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publicado dia 31 de outubro de 2013

Refugiados visitam e aprendem no parque mais antigo de São Paulo

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O Jardim da Luz é o parque mais antigo de São Paulo. Aberto ao público em 1825, o local tem uma extensão de 113 mil m² – considerado pouco pelo sul-africano Christian*. “No meu país, essa área seria apenas um jardim. Na África, os parques são imensos, abertos e têm muitos animais”, conta o estrangeiro de 31 anos, que há quatro meses está no Brasil em busca de oportunidades de trabalho.

Christian é um dos cerca de 20 solicitantes de refúgio que participam do Trilhas da Cidadania, projeto que promove a integração de imigrantes e solicitantes de refúgio através do ensino da língua portuguesa e de aspectos culturais e de cidadania do país.

A Convenção de 1951, relativa ao Estatuto dos Refugiados, determina que são refugiados as pessoas que se encontram fora do seu país por temerem perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, opinião política ou participação em grupos sociais, e que não possa (ou não queira) voltar para casa. Definições mais amplas passaram a considerar como refugiados as pessoas que são obrigadas a deixar seu país devido a conflitos armados, violência generalizada e violação massiva dos direitos humanos.

Os refugiados devem usufruir dos mesmos direitos e da mesma assistência básica que qualquer outro estrangeiro residindo legalmente no país, incluindo direitos fundamentais inerentes a todos os indivíduos. Portanto, os refugiados gozam dos direitos civis básicos.

Criado em agosto de 2012 – por meio de uma parceria entre a Associação Cidade Escola Aprendiz, a Editora Moderna e a Caritas Arquidiocesana de São Paulo –, o projeto dura quatro meses e oferece três aulas semanais aos solicitantes de refúgio que chegam à cidade sem falar português e com dificuldades para conseguir emprego. As aulas acontecem no Museu de Arte Sacra de São Paulo, um dos apoiadores do projeto.

O aprendizado, entretanto, não ocorre apenas dentro da sala do museu. Durante a experiência, os imigrantes visitam espaços públicos de São Paulo, onde aprendem sobre a história e a importância daquele lugar; este ano, conheceram o Pátio do Colégio, o Museu da Língua Portuguesa, o Centro de Apoio ao Trabalho (CAT) e ainda visitarão a Pinacoteca do Estado.

Jardim da Luz

Na manhã desta terça-feira (30/10), dez solicitantes de refúgio visitaram o Jardim da Luz, onde fizeram um passeio guiado, um piquenique e atividades lúdicas. Além disso, puderam interagir com quem estava no parque a passeio.  “O Trilhas oferece apoio para que essas pessoas possam realizar suas conquistas como cidadãos em um novo país”, afirma Wendy Villalobos, que trabalha como gestora da iniciativa.

De acordo com dados do CONARE (Comitê Nacional para Refugiados), atualmente o Brasil possui 4.689 refugiados reconhecidos, que vieram de 79 países. Desse total, 36% são mulheres. É o caso de Elène, que chegou de Serra Leoa há quatro meses e hoje trabalha de cozinheira na Casa Verde, bairro da zona norte de São Paulo. Ela encontra tempo para preparar seus cookies e participar do Trilhas.

Outra participante do projeto é Monique, 39, natural da Libéria. Ela deseja ser professora de crianças na educação infantil, atividade que exercia em seu país, e apresenta rápida evolução no entendimento da língua portuguesa. Além dos países já citados, participaram do passeio solicitantes de refúgio da Nigéria e também do Sri Lanka.

Não é apenas a origem africana que a maioria deles tem em comum, mas também o desejo de encontrar uma oportunidade de vida longe dos conflitos armados que atingem muitos de seus países. “Viemos para o Brasil pois é um país tranquilo e até mesmo parecido com nossas origens”, reflete Christian, formado em Direito.

A escolha pelo Brasil se deu, de acordo com eles, por meio de notícias na internet e na televisão sobre a valorização da economia do país. Isso reforça o dado levantado pelo CONARE, que aponta que 66% dos refugiados estão na região sudeste do país, onde se concentra a riqueza e o desenvolvimento.. Ao afirmar que sente saudade da Nigéria, Kwame revelou: “Casa é casa. Mas quero viver, não morrer”.

Explorando a cidade

Durante o passeio, os imigrantes tiveram a oportunidade de escutar sobre a história do parque mais antigo da cidade, o coreto, a casa de chá e o museu do local. Ficaram curiosos quando informados que havia um ponto de bonde ali dentro, e puderam também conhecer a árvore que deu origem ao nome do país que escolheram para se refugiar: o pau-brasil.

Um grupo de alunos da rede escolar SESI, ao tomar conhecimento da excursão dos imigrantes, parou para fazer perguntas e tirar fotos. Dispostos a aprender a língua portuguesa e a história cultural da cidade de São Paulo, os solicitantes de refúgio afirmam que pretendem conseguir emprego para se estabelecer de vez no Brasil.

Segundo Wendy, a maior parte dos alunos está em uma etapa inicial da solicitação de refúgio. Em 2012, o Brasil aprovou 199 pedidos de refúgio.

*Todos os nomes são fictícios.

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