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Por Hugo Costa, da Agência UNB

Mais de 200 pessoas ocuparam assentos e corredores do Auditório Dois Candangos, por volta do meio-dia desta quinta-feira, 28 de fevereiro, para debater o combate à intolerância e ao preconceito. O encontro, promovido pelo Movimento Honestinas, terminou com a reafirmação da importância do empenho da comunidade acadêmica na luta para evitar que atos de violência movidos pelo preconceito continuem a ocorrer. Há menos de duas semanas, estudante do 5º semestre de Agronomia foi agredida no estacionamento do Instituto Central de Ciências com socos e pontapés enquanto era chamada de “lésbica nojenta”.

“É necessário romper com estigmas que pesam contra determinados grupos sociais e de identidade que compõem a sociedade brasileira”, disse o deputado federal Jeans Wyllys (PSOL-RJ), convidado pelo Honestinas. O parlamentar discorreu sobre as barreiras para o respeito às diferenças que ainda não foram transpostas no decorrer da história. “Não estamos (homossexuais) posicionados da mesma maneira na estrada da vida”, lamentou. “Se meu irmão heterossexual levar a namorada para casa, ainda que isso se transforme em um dilema, eu não poderia fazer a mesma coisa. Eu tenho uma desvantagem em relação a ele. O discurso público rechaça minha maneira de amar”, afirmou.

Segundo Jean Wyllys, os direitos precisam ser alcançados com a visão de que os desiguais devem ser respeitados de acordo com suas individualidades. Ele defende a ampliação dos conceitos de igualdade para além da formalidade legal. “A igualdade também é concebida do ponto de vista material. Já vem de Aristóteles a ideia da igualdade associada à justiça”, disse. A concepção do deputado é de que o tratamento equitativo “demanda políticas públicas para sua efetivação”. Em seu discurso, Wyllys analisou como “descabidos” movimentos que defendem “o orgulho heterossexual”, já que não pesam resistências contra esse grupo majoritário.

O discurso de Jean Wyllys foi bastante aplaudido pelo público formado por alunos, professores e servidores e seguiu em pauta com ponderações sobre o combate à intolerância na UnB. Coordenador do grupo de Trabalho de Combate à Homofobia da Universidade, o professor da Faculdade de Educação José Zuchiwschi não escondeu a satisfação por ver o amadurecimento dos debates sobre a questão na academia. “Vamos resgatar na Universidade esse espírito de vanguarda, de solidariedade, de justiça e de respeito à diversidade”, conclamou. Também membro do GT, a professora do Departamento de Serviço Social Valdenísia Peixoto avaliou que os preconceitos enraizados na sociedade “só são combatidos por meio de um processo de luta consciente e livre”.

VISIBILIDADE – O GT de Combate à Homofobia, junto a outros grupos de defesas de minorias, vai integrar uma diretoria exclusiva para tratar de assuntos relacionados a gênero e etnia na Universidade. A criação do órgão foi anunciada na semana passada pela decana de Assuntos Comunitários, Denise Bomtempo. A previsão é de que os trabalhos sejam iniciados em abril. “A diretoria é fruto de muitas discussões acumuladas na Universidade. Ela vai abranger de forma ampla as questões que envolvem diversidade sexual, gênero, estudantes, índios, negros, estrangeiros, vindos do campo, de diferentes classes sociais. Ela vem de uma demanda para assegurar a convivência pacífica e a diversidade e pluralidade que temos na UnB”, explica Denise.

O estudante de Direito André Maia, representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE) no encontro, defendeu que as causas de gênero e de orientação sexual tenham mais visibilidade, repudiou agressões ocorridas na UnB e disse que “a violência não pode ter lugar na universidade”. Em abordagem na mesma linha, a deputada federal Érica Kokay (PT-DF), célebre ex-aluna da universidade, alegou enfrentar dificuldades no Congresso Nacional na luta pelos direitos humanos e avaliou que os “ataques homofóbicos atingem a nossa noção de humanidade”.

Responsável por coordenar as apresentações, o estudante de Direito Hugo Fonseca disse que essa é uma “luta pelo direito de amar e pelo direito de ser quem nós somos”. Integrante do Honestinas, ele agradeceu a presença do público e informou que o respeito à diversidade é uma das principais bandeiras do movimento.

Também presente no encontro, o reitor Ivan Camargo enfatizou o papel da universidade na desconstrução de preconceitos. Mesmo acometido por forte gripe e contra indicação de seu médico, ele fez questão de comparecer ao debate. “Considero importantíssimo esse engajamento demonstrado na universidade. É uma prova do respeito à dignidade e à pluralidade em nosso meio”, afirmou. “Que essa reunião se repita para que a gente consiga transformar essa bandeira, assim como fizemos com muitas outras, em uma bandeira nacional”, disse.

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