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publicado dia 4 de setembro de 2013

Software Livre: jovens no centro da produção de conhecimento

“Vivemos em uma sociedade cada vez mais dependente de sistemas digitais. E não falo somente de computadores, mas também de máquinas fotográficas, filmadoras, gravadores de áudio, caixas eletrônicos de bancos e até mesmo automóveis.”

A frase de Frederico Gonçalves Guimarães, professor e coordenador do Software Livre Educacional, uma plataforma digital que pretende difundir o ensinamento de códigos abertos no Brasil, não poderia ser mais esclarecedora sobre a avalanche de mudanças tecnológicas que o mundo vem atravessando desde os anos 1990, com o advento dos primeiros computadores pessoais.

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Formado por educadores e pessoas interessadas na discussão, o Software Livre Educacional é uma plataforma na internet que tem o objetivo de produzir, organizar e traduzir documentação sobre softwares livres que podem ser utilizados na área educacional. “Com a difusão da distribuição de computadores para as escolas, muitos professores sentiam falta de discutir formas educacionais de utilizá-los. Daí a necessidade de um lugar onde as pessoas se fizessem entender e pudessem discutir livremente essas questões”, explica Guimarães, coordenador da plataforma.

Clique aqui para acessar o Software Livre Educacional.

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Nesse contexto, a linguagem digital, cada vez mais presente no cotidiano das grandes cidades, também chega às escolas. Uma pesquisa realizada pela Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) mostrou que, ao usarem ferramentas tecnológicas educativas, alunos melhoraram em até 32% o desempenho em matemática e física, em comparação aos conteúdos trabalhados na sala de aula (leia mais aqui).

Entretanto, enquanto o uso da linguagem digital em espaços coletivos aumenta, ele ainda é dominado por softwares proprietários. Ao contrário dos softwares livres, eles não permitem que o usuário possa estudá-los, alterá-los, nem distribuí-los livremente, reforçando assim uma lógica de educação que vê o estudante apenas como consumidor da informação, e não como parte do processo de produção dela.

Para Guimarães, a lógica de desenvolvimento colaborativo dos softwares livres pode ajudar a produzir ambientes educacionais onde a relação entre quem ensina e quem aprende seja cada vez mais horizontal, produzindo espaços onde de fato há trocas de conhecimento e experiências. “A liberdade para estudá-lo, modificá-lo e distribuí-lo pode fazer com que as pessoas envolvidas no processo de aprendizagem se apropriem plenamente dessas tecnologias e comecem a produzir conhecimento, em vez de simplesmente consumi-lo”, declara o professor.

Desinteresse de escolas

A StartUp Cursos é um dos poucos lugares no país que oferece treinamento na área de programação de computadores para crianças. Localizado no Rio de Janeiro, o projeto oferece parcerias com escolas públicas da cidade para desenvolver habilidades tecnológicas de crianças e jovens. Nomeado “Caça Talentos do Teclado”, o programa oferece bolsas de estudo integrais a alunos da rede pública que se destacarem em workshop dado pela StartUp Cursos na escola.

Segundo o coordenador pedagógico do projeto, André Bechara, o conteúdo dado às crianças é diferente daquele dirigido aos adultos: o aprendizado é feito de forma lúdica e baseado na produção de jogos e personagens. Porém, ainda há pouco retorno no que diz respeito à inserção de aulas sobre produção de códigos e software livre nas escolas cariocas. Até agora, somente a Escola Municipal Pio X se interessou pelo curso.

“É uma escola mais aberta para esses tipos de atividades não tradicionais. Eles nos deram abertura e pudemos produzir o curso”, relata Bechara. Mas ele deixa claro que se trata de uma exceção. “Normalmente a gente não é nem atendido pelos colégios. Mesmo com a ideia de fazer um trabalho social, a dificuldade de estabelecer um contato é muito grande”, admite.

Ele vê como positivos os ganhos de aprendizagem que os alunos obtêm ao estudar códigos de programação, principalmente ao estimular o desenvolvimento de raciocínios lógicos. “São habilidades que, futuramente, servirão para qualquer área”, defende.

Para Guimarães, ao aprender programação, “a pessoa desenvolve habilidades como a ordenação de ideias e a criatividade”. Ele lembra que existem linguagens desenvolvidas especialmente para crianças, com comandos simplificados, como o site de desenvolvimento Scratch.

Exemplo europeu

Na Estônia, pequeno país do norte da Europa com pouco mais de 1,3 milhão de habitantes, um projeto do governo pretende fazer com que as escolas ensinem programação digital para crianças a partir dos seis anos. No país, conhecido por ter um enorme contingente de novas empresas de tecnologia (o Skype foi criado lá), as reuniões ministeriais são realizadas eletronicamente desde 2000 e os cidadãos podem votar pela internet desde 2005 – o software utilizado foi publicado online e divulgado como um programa de código aberto que pode ser copiado por outros países.

Contudo, ao contrário da Estônia, a educação feita a partir de softwares livres ainda é uma realidade distante para o Brasil – o desinteresse das escolas públicas cariocas é um exemplo disso. Para Guimarães, a questão não se restringe apenas a ensinar crianças a programar, é preciso fazer com que elas entendam a lógica de funcionamento e as linguagens do programa. “Isso só é possível quando se tem acesso ao código-fonte e liberdade para manipulá-los plenamente, algo que somente os softwares livres proporcionam”, afirma.

“É cada vez mais importante conhecermos e controlarmos essas tecnologias, sob o risco de, caso permaneçamos na ignorância, sermos controladas por elas. Ou por quem as controla”, conclui Guimarães.

Assista ao vídeo de Mitch Resnick, membro do MIT Media Lab (laboratório de pesquisa do Instituto de Tecnologia de Massachussets) e criador da plataforma Scratch. Em um discurso no TEDx Beacon Street, Resnick falou sobre a importância e a necessidade de ensinar programação de computadores e códigos livres para crianças e jovens.

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