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publicado dia 18 de junho de 2015

Coletivo une mobilidade e educação com projeto que transforma crianças em “exploradores da rua”

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Se você é, ou já foi, uma criança brasileira, provavelmente já deve ter ido a uma Transitolândia. São parques pensados para ensinar “educação no trânsito” para crianças, com mini-carros, geralmente coordenados por policias militares ou agentes de companhias de engenharia de tráfego. Eles reproduzem, em ambiente controlado, a cidade que temos, com um nome bastante sugestivo.

A visão de Arthur sobre a cidade.
A visão de Arthur sobre a cidade.

Na contramão dessa concepção automotiva e congestionada de rua, um jovem coletivo autogestionado paulistano já traz em seu batismo algo diferente: é o Apé – Estudos em Mobilidade, que toma emprestado a palavra ‘caminho’ em Tupi para marcar sua identidade. Formado por um grupo de jovens paulistanos – estudantes, arquitetos, engenheiros, jornalistas e sociólogos – estão há mais de três anos se reunindo, estudando e discutindo sobre educação e mobilidade na metrópole.

Surgido dentro da Universidade de São Paulo (USP), o Apé tem ganhado corpo e força ao longo de seus três anos. Suas características são familiares a diversos outros coletivos que têm proposto novos rumos para o ambiente urbano: horizontais, abertos e diversos. Quem quiser participar das reuniões, é só aparecer. As pautas dos grupos de estudos e planejamento são publicados na página deles no Facebook.

Aprendizado errante

Em uma mesa de um café em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, vão chegando mais e mais membros para a entrevista. As falas se sobrepõem e cada um vai dando sua opinião e impressão sobre o que significa atuar na cidade, o que é mobilidade e seu papel na educação. A composição do coletivo é fluída. No geral, são 15 integrantes, mas pela metodologia de livre-associação, seus componentes costumam variar. Recentemente, resolveram dar um salto e lançar o projeto “Exploradores da Rua”.

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Experiência é inspirada no Pédibus, da Suíça.

Inspirado na experiência suíça do Pédibus, um ônibus escolar caminhante, o Apé, em parceria com o Instituto Tomie Ohtake, está levando jovens de escolas públicas da capital para conhecer, aprender e explorar o ambiente urbano. “A cidade não inclui a criança no planejamento urbano. Ele é pensado de uma forma individualista, organizada, que fortalece a clausura dos condomínios em vez de pensar no público como um espaço a ser ocupado, com todos seus conflitos”, analisa a arquiteta Julia Anversa, do Apé.

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A primeira experiência foi com crianças de 5 e 6 anos da Brasílio Machado, uma escola estadual em Pinheiros. Após uma conversa com a diretora e as professoras, fizeram reuniões com pais, professores e alunos, preparando a atividade. Numa delas, trouxeram a ideia de aventura para os estudantes, lembrando de cientistas, exploradores e exploradoras para ativar as curiosidades dos alunos.

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Mapa traça o trajeto pelas ruas de Pinheiros.

Até que, no dia escolhido, as crianças saíram em 3 grupos de 10 pessoas para ir da escola até o Instituto Tomie Ohtake, uma caminhada de 850m, aproveitando o caminho para realizar atividades educativas. “A nossa ideia é que isso continue sendo aproveitado pela escola, pelos pais, que seja uma metodologia que possa ser replicada”, projeta Mateus Andrade, um dos fundadores do Apé. Ao fim do percurso, cada criança foi incentivada a desenhar o que melhoraria no trajeto e a projetar um pouco a cidade em que gostaria de viver.

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Cidadania sem medo

“As experiências de educação em mobilidade no geral buscam formar um cidadão obediente. A gente pensa em uma educação ativa e para a cidadania. Estar a pé, errar pela cidade fora do paradigma do motor é um jeito de formar o cidadão. Esperamos que isso desperte uma curiosidade permanente nos jovens para as milhares de possibilidades que se escondem em qualquer trajeto”, avalia Mateus.

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Uma cidade para crianças.

A próxima aventura dos exploradores será durante uma caminhada entre um colégio na República e o Theatro Municipal de São Paulo. Mas eles já estão se articulando com diversos coletivos para fazer essa ideia crescer, apesar das resistências e dos medos.

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“Em uma escola que fomos, a diretora não topou o projeto. A primeira reação quando se fala de colocar as crianças na rua é de medo”, relata Julia. Mas, a cada passo, os exploradores de olhares atentos podem mostrar que a cidade é um espaço a ser ocupado pela educação. E todos temos a ganhar com isso.

 

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