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publicado dia 7 de maio de 2015

5 cidades educadoras que transformaram suas realidades locais pelo aprendizado

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Atualmente, 470 cidades de 36 países, se reconhecem como cidades educadoras e estão  organizadas em rede pela Associação das Cidades Educadoras (AICE), que em sua carta fundante, defende que as cidades têm um potencial educativo em estado bruto, que precisa ser ativado. Fora da AICE, outros municípios também se colocaram o desafio de articular espaços, pessoas e ações em torno de processos de aprendizagem que primam pelo desenvolvimento integral de seus habitantes.

Para ilustrar essas dinâmicas, e talvez, inspirar novos rumos para nossos espaços urbanos, o Portal Aprendiz listou cinco cidades, que pararam para pensar sobre si, sobre sua história e caminhos, e afirmar suas vocações e características como potencial educativo. Rosário, na Argentina, Santos, Sorocaba e Maranguape, no Brasil, e Barcelona, na Espanha, são apenas alguns exemplos do que é possível fazer de nossos municípios.

Confira!

1) Rosário, Argentina

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A terceira maior cidade da Argentina, Rosário, decidiu em 1996 tornar-se uma cidade educadora. A decisão – que partiu do poder público – acompanhou um redesenho profundo na maneira como as políticas públicas da cidade passaram a ser desenvolvidas.

“Começamos com uma descentralização institucional, com a ideia de que era necessário ter um governo mais próximo e amigável. Também se desenvolveram muito as políticas sociais, de maneira integrada com transportes e lazer, sempre tendo em mente a necessidade de oferecer aos mais vulneráveis oportunidades iguais”, explica Laura Alfonso, diretora do Escritório Regional da América Latina para a AICE.

Rosário também trabalhou com a criação de espaços culturais e de brincar, escolas de música, integração de práticas esportivas com promoção social, fortalecimento de instituições de bairro, economia social, hortas urbanas, aproximação entre educação, saúde e cultura. Para Rosário, tudo isso passou a fazer parte de uma política de educação que transcende o dia a dia da escola para refletir e impactar o cotidiano do município.

Além disso, a cidade adotou o modelo de orçamento participativo, já experimentado em muitas cidades brasileiras, que tem representado uma oportunidade de engajamento e aprendizado para todos os envolvidos. “Construímos também um Conselhos das Crianças, nas quais nossos jovens são instados a pensar que cidade querem e a oferecer ideias para o poder público”, revela Laura.

A proposta de Rosário busca enfrentar um desafio comum a várias cidades: reduzir as desigualdades e aprofundar a democracia. “É importante que nos sintamos responsáveis pelo nosso entorno, pela nossa vida política e cidadania. E uma Cidade Educadora tem que ser inclusiva, para que todos tenham seu direito à cidade garantido, para que cresçamos juntos”, conclui Laura, que organiza o próximo encontro internacional de Cidades Educadoras, que acontecerá em Rosário.

2) Santos (SP)

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Com o maior porto da América Latina, Santos, no litoral paulistano, teve – e tem – uma importância enorme para o Brasil. Ponto de chegada de milhões de pessoas no país, assim como importante local para escoamento de mercadorias, a cidade – uma das mais antigas do país e com um dos maiores percentuais de idosos – resolveu assumir sua vocação de cidade educadora, reforçando a ideia de se aprende ao longo de toda a vida.

Para concretizar essa proposta, a Secretaria de Educação do município investe em políticas públicas que fortaleçam a ligação da comunidade com a escola, como “Santos da Gente”, que visa apresentar a cidade, seu patrimônio histórico e cultural, para os estudantes. Aproveitando o fato de que cerca de 19% da população da cidade é composta por idosos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade desenvolveu o projeto “Vovô Sabe Tudo”, que leva idosos para participar da educação como condutores de bondes, contadores de história e cuidadores de hortas comunitárias.

O incentivo à formação de grêmios escolares e uma Câmara Jovem buscam fortalecer os espaços de participação voltados para crianças e adolescentes, além de permitir que eles se envolvam ativamente nos debates sobre o futuro da cidade.

“Também tentamos abrir a escola para a comunidade, fazendo ela um ponto para serviços de saúde, prestação de serviços e emissão de documentos”, aposta Venuzia Fernandes, secretária de Educação de Santos.

3) Sorocaba (SP)

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Há 90 km da capital paulista e com, aproximadamente, meio milhão de habitantes, Sorocaba decidiu aliar saúde e educação para repensar seu espaço e desenvolvimento. Reconhecida pela Unesco desde 2010 como uma Cidade Educadora, o município de Sorocaba (SP) criou em 2005 o programa “Cidade Educadora, Cidade Saudável”, congregando esforços da Secretaria de Educação com as de Saúde, Esporte, Lazer, Cultura e Cidadania, além da pasta de Segurança, para transformar a localidade em um vetor de qualidade de vida.

Uma reforma urbana foi executada, visando a construção de parques, praças, plantio de árvores, ciclovias, academias ao ar livre e a despoluição do rio Sorocaba. A partir daí, estabeleceu-se um sistema pedagógico ancorado em três pilares: aprender a cidade, aprender na cidade e aprender com a cidade. Como toda mudança, a proposta exigiu a qualificação dos educadores e a criação de roteiros pedagógicos que envolvessem as escolas e espaços.

Trilhas Educativas foram adotadas para que os professores criassem percursos pedagógicos pela cidade e se entendessem como mediadores de conhecimento. Com a tarefa de repensar a educação, os profissionais acabavam por rever também seus papéis.

4) Barcelona, Espanha

Barcelona é conhecida por ser a primeira cidade do mundo a se declarar uma “Cidade Educadora”, apostando nos espaços públicos e na articulação de diferentes setores para garantir a educação integral de suas crianças e adolescentes. Um dos exemplos mais claros dentro da capital Catalunha, se dá na formação dos Território Educativo de Ciutat Vella, distrito histórico e lar de 122 nacionalidades, mais de mil organizações sociais, 49 escolas e de uma cultura de participação social enraizada na comunidade.

A concretização do Território Educativo de Ciutat Vella pode ser vista no dia a dia de escolas e organizações e, claro, nas ruas. Do modo como as famílias se relacionam com as instituições de ensino e suas propostas pedagógicas; passando pela conexão entre organizações sociais e escolas, à frequência com que estudantes ocupam e fazem uso dos espaços público.

O projeto “Apadriño”, por exemplo, busca aproveitar o que o bairro – e seus equipamentos culturais, pessoas e lugares – têm de melhor em favor das escolas. “Queremos que isso influa no currículo escolar e no projeto educativo para que os alunos não olhem os museus, teatros e aparelhos culturais como OVNIs, mas como parte de um território que eles podem acessar”, aponta Iolanda Fresnillo, diretora da ONG Tot Raval.

Recentemente, foi firmada uma parceria entre uma escola de música e uma instituição de ensino, na qual as crianças aprendem a ‘batucada’ e relacionam com a matemática que aprendem em sala. “O nosso objetivo principal é gerar redes que facilitarão a convivência intercomunitária. Esse é o aspecto mais importante: a ideia de que todos somos corresponsáveis pela educação.”

5) Cachoeira – Maranguape (CE)

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Perto de Fortaleza, o município de Cachoeira abriga o distrito de Maranguape, e nele, seu Ecomuseu comunitário, sediado num antigo casarão que hoje faz parte de uma terra coletiva.  A comunidade rural tem cerca de 1500 habitantes, dos quais 400 têm até 18 anos e, desde 2010, eles vêm experimentando como podem aprender juntos em diálogo com o território.

“Com o Ecomuseu a comunidade interage mais com o global. Vamos abrindo horizontes maiores e as pessoas vão mudando seu sistema de crenças, ao mesmo tempo em que fortalecem o que há de cultural, popular e tradicional”, reflete Nadia Helena, da coordenação dos projetos de educação do Ecomuseu. O acervo do projeto é preparado continuamente pelos moradores e estudantes, através de pesquisas escolares.

A cidade aprendeu, com seu passado de cooperação para garantir as colheitas e a posse da terra, a trabalhar em conjunto e resolveu também levar esforço para a educação de suas crianças, jovens e adolescentes. A Escola Municipal José de Moura, localizada em Cachoeira, entrou de cabeça na jogada, afinal, ao lado da cultura e do meio ambiente, a educação é um dos pilares do Ecomuseu.

“O projeto entrou em definitivo na vida escolar. Todo o público da escola, educadores, estudantes e funcionários, passam a integrar as atividades de educação integral. O Ecomuseu se estende para escola e a escola para eles, misturando o espaço físico, os tempos e ativos de aprendizado”, afirma Nádia.

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