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publicado dia 14 de fevereiro de 2013

Crianças leem mais de 100 livros por ano incentivadas por projeto em AL

Por Natália Souza, do G1

Abre, folheia, fecha e observa bem as capas. O estudante Caio Calheiros, de oito anos, manuseia livros paradidáticos com uma intimidade típica de quem já leu centenas deles. E apesar da pouca idade, leu mesmo. “Já li 214 livros. No momento, estou lendo o Hotel Transilvânia, que fala sobre um hotel com um monte de monstros engraçados e sobre um drácula que quer esconder um humano pra ele não ser descoberto”, explica o ávido leitor.

O interesse de Caio pela leitura começou em casa, através do incentivo da família. Mas, segundo a mãe dele, a médica oftalmologista Cristiane Calheiros, 39, a quantidade de livros lidos pelo filho se deve, principalmente, a um projeto de leitura da escola onde ele cursa o 3º ano do Ensino Fundamental.

“Sempre tive interesse pela leitura, mas na idade dele eu não tive esse estímulo, então sempre procurei incentivar meus filhos a ler. O projeto foi fundamental para ele tomar esse gosto pelos livros”, afirma.

Escola de Leitores, esse é o nome do projeto a que Cristiane se refere e que vem fazendo a cabeça dos quase 400 alunos de uma escola particular localizada no bairro do Farol, em Maceió.

A ideia de premiar os alunos que atingissem a marca de 100 livros lidos anualmente resultou em uma competição pessoal dos estudantes. Além de Caio, outros 26 alunos alcançaram a meta no ano passado.

Em busca do Livro de Ouro
Criado em 2009 com a intenção de estimular a leitura diária e de provocar um encantamento por livros paradidáticos, o Projeto Escola de Leitores tem uma moeda de troca atrativa, o cobiçado Livro de Ouro, prêmio máximo destinado a quem atinge a meta. O livro é uma obra escolhida pela coordenação da escola e encapado com capa dura dourada.

“Fizemos uma pequena pesquisa com os alunos que concluíram o Ensino Fundamental na escola e descobrimos que muitos não cultivaram o hábito da leitura. Então, lancei o problema aos professores e coordenadora em uma reunião pedagógica e pensamos no projeto de estímulo à leitura”, explica a psicopedagoga e diretora da escola, Delane Medeiros Valente.

Os alunos só podem alugar um livro por vez e o projeto tem início a partir do segundo ano do Ensino Fundamental, pois, de acordo com a diretora, é a fase em que os alunos estão aptos à compreensão textual. “Inicialmente foi discutido sobre a grande quantidade de livros, mas lançamos a proposta e vimos que ela é capaz de ser cumprida”, esclarece.

De filha para mãe
“Não li metade dos livros que minha filha leu”, admite a professora de artes, Elizama Simão, 45. Sua filha, a estudante Alícia Simão, 10, é um incentivo à leitura na casa da família.

“Amei a ideia do projeto. Na minha época não tinha isso. Se esse incentivo viesse de antigamente, seria melhor para os alunos. Quando ela chegou em casa dizendo que conseguiu completar os 100, nós duas pulávamos de alegria”, conta.

“A leitura é essencial para a educação. Tem que começar em casa, mas os pais teriam que se habituar a ler para dar o bom exemplo”, afirma Elizama, que se interessou mais pela leitura quando passou a acompanhar os resumos da filha sobre os livros lidos no projeto.

Dos livros que leu, o Diário de um Banana é a sua obra preferida. “Hoje leio por vontade própria, sem competição do projeto”, conta Alícia, ao revelar que já possui cerca de 50 livros na sua biblioteca pessoal.

Educação no país
O brasileiro lê cerca de quatro livros paradidáticos por ano, segundo pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada em 2012 pelo Instituto Pró-livro. O número é similar à quantidade de livros adotados pelas escolas municipais e estaduais de Alagoas, que seguem a orientação do Ministério da Educação (MEC).

Em 2011, o Estado de Alagoas figurou o pior Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do país em todos os níveis de ensino: anos iniciais, Ensino Fundamental e Médio, segundo pesquisa divulgada pelo MEC.

“São projetos como a Escola de Leitores que podem contribuir para a redução dos índices negativos em que Alagoas aparece na área de Educação”, destaca a diretora Delane Medeiros.

Além da biblioteca de uso comum da escola, cada sala de aula possui um acervo de cerca de 180 títulos.

Foram investidos cerca de R$ 2.500, entre compra de livros e personalização das fichas do projeto e da encadernação do Livro de Ouro. “O diretor financeiro falou das despesas com o projeto, mas compensa saber que hoje os alunos aprenderam que o importante não é a competição e sim o gosto pela leitura”, pondera a diretora

Ela tem consciência de que o sistema orçamentário da iniciativa privada é diferente do que dispõe a rede pública de ensino, mas acredita em adaptação. “Nunca houve algum tipo de contato nosso com as autoridades públicas da rede de ensino aqui no estado, mas nos disponibilizamos a expandir o projeto, pois acho que todos ganham com crianças lendo mais”.

“Quem gosta de ler e escrever é mais forte para enfrentar o mundo e tomar grandes decisões para mudar o sistema. A leitura dá autonomia. Essas crianças que participaram do projeto encontraram nos livros os melhores amigos para passar o tempo e mergulhar em um mundo de criatividade e imaginação”, afirma Delane.

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