Perfil no Facebook Perfil no Instagram Perfil no Twitter Perfil no Youtube

publicado dia 15 de dezembro de 2014

Três experiências que mostram que educação, direitos humanos e comunidade têm que andar juntos

por

A segunda edição do Prêmio Municipal de Educação em Direitos Humanos homenageou as principais iniciativas realizadas em unidades escolares de São Paulo que têm como finalidade a construção de uma sociedade mais justa, tolerante e que respeite a diversidade e os direitos humanos.

Do total de 100 projetos inscritos, 16 foram premiados nas categorias Unidade Educacional, Professores, Estudantes e Grêmio Estudantil e outros receberam menções honrosas durante a entrega do prêmio, realizada no dia 10/12, no Auditório Ibirapuera.

Para não falar apenas dos vencedores, o Portal Aprendiz selecionou iniciativas que participaram do evento e que dialogam com a ideia de que uma cidade educadora se constrói para além dos muros da escola, buscando espaços de convivência mais agradáveis e equipamentos públicos de qualidade.

Confira!

1# Mais do que marcas no muro,
marcas na infância de meninos e meninas

Com a intenção de se aproximar das famílias e conhecer mais sobre os alunos, a direção da escola infantil do CEU Aricanduva realizou um mapeamento do entorno da região para descobrir de onde vinha cada criança. “Era preciso saber onde elas estavam e a realidade que viviam. Com isso, promovemos passeios no bairro e mostramos os resultados aos pais”, informa Lilian David, coordenadora pedagógica da escola e uma das responsáveis pelo projeto Mais do que marcas no muro, marcas na infância de meninos e meninas, que ficou em 2º lugar da categoria Unidades Educacionais.

Em setembro – mês de aniversário do CEU -, a iniciativa revitalizou a entrada da escola, que concentrava entulho e lixo e estava deteriorada. “Pintamos o muro e construímos um jardim”, afirma Lilian. A ação contou com a participação dos pais e de outras pessoas da comunidade, que foram convidadas a “carimbar” suas mãos na parede. “Uma referência simbólica para lembrar que aquele espaço é de todos.”

Assim, as crianças passaram a se preocupar diretamente com a manutenção do espaço – na cerimônia do Prêmio, por exemplo, subiram no palco e entregaram nas mãos do prefeito Fernando Haddad uma carta pedindo mais lixeiras na rua da escola. Hoje, diariamente as crianças recolhem o lixo da rua e regam as plantas do jardim.

Lilian ressalta o papel dos pequenos no projeto. “Eles tem ideias simples e de baixo custo”, observa. Para ela, a homenagem no evento não encerra o projeto. “É possível mudar outros espaços.”

2# Centro de Memória Cohab Raposo Tavares resgata direitos humanos

Em 1989, uma tragédia na favela Nova República, no Morumbi, vitimou 12 crianças e obrigou os moradores do local a mudar para a inacabada Cohab Raposo Tavares, localizada na altura do km 19 da estrada de mesmo nome. “A tragédia moldou a história de lutas do bairro”, explica Mariana Mattos, professora da EMEF Maria Alice Borges Ghion que ajuda a organizar o Centro de Memória do bairro – projeto que ficou na 3ª posição do Prêmio (categoria Unidades Educacionais).

Com a participação de 30 estudantes de séries variadas, a iniciativa existe há três anos e pesquisa a memória e histórias das pessoas que construíram o bairro. “O objetivo é resgatar a memória e a identidade da comunidade, valorizando a própria história da escola e seus alunos”, aponta Mariana. Em 2014 o projeto promoveu saraus, curso de cinema e curtas metragens sobre a Cohab Raposo Tavares.

“É muito interessante tirar o foco do aluno da sala de aula e levá-lo para aprender em outros ambientes, como a própria cidade.”

3#  Professor resgata sentidos da diáspora africana
com a comunidade e intercâmbio com estudante dos EUA

O professor Luiz Fernando Costa de Lourdes, da EMEF Vereador Antonio Sampaio, em Santana, na zona norte da capital, notou a repetição de padrões violentos entre alguns de seus alunos. “Tudo começou porque vimos que o preconceito e a violência muitas vezes estão relacionadas a uma falta identitária”, observa. “Muitos de nossos alunos negros não se reconheciam como afro-descedentes. Partimos disso para trabalhar essas questões, pois conhecer a si mesmo pode provocar e promover um diálogo entre as diferenças”.

Com isso em mente, realizou uma pesquisa com os alunos e apostou num processo educativo que permeasse escola, família e comunidade. Primeiro, pediu aos seus alunos do quinto ano que encontrassem e entrevistassem o “griô” de suas famílias. Os “griôs” eram os responsáveis, em diversas partes da África Subsaariana, pela manutenção oral da história, tradição e conhecimento.

Concomitantemente, resolveram participar de um edital promovido pela Aliança Americana de Museus com o projeto “Uma jornada pela diáspora africana”, que conectaria crianças da escola com jovens americanos, visando pesquisar a diáspora africana e seus ecos – numa parceria que também envolvia o Museu Afro Brasileiro e um museu de caráter semelhante nos EUA, o Prince George. Contemplados pelo edital, deram início ao projeto Ónarin Koja, que em iorubá quer dizer “andantes pelos caminhos dos antepassados”.

O projeto capacitou dez jovens daqui e de lá, com aulas de inglês e português. As duas partes fizeram pesquisas sobre a história africana e história afro-americana, envolvendo a comunidade e a escola. Após isso, cada um dos grupos viajou para o país do outro para conhecer a pesquisa, apresentada na forma de um painel artístico itinerante.

“Quando eles vieram para cá, isso mobilizou toda a escola e despertou o interesse dos estudantes em conhecer e viver suas culturas. Os professores também incorporaram os conteúdos em suas práticas e temos uma demanda enorme de estudantes querendo participar”, afirma.

E o que farão com isso? “A ideia é que nossas Ónarins Kojás, que agora estão no ensino médio, se tornem multiplicadores. Queremos trabalhar com as Diretorias Regionais de Ensino, levar o painel itinerante para outras escolas e fazer oficinas com a técnica artística que desenvolvemos ”, revela o professor, que ficou em 2º lugar na categoria “Professores” do Prêmio. Quem quiser conhecer mais, pode acessar o site do projeto.

As plataformas da Cidade Escola Aprendiz utilizam cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para recomendar conteúdo e publicidade.
Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.

Portal Aprendiz agora é Educação & Território.

×