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publicado dia 8 de abril de 2015

Especialista defende ampliação do direito à cidade para deficientes visuais

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Desde 2008, funciona no número 18 da Travessa Antônio Bessa o Centro de Apoio ao Deficiente Visual de São Gonçalo (RJ). Com a finalidade de proporcionar uma vida autônoma e digna aos deficientes visuais, o local oferece atendimento psicológico, fonoaudiólogo e fisioterapêutico aos interessados, além de oficinas de dança, teatro, musicoterapia e um laboratório para o ensino de informática.

Neste Dia Nacional do Braille (8/4), comemorado no país desde 2010 em homenagem a Louis Braille – criador de um sistema de leitura para cegos por meio do tato – e a José Álvares de Azevedo – primeiro professor cego do Brasil, nascido em 8 de abril de 1834 –, a coordenadora técnica do Centro de Apoio, Garrolici Alvarenga, batalha justamente para desmistificar o papel do Braille na educação inclusiva de deficientes visuais.

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“Esse sistema de leitura continua importantíssimo para os cegos. Porém, a jornada que antecede o aprendizado do Braille é muito grande, e gostaria de enfatizar a importância do sujeito cego adquirir conhecimento de maneira integral e acesso aos serviços públicos de sua cidade”, comenta.

Oficina de música é uma das atividades do Centro de Apoio ao Deficiente Visual de São Gonçalo.
Oficina de música é uma das atividades do Centro de Apoio ao Deficiente Visual de São Gonçalo.

De acordo com o último Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem no Brasil cerca de seis milhões de deficientes visuais. Desse total, apenas 10% é alfabetizado em Braille, segundo a Fundação Dorina Nowill para Cegos.

Garrolici é mãe de Adahil, que nasceu prematuramente e foi diagnosticado com cegueira quando tinha apenas quatro meses. “No Brasil, existe uma visibilidade da causa apenas entre aqueles que estão envolvidos com os deficientes. De resto, nada”, afirma, ressaltando a necessidade de divulgar, reconhecer, informar e formar a sociedade acerca do tema.

De que vale a pessoa saber ler em Braille e ter dificuldade para pegar o ônibus para o trabalho ou para a escola? Ou tropeçar na calçada esburacada? Ou não saber em que momento atravessar a rua?

“Na vida cotidiana, ninguém pede o Braille para o cego. Tanto o sistema educacional como as políticas públicas precisam ser dirigidas para a real inclusão dessas pessoas na rotina da cidade”, argumenta Garrolici, que também participa do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Processos, Produtos e Inovação Tecnológica para o Ensino de Deficiente Visual da Universidade Federal Fluminense (NDVIS-UFF).

Recursos tecnológicos, como a sinalização sonora de travessia de cruzamentos, e mais informação sobre a deficiência visual são apontados como possíveis soluções para a questão. Ela reclama que em Niterói, cidade vizinha a São Gonçalo, são colocadas placas e até vitrines de lojas nas calçadas com piso tátil para o cego se guiar. Muitas vezes elas servem de espaço para todo tipo de comércio.

 

“Se em cidades grandes é assim, imagina no interior”, reclama, ressaltando que a prefeitura de Casimiro de Abreu, no interior carioca, possui um projeto de acessibilidade. Ela ainda elogia a criação, em 2010, da Superintendência da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Urbana, na cidade de Uberlândia (MG). Uma das ações do órgão, que articula políticas públicas para pessoas com deficiência e orienta ações municipais de acessibilidade, foi garantir uma frota de transporte público 100% acessível.

“Se o acesso à cidade não for total, a pessoa cega nunca terá a autonomia tão desejada.”

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