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Por EcoD

“Não há cidade ou país no mundo em que mulheres e meninas possam viver livres do medo da violência”. A opinião é de Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile e atual diretora executiva da ONU Mulheres, agência criada pelas Nações Unidas no sentido de buscar políticas para a equidade de gênero.

Em artigo para o jornal O Globo de segunda-feira, 4 de março, Bachelet aponta que “nenhum líder pode dizer: isto não está acontecendo na minha área”. Ela lembrou que, em 2012, dois casos provocaram clamor público em seus países e no mundo: o assassinato de meninas estudantes e da ativista pela educação feminina Malala, no Paquistão, e o estupro por uma gangue num ônibus e posterior morte de uma jovem estudante de 23 anos em Nova Delhi.

Bachelet também observou que inúmeros casos semelhantes foram registrados em todas as regiões do mundo, mas não alcançaram as manchetes globais. “Andando nas ruas, usando transporte público, indo para a escola ou vendendo produtos no mercado, mulheres e meninas estão sujeitas à ameaça de violência ou assédio sexual. Esta realidade da vida diária limita a liberdade feminina para obter educação, trabalhar, participar da política — ou simplesmente se divertir em seus próprios bairros”, acrescentou.
A diretora executiva da ONU Mulheres destacou a realização do oitavo Fórum da Aliança Mundial das Cidades contra a Pobreza, realizado na primeira semana de março em Dublin (Irlanda), que reúne prefeitos a líderes do setor privado e da sociedade civil.

Cidades Seguras
Esta semana, em Dublin, cerca de 600 delegados — de prefeitos, líderes do setor privado e da sociedade civil —  se reuniram para discutir abordagens inovativas sobre como tornar as cidades inteligentes, seguras e sustentáveis.

Uma dessas abordagens é a iniciativa Cidades Seguras, uma parceria entre as Nações Unidas e governos municipais, comunidades locais e organizações, que trabalha para tornar o ambiente urbano mais seguro para mulheres e meninas. Lançada pela ONU inicialmente em cinco cidades-piloto: Cairo (Egito); Kigali (Ruanda); Nova Delhi (Índia); Quito (Equador); e Port Moresby (Papua Nova Guiné), a iniciativa foi estendida para mais de 20 cidades e continua a crescer.

“Uma das mais importantes lições que aprendemos é que cada cidade é única e requer uma resposta local. Isto só pode ser obtido por meio de um estudo com dados e provas, e participação dos membros da comunidade. Cidades fizeram ações para melhorar a iluminação e o design de ruas e prédios, treinaram e sensibilizaram policiais, passaram a contratar mais mulheres para a polícia. Estas ações práticas podem fazer um mundo de diferença”, defendeu Bachelet.

Diagnósticos
Um estudo diagnóstico em Nova Delhi, por exemplo, revelou que uma estratégia comum contra o assédio era simplesmente manter meninas e mulheres em casa. Uma menina explicou: “Se contarmos a nossos pais que sofremos assédio de rapazes, eles poriam a culpa em nós e diriam que a culpa é nossa. Eles poderiam até nos impedir de sair de casa.” Manter mulheres e crianças em casa não é uma solução. Moradores organizaram grupos comunitários para despertar a conscientização, reportar crimes e trabalhar com as autoridades para melhorar a segurança pública e a Justiça.

Em Quito, mulheres foram estimuladas a quebrar o silêncio sobre suas experiências através da campanha Cartas de Mulheres e isso motivou um estudo. O governo municipal ampliou as disposições contra a violência em relação às mulheres para incluir os espaços públicos. O governo recebeu cerca de 10 mil cartas.

Em Port Moresby, Papua Nova Guiné, 55% das mulheres que trabalhavam como vendedoras no mercado sofreram violência. Em resposta, autoridades locais estão trabalhando com uma associação de vendedoras para uma ação coletiva.

No Cairo, o governo nacional adotou auditorias sobre segurança das mulheres, nas quais as participantes identificam as condições de segurança em seus bairros, o que depois é incorporado ao planejamento urbano.

No Rio de Janeiro, comunidades estão identificando riscos para a segurança em dez das favelas da cidade. Mulheres e adolescentes treinadas usam seus smartphones para mapear riscos tais como infraestrutura ou serviços defeituosos, ruas escuras e problemas de iluminação. Essas conclusões iniciais foram apresentadas às autoridades locais e estão sendo usadas para a busca de soluções.

O Dia Internacional da Mulher será lembrado na sexta-feira, 8 de março.

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