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publicado dia 23 de janeiro de 2015

#OccupyPlayground: Crianças do Quênia ocupam e recuperam terreno usurpado de escola

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“Ele deveria se envergonhar. Onde vamos brincar agora? Sem brincar, não há educação”. A frase lúcida de um jovem queniano aparece em um vídeo publicado nesta segunda-feira, 19/1, no Facebook com o nome de #OccupyPlayground. De autoria do ativista Boniface Mwangi., o vídeo rapidamente viralizou, ao mostrar a luta das crianças pela recuperaçao de um terreno, apropriado ilegalmente durante as férias escolares para virar um estacionamento de hotel.

Clique aqui para assistir o vídeo da ação policial contra as crianças

O terreno, usado para a prática esportiva e brincadeiras, é apenas um pedaço de terra sem qualquer estrutura. Mas era crucial para os jovens oriundos da favela de Kibera, a quem a escola serve. Na volta às aulas, estava completamente murado.

Os estudantes organizaram, ao lado de professores, diretores, ativistas e ex-alunos, um protesto no dia 19/1, data em que também se celebra, nos EUA, o dia de Martin Luther King. Armados de gravetos, para simbolizar a paz, foram duramente reprimidos – com gás e cães – pela polícia.

Mais tarde, voltaram e derrubaram – com as próprias mãos – o muro e recuperaram o direito ao terreno gritando “Haku yetu” (“É nosso direito”, em Kiswahili) e começaram a jogar futebol. A polícia voltou a atacar e tentou prender os manifestantes.

No dia seguinte, a questão tomou proporção nacional, levantando discussões sobre apropriações ilegais de terra e violência policial. O Ministro do Interior do Quênia, Joseph Nkaissery, visitou a escola nesta terça-feira e se desculpou com os alunos, dando 24 horas para a empreiteira sair do terreno. O presidente do país, Uhuru Kenyatta, descreveu o incidente como deplorável.

“Uma criança reconhece uma injustiça quando a encontra e reage, como todos nós. Eu acredito que as crianças conseguiram essa justiça”, pondera, em artigo no Guardian, Mwangi. Ele também critica o uso excessivo de força e pede investigação daqueles envolvidos na brutalidade policial.

Mwangi lembra que 46 escolas tem litígios sobre a situação de seus terrenos. A cada dez visitadas, ao menos uma tinha disputa com construtoras, organizações religiosos e assentamentos ilegais.

“Agora, celebramos a vitória. As crianças tem seu espaço de brincar e se a declaração do presidente for verdadeira, elas não perderam mais o espaço. Essa ação nos lembra a todos que podemos recuperar o que nos foi roubado, desde que tenhamos a coragem de lutar por isso”, conclui o ativista.

 

 

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