem defasagem idade-série, tanto em termos de média quanto do indicador da Meta 3, existem em todas as classes econômicas e são sempre favoráveis aos alunos com idade correta para série. Para os alunos concluintes do 3º ano, não foi possível recortar o resultado por classes econômicas, pois a Prova ABC não investigou características socioeconômicas dos alunos avaliados.

Para os especialistas em avaliação, a semelhança entre os dados da Prova ABC e da Prova Brasil mostram que o atraso escolar dos alunos defasados começa cedo. “Essas médias mostram que isso tem início logo nos primeiros anos do Ensino Fundamental. Esse aluno precisa de um acompanhamento que normalmente ele não tem. A escola deixa essa criança atrasar e não a recupera”, afirma Ruben Klein, consultor da Fundação Cesgranrio.

Ocimar Alavarse, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), lembra que a defasagem idade-série normalmente ocorre por dois motivos: “Crianças nessa condição ou repetiram por baixa proficiência ou ingressaram tardiamente na escola. Normalmente, a situação desse aluno não é tratada com a devida atenção”, afirma.
Os especialistas ressaltam que os alunos com dificuldades devem ser observados desde o começo, com acompanhamento específico desde os primeiros anos da escolarização. Além disso, segundo Klein, os dados da Prova ABC ajudam a desmistificar a ideia de que a repetência é positiva. “No geral, ela é maléfica, porque destrói a autoestima do aluno. O repetente é um sério candidato a não terminar os estudos e a evadir da escola. A reprovação é feita sem muitos critérios”, explica. “No entanto, a promoção automática sem aprendizado também não funciona. Temos que sair desse falso dilema entre esse tipo de promoção e a repetência: as duas são inaceitáveis. A única possibilidade que deve existir é o aluno aprender.”

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