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publicado dia 4 de maio de 2016

Guia do Espaço Público decodifica ferramentas para ocupações urbanas

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São idos os tempos que São Paulo era vista apenas como um monolito impermeável, com um espaço público árido e nada além do cinza no horizonte. Pouco a pouco, ativistas, coletivos e cidadãos estão criando raízes nas ruas e praças da cidade outrora proibida. E se ainda não se superou a lógica dos muros de uma metrópole desigual e segregada, cada vez mais esse modelo vem sendo posto em cheque.

“Estamos no limite”, defende Paola Caiuby Santiago, do Conexão Cultural. “As pessoas não aguentam mais viver numa cidade de passagem. Elas querem experimentar sua cidade e se sentir em espaços inspiradores, abertos”. Para Beatriz Vanzolini, da Associação Bela Rua, há uma nova lógica de planejamento urbano em curso, que tira o foco dos automóveis e viadutos, e o volta para as pessoas. “O povo está na rua e, se antes ninguém pensava no espaço urbano, agora essa é uma consciência dada. E isso é um ganho permanente”.

Guia traz passo-a-passo para desmistificar medos e mostrar caminhos de ocupações do espaço público.
Guia traz passo-a-passo para desmistificar medos e mostrar caminhos de ocupações do espaço público.

Paola e Bianca são algumas das pessoas por trás deste movimento, amplo e espontâneo, que foi organizado na publicação “Guia do Espaço Público”, realizada pelo Conexão Cultural e pelo Bela Rua com apoio do edital “Concurso de apoio a projetos de conteúdo cultural no Estado de São Paulo”, do Programa de Ação Cultural, que chega à segunda edição, agora em papel.

Lançado na noite desta terça-feira (4/5), em Pinheiros, o guia traz o acúmulo das formações que as organizações tiveram com a ONG nova-iorquina Project For Public Spaces, que há quarenta anos trabalha na ativação de espaços públicos com participação social e que cunhou o termo “placemaking”, ou seja, “fazer lugares”.

Oito princípios para criar espaços públicos ótimos, segundo a publicação:

1) O especialista é a comunidade;
2) Vá além do design: crie um lugar;
3) Encontre parceiros;
4) Observe e tenha uma visão para o espaço;
5) Comece com o básico: simples, rápido e barato;
6)Eles sempre dizem: “isso não pode ser feito”;
7) Dinheiro não é problema;
8) Você nunca terminou.

“Nós fizemos o guia ano passado, somente na versão online, e tivemos muita procura, então resolvemos atualizar e adaptar a metodologia para o Brasil, partindo do que vimos que funciona e do que não em nossa realidade”, relata Paola Caiuby Santiago, uma das criadoras da proposta. “As pessoas e comunidades querem ocupar as ruas, mas muitas vezes não sabem como, temem, não sabem o que pode e o que não pode. Esperamos que isso ajude na expansão de eventos culturais, de feiras livres, cinemas ao ar livre e ruas de lazer”, aposta.

Para tornar palpável os sonhos de quem quer ocupar as ruas da cidade, o livro traz um completo glossário de técnicas e termos de tomada da cidade, assim como inventaria iniciativas pioneiras nesta área, com referências de artistas, como Eduardo Srur, ações, como os Curativos Urbanos e ocupações permanentes de espaço, tais quais os esforços do A Batata Precisa de Você, além de espetáculos que usam o urbano de palco, caso da Trupe Sinha Zózima e o Esparrama na Janela.

"Pessoas querem viver experiências inspiradoras, ao ar-livre", acredita criadora do Guia.
“Pessoas querem viver experiências inspiradoras, ao ar-livre”, acredita criadora do Guia.

Segundo Juliana Barsi, urbanista, também do Bela Rua, há a esperança de que essas iniciativas possam ajudar a mudar a cidade e, com isso, os cidadãos que ela forma. “As pessoas viviam aflitas, com medo da segurança, fechadas em condomínios, casas e em bolhas. Isso tem impactos na subjetividade e na existência dessas pessoas. Acho que num mundo cada vez mais intolerante, colocar as crianças e as pessoas num espaço público agregador pode ajudar na formação de cidadãos mais tolerantes e abertos às diversidade”, finaliza.

Clique aqui para baixar o Guia do Espaço Público, também disponível em versão totalmente acessível.

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