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publicado dia 19 de janeiro de 2016

Percepção de população sobre São Paulo atinge baixa histórica

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Dada a chance, 68% da população paulistana deixaria São Paulo. No ano passado, essa cifra era de 57%. O aumento de 11% na insatisfação com sua cidade acompanha o clima de pessimismo, motivado pela crise política e econômica que o país atravessa, que impacta fortemente a percepção que a população paulistana tem sobre sua cidade.

É nisso que acreditam os coordenadores da sétima edição da pesquisa Irbem (Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município), realizada sob a pergunta “Você está satisfeito com a qualidade de vida na cidade de São Paulo?”. Lançada na manhã desta terça-feira (19/1), no prédio da Fecomercio (Federação de Comércio de Bens, Turismo e Serviços em São Paulo), na Bela Vista, a pesquisa, produzida anualmente desde 2009, apresentou piora em 24 dos 25 indicadores avaliados.

Realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência e a FecomercioSP, o Irbem traz indicadores da percepção do paulistano sobre sua cidade à partir de critérios oriundos de uma consulta pública que ouviu mais de 40 mil moradores da cidade. Para esta edição, foram entrevistadas 1.512 pessoas com mais de 16 anos, de todas as regiões da cidade.

“Se a gente quer melhorar a cidade e a qualidade de vida de todos – e essa é a principal responsabilidade de qualquer governo -, a gente precisa saber como anda a percepção da população”, afirmou Oded Grajew, da Nossa São Paulo, que lembrou que todos os candidatos e pré-candidatos foram chamados para a apresentação, mas poucos foram. O prefeito Fernando Haddad, que tradicionalmente comenta os resultados, não pôde comparecer à cerimônia.

Insatisfação pública

Dentre os 169 itens avaliados, chamou a atenção o fato de que indicadores relacionados à vida privada das pessoas tiveram melhoras (relações amorosas, família e religião), enquanto questões relativas à esfera pública – de avaliação de serviços à crédito nas instituições – tiveram pioras significativas.

Nota da cidade foi de 4,7, a menor de todos os tempos.
Nota da cidade foi de 4,7, a menor de todos os tempos.

“Há uma tendência de boa satisfação em aspectos individuais como a relação com a família, amigos, religião, relacionamento, acesso à internet, relação com o bairro. Mas em questões como distribuição de renda, igualdade de moradia, acesso às informações, participação política, honestidade e transparências dos representantes, há um grande pessimismo”, analisa Márcia Cavallari, do Ibope.

A nota final de São Paulo, com uma média de todos os indicadores, foi de 4,7, num gradiente de 1 a 10 – a menor nota da história. Em 2014, a média foi de 5,1 e em 2013, de 4,8. Segundo Maurício Broinizi, da Nossa São Paulo, essa variação se combina com os momentos de agitação política do país, com as jornadas de junho em 2013 e a crise política do ano passado.

“Se você olhar para a satisfação dos serviços públicos de quem os usa – tanto na saúde quanto na educação, por exemplo – ela é maior do que a percepção geral sobre esses serviços. Ou seja, há uma diferença entre percepção e situação de fato da cidade”, acredita Broinizi, que coordena as pesquisas do Mapa da Desigualdade, também realizada pela Rede Nossa São Paulo.

“A gente vê projetada a desigualdade na insatisfação de grande parte da população paulistana com sua cidade. As piores avaliações são de regiões afastadas do centro, onde faltam serviços e equipamentos públicos básicos. Nas zonas mais ricas, a avaliação é relativamente boa”, diz Broinizi.

Indicadores

Em meio aos protestos sobre o aumento da tarifa do transporte público, a pesquisa trouxe dados importantes para entender a relevância da questão, dado que 71% dos entrevistados afirmaram usar transporte público diariamente para se locomover na metrópole e a nota para a tarifa, medida antes do aumento em dezembro de 2015, é de 3,3 – uma das mais baixas do estudo.

A percepção sobre a situação da juventude também apresentou crescimento negativo em diversos indicadores como oportunidade de emprego, acesso ao ensino técnico e superior, espaços culturais, atividades escolares e no tratamento da polícia aos mais jovens, que recebe uma nota de 3,6.

No campo da educação (4,1), a nota para o envolvimento das famílias caiu para 4,4. A nota também foi baixa para vagas em creches (4,0), com queda de 0,3, e valorização dos professores (3,7), com queda de 0,4. O sistema de garantia de direitos da infância e da adolescência também foi mal avaliado e está com nota 4, contra 4,4 do ano passado. A capacidade da cidade de cuidar de suas parcelas populacionais mais vulneráveis também foi mal avaliada. A Assistência Social do município teve queda de 0,7 pontos, indo para 3,7.

Como notado anteriormente, as áreas de maior desagrado estão ligadas às instituições governamentais, como transporte e trânsito, acessibilidade para pessoas com deficiência, desigualdade social, transparência e participação política. De todas as áreas analisadas, apenas “relações com animais” tem a média do ano passado. As notas baixas acompanham um descrédito enorme em qualquer instituição pública.

“Até os bombeiros, tradicionalmente bem avaliados, tiveram queda. Impera a insatisfação com as entidades públicas – municipais, estaduais e federais – independente da filiação partidária”, aponta Márcia Cavallari.

Para Grajew, os resultados da pesquisa, em ano de eleição, apontam a necessidade de um momento de “propostas e balanço”.

Acesse a íntegra da pesquisa Irbem 2016 (Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município).

(A foto que ilustra essa matéria é de Felipe Lange Borges, via Flickr/Creative Commons)

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