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publicado dia 8 de julho de 2015

Em MG, encontro sobre agroecologia promove troca de saberes entre camponeses e universitários

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Dentro da agricultura, conceitos como agronegócio e agroecologia possuem significados díspares. Enquanto o primeiro se concentra no viés econômico e produtivista do setor agrícola, priorizando as relações comerciais e industriais da cadeia produtiva, o segundo tem como base a sustentabilidade da produção rural, relacionada à ecologia e sempre respeitando os ciclos da natureza.

Durante os próximos dias, esse contraponto marcará presença no campus da Universidade Federal de Viçosa (UFV), no interior de Minas Gerais. Ao mesmo tempo em que ocorre a 86ª Semana do Fazendeiro, entre os dias 12 e 18/7, reunindo profissionais, técnicos e grandes empresas agrícolas do Brasil, será realizado a sétima edição da Troca de Saberes, evento voltado a agricultores familiares, camponeses e estudantes da região.

Apoiada pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, a Troca de Saberes é organizada em parceria do Programa Teia com a Assessoria de Movimentos sociais da UFV, o Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), as Escolas Famílias Agrícolas e os Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STRs), entre outros.

A partir do dia 10/7 (sexta-feira), a Troca de Saberes buscará consolidar um intercâmbio de conhecimento através da ressignificação das relações da universidade com a sociedade, fortalecendo as dimensões culturais presentes do debate acerca da agroecologia. “A Troca tem uma proposta popular, no sentido de incluir agricultores familiares que não têm o devido acesso aos cursos universitários ou aos conhecimentos acadêmicos”, afirma Cacá Teixeira, professora do Departamento de Educação da UFV e colaboradora do curso de licenciatura em Educação no Campo. “Os agricultores participam como detentores de conhecimentos ligados à agroecologia e à vida e cultura do campo.”

Além de socializar os resultados de pesquisas acadêmicas relevantes, o evento quer estabelecer um diálogo entre a academia e os agricultores familiares, possibilitando a apropriação do espaço universitário pela comunidade. “Isso faz com que os saberes agroecológicos se ampliem para além dos sujeitos envolvidos com o movimento de agroecologia”, aponta Cacá.

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A troca de conhecimentos começa antes mesmo da abertura oficial, durante a construção do palco principal do evento. Todo de bambu, o espaço está sendo montado coletivamente. Dentre as atividades programadas, destacam-se uma feira de sementes e produtos agrícolas (“todos sem veneno”, segundo Cacá), rodas de conversa, oficinas, lançamentos de livros e apresentações culturais. Ao final do evento, uma passeata sairá do campus até a cidade, em prol da agroecologia e por uma vida mais saudável.

Durante o evento, instalações artístico-pedagógicas serão o principal instrumento de efetivação da troca entre a sabedoria popular e o saber universitário. A ideia é criar um ambiente que suscite problematizações e reflexões acerca do tema, intervindo no próprio espaço da universidade. Haverá ainda círculos de cultura que, baseados na metodologia de Paulo Freire, pretendem reunir diversas manifestações culturais da região, como a folia, o congado, a capoeira e a contação de histórias, entre outros.

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Responsável pela oficina sobre brincadeiras populares, que discutirá o brincar no campo e na cidade, Cacá é cética quanto à situação da educação praticada nas zonas rurais do Brasil. “Vivemos um momento grave, de esvaziamento do campo e fechamento de pequenas escolas rurais”, lamenta. “A Troca é importante para dar luz a um importante movimento contra-hegemônico, que acumula forças e conhecimento e valoriza o campo e os modos de vida rural, dando condições das pessoas se manterem no campo com dignidade.”

Segundo a professora, a UFV tradicionalmente está ligada ao agronegócio, e a Troca de Saberes emerge como um contraponto, que mostra a força e o poder da agroecologia. “É uma maneira de a universidade ficar mais diversa. A Semana do Fazendeiro tem trator, máquina, adubo; já a Troca de Saberes traz diversidade e mostra outra realidade, outro lado da agricultura”, comemora.

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