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publicado dia 12 de maio de 2016

UNESCO: “Educação do séc. XXI deve preparar jovens para mudanças globais”

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Dizer que estamos todos conectados há muito não é apenas força de expressão ou algo místico. Cada vez mais, os efeitos de uma ação em qualquer parte do mundo não apenas podem ser percebidos, como compartilhados. Mudanças na economia, na política e na sociedade se transmitem com rapidez vertiginosa entre as nações e ações de solidariedade demandam respostas e respeito. Além disso, estamos todos e todas sob o mesmo céu, sentindo os efeitos das mudanças climáticas.

Para lidar com as dinâmicas de uma realidade que se transforma e enfrentar os desafios de promover a igualdade e respeitar a diversidade, foi lançado nesta quinta-feira (12/5), durante o “Seminário Internacional Educação para a Cidadania Global”, realizado pela Fundação Santillana, pelo El País e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a publicação “Educação para a cidadania global – Preparando alunos para os desafios dos século XXI”.

A publicação é consonante com a Agenda do Desenvolvimento Sustentável 2030, uma série de ações propostas pela Organização das Nações Unidas (ONU) no ano passado como compromisso entre os países signatários. Nela, constam temas como: igualdade de gênero, erradicação da pobreza e da fome, produção de fontes de energias limpa, respeito à diversidade humana e ação global contra o aquecimento global.

“Cidadania global tem muito a ver com o desenvolvimento de uma educação de qualidade. E nós acreditamos que uma educação de qualidade irá, necessariamente, empoderar sujeitos para agir por mudanças globais”, acredita Maria Rebeca Otero Gomes, coordenadora do Setor de Educação da Unesco no Brasil.

Visão integral

A especialista da UNESCO, Cecília Barbieri, explica que os compromissos estabelecidos pela educação para a cidadania global partem de uma reavaliação dos desafios da educação e da necessidade de aprimorar sua qualidade. Conquistar isso, ressalta Cecília, passa por construir uma educação baseada em valores humanísticos, que promova a igualdade, os direitos humanos, a cultura e respeite, acima de tudo, a identidade dos sujeitos.

“Educamos para um mundo confuso. Nossa esperança é abrir esse mundo para a chegada do novo e do que não somos capazes de imaginar. Isso faz parte de uma estratégia global, que vê que a paz não depende de tratados, mas da nossa capacidade de criá-la. Que entende que é necessário formar sujeitos autônomos capazes de cuidados globais e de promover um mundo melhor para todos e todas”, aposta Barbieri.

Para ela, isso é um sentimento que já emana dessa nova juventude, conectada, preocupada com o planeta e que quer agir ativamente na construção de alternativas para os desafios da contemporaneidade. “A nova educação tem que refletir isso. Ela tem que ser holística, integral e capaz de entender a realidade dos alunos. Isso não é manual, mas uma carta de intenções que deve ser adaptada a cada contexto”, propõe.

Educação brasileira e crise política

O diretor da Fundação Santillana, André Lazaro, louvou a iniciativa e chamou os educadores presentes na plateia a escutaram as vozes dos estudantes que ocupam suas escolas ao redor do país, pois eles tomam, ativamente, o papel de transformar a educação em suas mãos.

“Eu cresci educado durante a ditadura. Por mais que os conteúdos pudessem libertar, eles eram passados de forma autoritária. Hoje, temos que lutar contra essa visão que enxerga o estudante apenas como um receptor de conhecimento”, afirmou Lázaro, que também criticou o modelo de bonificação para professores por desempenho estudantil – medida anunciada no programa para a educação de Michel Temer -, que qualificou como “financeirização da educação”.

César Callegari, conselheiro do Conselho Nacional de Educação e ex-secretário municipal de Educação de São Paulo, afirmou ver em curso, na Base Nacional Comum Curricular, que deverá ser aprovada até junho deste ano, um diálogo com os princípios elaborados pela UNESCO. Para ele, a Base pode ajudar na formação de docentes mais qualificados. “A precariedade na formação docente é desastrosa pois gerará em todos sistemas deficiências educacionais. E isso é terrível. Precisamos de alunos que sejam capazes de produzir de maneira colaborativa, coletiva e autoral o mundo que vivem”.

Ele acredita que essa deficiência se incrementa com a instabilidade institucional que o país experimenta. “Vivemos um movimento pendular, que agora aponta para um conservadorismo que vê a educação como um problema que tem que ser amordaçado. Que os pobres têm que ler e escrever mas não podem pensar. Não vamos nos amesquinhar. A educação e nossos compromissos não podem estar a mercê da conjuntura”, finalizou.

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