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publicado dia 21 de setembro de 2015

Educação ambiental impulsiona a criação de uma cidade educadora

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De que maneira uma educação voltada para o meio ambiente pode impulsionar o surgimento de uma cidade educadora? Na busca por respostas para essa complexa questão, o Seminário “Da Educação Ambiental Escolar à Cidade Educadora” reuniu gestores, educadores e estudantes das DREs Jaçanã-Tremembé (zona norte) e Penha (zona leste) na última sexta-feira (18/9), nas dependências da UMAPaz (Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz), localizada no Parque Ibirapuera, zona sul de São Paulo.

De acordo com Lia Salomão, uma das coordenadoras do Programa Carta da Terra em Ação, o evento pode ser visto como uma continuação do Seminário Comunidade e Escola: Semeando a Cidade Educadora, realizado no início de março. “Quando aquele encontro terminou, vieram algumas diretoras de Diretorias Regionais de Ensino (DREs) falando que tinham um monte de escolas com ações parecidas e queriam divulgar essas células de transformação”, lembra. “Hoje estamos respondendo a uma demanda. Muito importante esse momento de nos juntar, nos fortalecer e ver que não estamos sozinhos.”

Já na abertura, o público foi instigado a aprofundar suas reflexões sobre uma cidade que educa pela professora e pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP), Sonia Kruppa. “A cidade é o espaço do conflito e da contradição, e é isso o que nos educa.  Isso acontece desde cedo: a criança, quando está confortável, não precisa se expressar. É a situação adversa que a leva a se expressar, a avançar”, observa, afirmando que a grade curricular não costuma ir além dos conteúdos disciplinares. “Por outro lado, trabalhar com a cidade é formar valores.”

Quando professores citaram que uma das barreiras que dificultam a retirada dos alunos da sala de aula para a cidade é o alto custo de aluguel do transporte coletivo, Sonia defendeu um diálogo mais direto e menos burocrático entre as Secretarias Municipais de Educação e Transportes. “Se depender da secretaria de educação arrumar transporte para todas as escolas saírem, ela não vai dar conta”, apontou. “Uma cidade educadora tem que ser intencionalmente educadora, resultado de um arbítrio, de uma escolha.”

“Uma cidade educadora tem que ser intencionalmente educadora, resultado de um arbítrio, de uma escolha.”
Evento discutiu o papel da educação ambiental em uma cidade educadora.

Em seguida, representantes das DREs relataram o trabalho que tem sido feito nas escolas com o objetivo de aproximar cidade e território, educação e meio ambiente. A diretora da DRE Penha, Mirtes Moreira, afirmou que a educação ambiental não deve ser tratada como “penduricalho”, e sim como parte fundamental do currículo escolar. “A escola educa não apenas pelo currículo, mas também pela gestão democrática, por sua edificação sustentável.”

Mirtes elencou uma série de projetos desenvolvidos nas EMEIs, EMEFs e CEIs sob sua direção: o Projeto Composta SP, que distribuiu composteiras e realizou oficinas sobre o tema; o segundo encontro de escolas conferencistas do meio ambiente; um curso que focava a sustentabilidade como direito humano; um encontro de saberes e práticas sustentáveis; e a Mostra EcoFalante, produzida em parceria com o Sesc Itaquera.

Em 2015, a DRE Penha também organizou uma mostra de trabalhos de estudantes sobre a crise hídrica em São Paulo. “É a escola saindo dos seus muros para melhorar a vida na comunidade”, arrematou Mirtes. Ela ainda deu dicas para os interessados em levar a educação ambiental para dentro de sua instituição de ensino. “É essencial ter uma gestão democrática –  a começar pelas crianças, dando vez e voz a elas, independentemente da idade, pois elas têm muito a contribuir e não têm todas as barreiras que um adulto tem. Isso também ajuda a trazer os pais para dentro – quando você faz o primeiro, automaticamente acontece o segundo, pois os pais prestigiam as ideias que saem naturalmente da cabeça dos filhos, sem ser uma imposição da escola.”

Para Shirley Diniz, diretora da DRE Jaçanã-Tremembé, a educação ambiental deve estar representada no currículo escolar pois ele “é um processo, é o dia a dia, por isso ele está vivo, muda o aluno, muda a comunidade”. Elisangela Cardoso, professora da EMEF Célia Regina, no Parque Novo Mundo, afirmou que o histórico da região precisa ser valorizado dentro da escola, para que a criança entenda que pode ser protagonista da cidade. Para tanto, o estudo do meio “Descobrindo o meu pedaço” revelou aos estudantes como são corresponsáveis pela transformação da sociedade.

“Uma cidade educadora tem que ser intencionalmente educadora, resultado de um arbítrio, de uma escolha.”

Os alunos também puderam mostrar como estão envolvidos com a educação ambiental. Através de vídeos, cartazes e painéis, jovens da EMEF Dr. Fábio da Silva Prado (DRE Penha) exibiram o projeto Você economiza, o planeta agradece, no qual perguntaram para a equipe da escola quais as atitudes que tomaram diante da crise hídrica. De acordo com Rosana, professora da EMEF, “alunos que participaram do vídeo pensaram no assunto, discutiram em casa e passaram a economizar mais.”

Também na DRE Penha, o CEI Jardim Popular deu oportunidade de ação para as crianças que, em meio à falta d’água e o forte calor, estavam preocupadas com a hidratação dos pássaros que habitam o jardim. Construíram então bebedouros com garrafas pet para manter os animais vivos. “Isso evidencia uma preocupação interessante com os valores de respeito à vida. Qual de nós, adultos, faria isso?”, questionou Mirtes.

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