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publicado dia 25 de novembro de 2014

5 intervenções urbanas de combate à violência contra as mulheres

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No trajeto para a escola, universidade, trabalho, no transporte coletivo ou em alguma calçada, o corpo feminino está sujeito aos mais diversos tipos de violência. O espaço público, já repleto de disputas e conflitos, converte-se diariamente em ambiente hostil para a população feminina nas principais metrópoles do globo.

No Brasil, dados do projeto Chega de Fiu Fiu revelam que 99,6% das mulheres já foram assediadas na rua. Dessas, 83% afirmaram não gostar da prática e 81% já deixaram de ir a algum lugar por medo de assédio.

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Gritos, cantadas ofensivas, encoxadas e a ameaça de violências maiores obrigam meninas e mulheres a repensar trajetos, caminhos e formas seguras de se estar no espaço público. Neste 25 de novembro, Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, o Portal Aprendiz mete a colher e apresenta experiências, ações e intervenções que denunciam a violação ao direito à cidade.

1) “Stop telling women to smile” (Pare de mandar as mulheres sorrirem)

Para mostrar que caminhar em um espaço público não torna o corpo das mulheres públicos, a artista estadunidense Tatyana Fazlalizadeh resolveu usar os muros das cidades para questionar o assédio e educar os homens para o que não é aceitável. O “Pare de mandar as mulheres sorrirem” [Stop Telling Women to Smile, em inglês]  começou em 2012, no bairro do Brooklyn, em Nova Iorque, e já se espalhou por outros lugares dos EUA.

“O trabalho usa retratos de mulheres, compostos com frases que falam diretamente com os agressores em espaços públicos. O trabalho nasceu da ideia de que a arte de rua pode ser uma ferramenta de impacto para parar com esses abusos”, afirma a artista pelo site.

Ao pedir para mulheres retratadas escolherem os lugares onde as agressões verbais ocorreram como espaço para a exposição pública, Tatyana espera dar uma chance para as mulheres superarem e lutarem contra esse comportamento. Com frases como “minha roupa não é um convite”, “você não tem direito ao meu espaço”, “meu nome não é gatinha” e “mulheres não estão aí para seu entretenimento”, a artista promove uma experiência contundente de disputa do espaço público.

2) Cidades Seguras Para Mulheres

Garantia de creches, iluminação nas ruas, moradia, delegacias da mulher, políticas sensíveis de segurança pública, transporte público de qualidade: tudo isso, segundo a campanha Cidades Seguras Para as Mulheres, lançada em agosto deste ano, compõe um ambiente urbano desejável para todos e todas.

Realizada pela Action Aid, em parceria com diversos movimentos sociais e organizações, a Campanha traz uma plataforma online que detalha cada um dos pontos enumerados acima e apresenta relatos de mulheres que sofreram violências e histórias de superação. Como estratégia, a iniciativa retrata a cidade que temos – na qual uma em cada três mulheres é estuprada, agredida ou abusada sexualmente – e aponta para aquela que queremos, uma cidade segura e democrática.

Clique aqui para acessar o site Cidades Seguras Para as Mulheres.

3) Chega de Fiu-Fiu

“Quando transformamos em coisa rotineira o fato da mulher não ter espaços privados – nem mesmo serem donas do seu próprio corpo -, incentivamos a violência. E isso NÃO é normal”, afirma a descrição da campanha Chega de Fiu Fiu, levada adiante pelo site ThinkOlga.

Após realizar uma ampla pesquisa sobre assédio sexual em espaços públicos, que ganhou destaque na internet, o site agora compila relatos e depoimentos de mulheres, disponibilizando um mapa virtual para que elas apontem os locais onde foram assediadas, contando sua história e ampliando o debate sobre assédio sexual.

A mais recente empreitada do ThinkOlga é um documentário sobre assédio sexual, que está em fase de financiamento no Catarse – e já é a 4ª campanha com mais apoios na história da ferramenta de crowdfunding. Para viabilizá-lo, irão munir garotas com óculos que gravam vídeo para mostrar cenas de violência física e moral nas ruas da cidade.

Confira o site do Chega de Fiu Fiu, a página no Facebook e o documentário no Catarse.

4) Dez horas caminhando em silêncio por Nova Iorque

A atriz Shoshana B. Roberts saiu um dia para caminhar por dez horas por diversos bairros da cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, com uma câmera escondida. Após a caminhada, o vídeo foi condensado em dois minutos, nos quais Shoshana aparece recebendo dezenas de cantadas.

Com quase 40 milhões de acessos no YouTube, o vídeo viralizou e gerou enorme repercussão nas redes sociais e na mídia norte-americana. Shoshana foi em programas de TV e levantou o debate em diversas camadas da sociedade. O lado negativo da experiência, no entanto, começou assim que o vídeo se popularizou: ameaças de estupro, morte e xingamentos pipocaram na página do Youtube do vídeo.

A ação de Shoshana faz parte do projeto ihollaback.org, que trata da questão do assédio sexual em lugares públicos.
5) Por ser menina

De acordo com a pesquisa da London School of Economics (LSE), em parceria com a Plan International Brasil, realizada em 141 países,  mais de 1/4 das meninas em todo o mundo passam por situações de abuso sexual e violência e 66 milhões ainda estão fora da escola.

Para alertar meninas que moram no Maranhão sobre a problemática e trabalhar a questão de gênero nas escolas públicas locais, a Plan International Brasil, organização que trabalha em defesa dos direitos da infância, lançou a campanha Por Ser Menina, que tem como intuito fortalecer o direito à educação e à segurança de meninas e mulheres dos municípios da região.

A organização desenvolve aquilo que denominam de “currículo oculto” dos profissionais de educação, que diz respeito às referências pessoais que cada um traz para o cotidiano escolar, e que, por muitas vezes e não intencionalmente, reproduz as desigualdades de gênero. Como exemplo, é comum que educadores reproduzam que a prática de futebol é um esporte de meninos ou que “brincar de bonecas” é uma atividade voltada para meninas. Para transformar essa situação, as aulas trazem dinâmicas, cases e textos teóricos, que ajudam os professores a enxergarem novas formas pedagógicas de atuação.

Em parceria com as secretarias estaduais de Direitos Humanos e Igualdade Racial e com secretariais municipais nas cidades onde acontecem as atividades, a organização já conseguiu que a discussão sobre gênero fosse implementada na formação continuada dos profissionais da rede de ensino. O projeto já chega a 12 escolas.

 Conheça mais sobre a experiência no Centro de Referências em Educação Integral.

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