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publicado dia 30 de agosto de 2012

Nasce um Movimento pela Educação

Educadores, estudantes, pais, organizações e redes resolveram entrar no debate da educação.

Nos últimos anos, o debate brasileiro a respeito da educação ficou restrito aos governantes, sindicatos e jornalistas. Com pouco apelo junto a educadores, crianças, jovens e pais, as questões centrais giraram em torno da órbita da centralidade da escola nas políticas de educação, os desafios culturais decorrentes do processo de escolarização em massa e a necessidade de testar indefinidamente o “rendimento” escolar.

Aplicam-se provas em todos os níveis de ensino e anualmente se comprova o fracasso do projeto escolar, o que rende manchetes chamativas. A mais recente notícia neste aspecto é a publicação do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) que para os anos iniciais do fundamental está em torno de 50%, e para os anos finais e o ensino médio, não chega a 40%. E há quem comemore melhorias em centésimos nesses indicadores. Como se fizesse algum sentido falar em centésimos em educação.

Mas, nos últimos tempos, algo novo está surgindo no horizonte. Educadores, estudantes, pais, organizações e redes resolveram entrar no debate. O resultado mais recente aqui na cidade de São Paulo foi a entrega pela Rede Nossa São Paulo de propostas aos candidatos a prefeito que extrapolam a pauta mumificada por sindicatos, governos e mídia. As propostas estão organizadas em três eixos.

No eixo da gestão da educação na cidade, busca-se o compromisso do futuro prefeito com a sua descentralização e democratização, via ampliação da participação da sociedade civil nos conselhos da área. E também o fortalecimento da gestão democrática nos Conselhos Escolares, garantindo às unidades de ensino autonomia em todas as decisões.

Mais importante ainda, busca-se a valorização dos Projetos Político-Pedagógicos das escolas, documento que equivale a seu estatuto, onde deveriam ser expressas as expectativas da comunidade em relação à educação das novas gerações e os princípios que regerão as relações entre as pessoas naquela organização, mas que em geral não passa de um punhado de folhas de papel engavetadas. Na proposta da Rede Nossa São Paulo, as crianças e os adolescentes terão voz ativa não só na construção de suas escolas, como também na construção das políticas que lhes dizem respeito, participando de grêmios, conferências e plenárias.

No eixo do acesso, o movimento propõe, entre outras iniciativas, finalmente atender a demanda por creches, flexibilizar a educação de jovens e adultos e garantir escolas inclusivas, onde todos os estudantes tenham condições de desenvolver suas habilidades segundo suas necessidades e potências.

Finalmente, no eixo qualidade, a Rede Nossa São Paulo não deixa de tratar das questões estruturais, como qualificação dos profissionais e redução do número de alunos por professor, mas inova ao focar a necessidade do desenvolvimento de currículos contextualizados e contemporâneos, propor a superação das avaliações externas por processos autoavaliativos envolvendo todos os segmentos da comunidade escolar, preconizar a integração das políticas de educação, cultura, assistência social, esporte, meio ambiente, saúde e tecnologia e valorizar a diversidade e a cultura de paz.

E não é só em São Paulo que novos atores estão propondo novas pautas para o debate em educação. No final do mês passado, cerca de 150 pessoas de 37 cidades de oito estados do país se reuniram em Cotia e São Paulo para conspirar por uma transformação romântica na educação brasileira. Com debates em torno de questões muito próximas às sistematizadas no documento da Rede Nossa São Paulo, aqueles educadores, pesquisadores, pais e estudantes sentiram-se conectados no embrião de um novo movimento nacional. Um movimento que ultrapassa a escola e propõe a educação nos bairros e na cidade, envolvendo os diversos atores – ou “todos os membros da aldeia”, como alguém disse na África – na tarefa de educar as novas gerações.

É um bom começo para superarmos os interesses corporativos, as visões simplistas e as distorções nas prioridades que dominam a educação no Brasil hoje.

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