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publicado dia 14 de agosto de 2013

Iniciativa em Chicago propõe que jovens explorem a cidade durante as férias

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As férias escolares nos Estados Unidos costumam durar três meses, aproveitando o verão, entre maio e setembro, dependendo do estado, para que os estudantes possam desfrutar do clima ameno. O grande bloco de tempo livre, no entanto, também pode ser usado para atividades que conectam a cidade, aprendizado, atividades extra-curriculares e até ganhos de créditos escolares.Essa é a aposta do programa Chicago Summer of Learning [Verão do Aprendizado, em tradução livre] da cidade de Chicago, Illinois, realizado pela prefeitura da cidade em conjunto com a MacArthur Foundation e mais de cem organizações da sociedade civil.

“Essas férias longas acabam por causar o ‘summer slump’ [queda na memorização dos conteúdos durante as férias], ou seja, os jovens passam o verão muito ociosos e a volta às aulas se torna revisão de conteúdos”, conta Sybil Madison-Boyd, coordenadora da Digital Youth Network, que participa da coordenação do projeto. Mas a iniciativa passa longe de repetir os moldes e currículos escolares: a ideia é engajar os estudantes em suas áreas de interesse e colocá-los em contato com organizações das mais diferentes áreas: moda, produção de vídeo, jornalismo, arquitetura, planejamento urbano, música, ciência e pesquisa.

A cada atividade vivenciada por um jovem, ele é premiado com um ‘badge’ [insígnia] que representa a habilidade adquirida naquele evento. O sistema, que parece mimetizar a estrutura de jogos de RPG online e do mundo do escotismo, espera se expandir. “A longo prazo, esperamos usar esses ‘badges’ para conectar crianças e adolescentes com pessoas e oportunidades de aprendizado, bolsas de estágio”, projeta Sybil.

Encontros

“Eu estava perdida, aí ouvi falar do assunto por alguns amigos e resolvi participar. É bem melhor do que ficar em casa sem fazer nada, limpando”, relata Aryanna Amos, 17, estudante do sistema público de ensino de Chicago e que esteve envolvida nas atividades da Kuumba Lynx, uma organização que visa, a partir da arte e do hip hop, estimular nos jovens criatividade, liberdade e consciência social. “É mais do que arte ou do que as pessoas entendem por arte. Conseguimos, nesse verão, nos articular com várias outras organizações e esperamos que isso siga frutificando passado o verão”, revela Tom Callahan, do Kuumba Lynx, que também trabalha como mentor do Summer of Learning.

O Summer of Learning se encerra no final desta semana, com o reinício do período letivo, e terá uma grande mostra do trabalho dos milhares de jovens que se engajaram durante as férias. E a avaliação, segundo os organizadores, não poderia ser mais positiva.

Para Sybil, o projeto é bastante ambicioso e tem ensinado bastante aos participantes. “São tantas oportunidades de aprendizado, tantas organizações em comunidades pobres sem ter como chegar aos estudantes, tantos jovens sem ter o que fazer. Isso aumenta a importância de armarmos essa rede de conexões ”, avalia a coordenadora. “A melhor coisa que fizemos foi mostrar para os adolescentes e suas famílias o tanto que há para fazer na comunidade.”

Em mais de uma oficina aberta na cidade, jovens que passavam pelo local viram o que estava acontecendo e se juntaram para participar. Foi também o caso da Chicago Architecture Foundation, que recebeu estudantes dispostos a repensar a estrutura de um parque na cidade. “É importante pois eles vão pensar um serviço público que eles próprios vão usufruir. São várias esferas de engajamento cívico que foram proporcionadas. E conseguimos fazer com que eles se apaixonassem pelo que estavam fazendo, pois eles próprios escolhiam o que fazer”, lembra Sybil, ao citar um jovem que, após participar das oficinas de arquitetura, começou a se articular com profissionais para planejar sua carreira.

Vozes jovens

Uma das atividades do Summer of Learning, elaborada em parceria com o projeto Brave New Voices [Admiráveis Novas Vozes] (BNV), criado em São Francisco na década de 1990, propunha um espaço para a construção de poesia e rimas entre jovens de comunidades em situação de vulnerabilidade. O projeto, que se espalhou pelos EUA e se tornou até programa televisivo da HBO, foi documentado pelos próprios adolescentes engajados.

“Muitos estudantes não tinham as habilidades para filmar, mas foi interessante ver como aprenderam a partir do interesse. E foram bastante ousados ao falar de assuntos políticos e sociais”, afirma Michael “Brother Mike” Hawkins, um dos tutores do projeto. “Eles realmente abraçaram os papeis de câmeras, editores, escritores e comunicadores comunitários”, reflete.

Para Hawkins, também foi importante a conexão de jovens com poetas, cantores de rap e profissionais para auxiliá-los na expressão de suas realidades. “Eles começaram a falar sobre as violências que sofrem: doméstica, econômica, policial, contra mulheres. Falaram sobre os desertos alimentares onde vivem, locais onde é impossível encontrar comida saudável e nutritiva. Mas também teve muita diversão, conversa e interação”, comenta.

“Foi bem cheio meu verão. Passei editando filmes, tirando fotos, fazendo designs, curtas. Fiz até uma adaptação de ‘500 Dias com ela’. Aprendi muita coisa”, ressalta Brandon Powns, 15, que se envolveu em atividades das mais diversas nesse verão. “Foi um jovem bem assíduo”, avalia Carolina Gonzales, coordenadora do projeto. Para Carolina, o Summer of Learning serviu como uma ponte entre organizações e jovens, que deixaram de apenas jogar vídeo-game nas férias.

“Foi excelente para os jovens e para a cidade. Desde robótica, trabalho social, visitas à museus. Os estudantes viram que há algo para todo mundo”, conclui.

Esta reportagem integra o especial de lançamento do Centro de Referências em Educação Integral, uma iniciativa de organizações governamentais e não governamentais que visa inspirar e apoiar a agenda de educação integral no país. A plataforma estará disponível a partir do dia 29 de agosto, no www.educacaointegral.org.br.

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