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publicado dia 18 de dezembro de 2013

Ecomuseu se funde com escola e comunidade em Maranguape

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O casarão que abriga o Ecomuseu.

Perto de Fortaleza, Maranguape se espraia para o semi-árido. Nos arredores da cidade, o distrito de Cachoeira guarda com carinho sua história. Uma velha fazenda de um português, construída por escravos em meados século 19, foi comprada na década de 70 por um  grupo de agricultores que até hoje dividem os 300 hectares. Não é pública, nem privada: é uma terra coletiva.

Dos anos 90 para cá, influenciados por movimentos ambientalistas e pela Eco 92 – Conferência Mundial sobre o meio ambiente realizada no Rio de Janeiro -, começou a ser engendrada a ideia de um centro cultural comunitário, que funcionaria no lugar do antigo casarão colonial, de sua capela e seu açude, que já haviam servido de moradia, locação para filmes e estavam, por fim, quase tombados – pelo tempo, não pela Unesco.

Deste caldeirão surgiu, por meio de uma parceria com a ONG Fundação do Trabalho Educacional com Recursos Renováveis e Arte (Fundação Terra), a ideia do Ecomuseu de Maranguape, uma iniciativa de ecomuseologia comunitária .

“O Ecomuseu remonta a questão do movimento da nova museologia, que muda o referencial em relação ao museu tradicional que tem a centralidade no objeto. Já na nova museologia, o centro é o sujeito, a comunidade, o território e o patrimônio cultural. Todos eles a serviço do desenvolvimento local”, explica Nádia Helena, da coordenação dos projetos de educação do Ecomuseu, que recebe recursos por meio de editais dos Pontos de Cultura, Juntos pela Educação e Instituto Oi Futuro.

Público sujeito

“O público alvo não, o público-sujeito”, confunde Nádia para em seguida esclarecer. “Desde o começo o ‘público-sujeito’ foram as crianças, jovens e adolescentes do local”. Com aproximadamente 1500 habitantes, dos quais cerca de 400 têm até 18 anos, a coordenadora acredita que o município de Cachoeira aprendeu a crescer com a iniciativa.

“Com o Ecomuseu a comunidade interage mais com o global. Vamos abrindo horizontes maiores e as pessoas vão mudando seu sistema de crenças ao mesmo tempo em que fortalecem o que há de cultural, popular e tradicional”, reflete Nádia. O acervo do projeto é preparado continuamente pelos moradores e estudantes, através de pesquisas escolares.

Dentro do casarão é possível encontrar fotos, exemplares de espécies, artefatos históricos. Toda curadoria é feita por quem é de lá. Na parte externa, o visitante pode percorrer trilhas e conhecer a história natural do local, sua vegetação, fauna e povo. Passando por antigas edificações, paisagens de floresta e semi-árido, é possível mergulhar na realidade de Cachoeira.

Além disso, também existem oficinas de patrimônio cultural, artesanato, permacultura e cultivo de alimentos orgânicos, que corresponde a uma das principais atividades econômicas do município. Ao longo do ano, também acontece a Festa do Feijão Verde, que celebra a culinária local e a poesia dos trovadores. A Farinhada, típica festa da região, também entrou no roteiro cultural do museu vivo.

Pilares

A Escola Municipal José de Moura, localizada em Cachoeira, também entrou de cabeça na jogada, afinal, ao lado da cultura e do meio ambiente, a educação é um dos pilares do Ecomuseu. “O projeto entrou em definitivo na vida escolar. Todo o público da escola, educadores, estudantes e funcionários, passam a integrar as atividades de educação integral. O Ecomuseu se estende para escola e a escola para eles, misturando o espaço físico, os tempos e ativos de aprendizado”, afirma Nádia.

A inspiração veio do Projeto Âncora, em Cotia (SP), da Escola da Ponte, em Portugal, e demais iniciativas de educação democrática e voltadas para a autonomia dos sujeitos. Em 2014, o escola adotará um modelo de gestão horizontal e os estudantes poderão elaborar seus roteiros de aprendizagem, que irão contribuir com seus produtos e pesquisa para o acervo do museu.

“Imagina tudo isso em uma comunidade rural! Estamos super inspirados. Depois desses três anos sentir que está avançando e caminhando nas mudanças de paradigma, de forma mais amorosa, afetiva e com espaços de autonomia. É muito gratificante para todos”, conclui Nádia.

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