publicado dia 31 de março de 2014
Inspirado em uma abordagem centrada na produção de inovações sociais – integrando necessidades individuais e coletivas e novas possibilidades da tecnologia –, o Design Thinking é um conceito recente, que ainda está sendo testado em algumas áreas e pesquisas. Como metodologia, é fato que ele que vem motivando algumas instituições a revisarem seus processos produtivos, de forma a priorizar o trabalho colaborativo entre equipes multidisciplinares na busca por soluções inovadoras.
[stextbox id=”custom” caption=”Quem é” float=”true” align=”right” width=”250″]Carlos Teixeira é doutor em Design pelo Institute of Design, de Chicago, Estados Unidos. No Brasil, formou-se em Desenho Industrial pela PUC-Rio. É professor de design estratégico na Parsons The New School for Design, localizada em Nova Iorque, e fundador da empresa de consultoria em design estratégico ORGE Innovation Consulting. Teixeira desenvolve pesquisa e projetos de inovação que utilizam as metodologias e ferramentas de design estratégico.[/stextbox]
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Metodologia Design Thinking chega às salas de aula
“Inovação nem sempre é criar algo novo. É a possibilidade de reconfigurar recursos e repensar o uso das ofertas para atender uma nova demanda”, explica o professor de design estratégico da Parsons The New School for Design, Carlos Teixeira.
Para ele, o maior desafio é trazer produtividade para a inovação. “Sabemos que é preciso inovar, mas ainda engatinhamos nesse processo de produção e concretização de ideias”, afirma. De acordo com Teixeira, o processo de transformar informações em ideias tem nome: ideação.
Como trazer esse conhecimento para a utilidade pública?
Para responder a essa pergunta, Teixeira usa o transporte público para mostrar que o Design Thinking e a ideação devem estar presentes na qualificação de bens públicos, já que eles são um patrimônio comum a uma sociedade e podem ser oferecidos de diversos modos.
“Quem vai produzir, distribuir, oferecer e controlar o transporte? E, acima de tudo, quem vai inovar no transporte? Ele não pode ser apenas gerenciado, ele tem que ser inovado”, defende.
[stextbox id=”custom” caption=”Antiga Fábrica de Cimento de Perus” float=”true” width=”250″]Recentemente, o Portal Aprendiz divulgou o projeto de ocupação de uma antiga fábrica de cimentos no bairro de Perus, em São Paulo. A comunidade enfrenta os interesses do antigo dono e os entraves do poder público para criar um espaço cultural e uma universidade livre e colaborativa no local. (Conheça essa experiência)[/stextbox]
Contudo, essas inovações não serviriam para nada se não integrassem as plataformas já existentes. “De que adianta um hospital cheio de novos produtos inovadores, mas com médicos que não saibam usá-los?”, provoca Teixeira.
Outra maneira de levar a inovação para o espaço público se dá, segundo ele, por meio do patrimônio físico da cidade. “Em São Paulo, o Sesc Pompéia era uma fábrica que virou um centro cultural”, lembra Teixeira. Para ele, é necessária a criação de um plano estratégico de uso e ativação desses espaços pela comunidade.
Contrariando essas possibilidades, a ideação hoje está restrita a poucos escritórios e empresas e não está sendo direcionada para o bem-estar público. “Hoje, a ideação é um bem privado, destinado àqueles que conhecem o seu potencial e podem pagar por ele. Por isso, mal sabemos onde utilizá-la no espaço público”, reflete Teixeira. “É preciso pensar em uma estrutura onde o serviço de ideação esteja disponível para a população, assim como saúde, transporte e educação.”