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publicado dia 5 de fevereiro de 2016

Brasileiros e refugiados fazem da aula de língua um espaço de aprendizado cultural

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O encerramento do curso de férias promovido pelo Abraço Cultural – no qual refugiados dão aulas de línguas – foi marcado por uma vibrante festa multicultural, onde não faltou entusiasmo e troca de conhecimentos entre professores e alunos.

Desde junho de 2015, quando o curso foi inaugurado, já foram abertas mais de 25 turmas, com a participação de aproximadamente 300 alunos. A grande maioria dos professores é formada por refugiados recém-chegados ao Brasil, que passam por um processo de capacitação.  Segundo dados da organização, o curso já gerou cerca de R$ 100 mil em renda para 20 professores.

A festa multicultural teve alunos apresentando traços da cultura brasileira à quatro professores refugiados: dois sírios, um paquistanês e uma haitiana.
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Além de aulas de nível básico, intermediário e avançado de línguas como inglês, espanhol, francês e árabe, o curso prevê a realização de aulas culturais uma vez por semana. Nelas, os professores têm a oportunidade de resgatar as memórias e culturas de suas terras natais; nesta última, porém, foram os alunos que se apresentaram.

Realizada nesta quinta-feira, 4/2, na sede da SP Escola de Teatro, a festa começou com os estudantes trazendo pitadas da cultura brasileira aos quatro professores presentes – dois sírios, um paquistanês e uma haitiana. Comidas típicas, músicas famosas, locais importantes e até uma pequena aula de como sambar animaram a noite.

A festa multicultural teve alunos apresentando traços da cultura brasileira à quatro professores refugiados: dois sírios, um paquistanês e uma haitiana.

O Abraço Cultural se prepara agora para realizar o curso de línguas com refugiados no Rio de Janeiro. Em São Paulo, as próximas turmas intensivas estão previstas para o final de fevereiro, com duração até junho.

Em menos de um ano de vida, o curso já organizou 35 aulas culturais e tem ajudado na integração social e econômica dos refugiados. Um antigo professor, por exemplo, fazia comidas sírias e levava para as aulas culturais – o sucesso foi tamanho que Talal abriu seu próprio restaurante na capital paulista.

Enquanto a festa corria descontraída, professores e alunos batiam papo e compartilhavam risadas, como no momento em que uma estudante perguntou qual era a tradução de “buchada de bode” em árabe. Outro aluno queria mostrar “o lado carnavalesco e divertido do país” e ensinou o passo-a-passo de uma caipirinha. “Nunca tomei uma. Quero provar. Na próxima vez eu trago arak”, afirmou Ali Jeratli, professor de árabe, referindo-se a uma bebida tradicional da Síria.

Os alunos também propuseram jogos com os professores, que degustaram comidas típicas como coxinha, pão de queijo e paçoca. Após provarem os quitutes, eles foram questionados sobre a região do país que criou aquela receita. “Na Síria existe paçoca, mas não tem esse nome curioso”, exclamou Mohamad Alsaheb, professor de inglês.

No intervalo entre as apresentações, o sírio lembrou que uma de suas atividades favoritas era andar sem rumo, conhecendo lugares novos. Os alunos então indicaram dois locais para Mohamed bater perna: a praça Benedito Calixto e o centrinho de Embu das Artes. A haitiana Geneviève Cherubin, professora de francês, mostrou a receita de dois pratos típicos de seu país, a banana prensada e o picles.

A festa multicultural teve alunos apresentando traços da cultura brasileira à quatro professores refugiados: dois sírios, um paquistanês e uma haitiana.
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Mohamad Alsaheb é diretor de arte e, além das aulas no Abraço Cultural, trabalha no Estúdio Birdo produzindo animações. Um de seus trabalhos está disponível no YouTube.

Mesmo sendo um curso de curta duração, o intensivo de férias se mostrou capaz de concretizar laços entre professores e alunos. “É muito positivo esse choque entre diferentes culturas”, acredita Nany Gottardy, assessora de imprensa do Abraço Cultural. Ela também vê com bons olhos a integração dos refugiados não apenas com os brasileiros, mas com seus próprios companheiros de imigração.

Ao final do encontro, uma roda de dança celebrou a união e a amizade feita entre alunos e professores.

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