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publicado dia 14 de novembro de 2013

Incorporadoras adquirem última área verde do centro de São Paulo

Jovens plantam árvores na área conhecida como “Parque Augusta”.

Na região que ficou conhecida como Baixo Augusta, na zona central de São Paulo, está encravado um pedaço de 24 mil m² de mata atlântica. Alvo de especulações há 40 anos,  o terreno tombado do ex-banqueiro Armando Conde recebeu autorização, nesta segunda-feira (11/11), para ser vendido às incorporadoras Setin e Cyrela.

Até 1967, o terreno na rua Caio Padro abrigou o tradicional colégio feminino religioso Des Oiseaux, onde estudaram Marta Suplicy e Ruth Cardoso. Após a demolição do prédio, em 1974, as freiras Cônegas de Santo Agostinho, mantenedoras do local, pediram que o verde fosse mantido e transformado em parque.

A autorização ocorreu após o decreto que definia o espaço como de interesse público caducar. O dispositivo, assinado pelo ex-prefeito Gilberto Kassab em 2008, indicava a criação de um parque. Antonio Setin, um dos compradores da área, afirmou à Folha de S. Paulo que o novo projeto deve abrigar duas torres e preservar os 10 mil metros quadrados de mata como um parque público, mas de administração privada. Ele também prometeu ouvir a comunidade que se articula em torno da questão há anos, defendendo a criação do Parque Augusta.

Mais torres

“Vai ser uma grande perda não ter um parque público no centro, na última área permeável da região. Numa cidade sem escapes, tanto para as pessoas como para o ar. É triste perder mais essa para a especulação. Quem precisa de mais torres?”, indaga Nina Liesenberg, da Matilha Cultural, centro cultural que integra o movimento que reivindica a construção do Parque Augusta.

O professor Antônio Fernandes, que trabalha em duas das cinco escolas da região, acredita que um parque pode contribuir para o aprendizado dos estudantes. “É um espaço a mais de educação, podemos tirar os alunos da sala, das quatro paredes.” Desde 2006, Fernandes organiza excursões para o local e tenta mobilizar os estudantes na defesa do espaço. “É um exercício de cidadania para eles, batalhar por uma causa de interesse comum, uma área verde, sustentável. Mas é uma luta desigual contra as construtoras”, analisa.

Para Fernandes, a recusa da prefeitura em transformar a região num parque público – o prefeito Fernando Haddad declarou que o Parque Augusta não é uma prioridade – foi uma derrota, mas que não é o momento de “deixar a peteca cair”.  Neste sábado (16/11) haverá uma assembleia das associações e coletivos que se organizam em torno da proposta do parque. Muitos defensores da causa lembram da Praça Taksim, na Turquia, que prestes a ser transformada em shopping, tornou-se o epicentro da revolta turca de maio deste ano, tematizando, entre muitas causas, o direito à cidade.

Área é cercada por cinco escolas.
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