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publicado dia 25 de maio de 2016

Escola abre espaço para brincadeiras e promove integração de crianças, professores e famílias

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Nos últimos dias, o pátio da Escola Municipal de Educação Infantil João Theodoro teve uma movimentação diferente da usual. As crianças continuavam lá, correndo, pulando, sorrindo – o que mudou foram as brincadeiras que as divertiam.

Como atividade da Semana Mundial do Brincar, a ação Brinca Mundo – realizada em parceria da escola com o projeto Integração Família-Rede Socioeducativa, que faz parte do Programa Cidades Educadoras da Associação Cidade Escola Aprendiz – levou diversas brincadeiras tradicionais para crianças de quatro a seis anos, estimulando-as a descobrir um novo universo de possibilidades lúdicas.

Localizada dentro do Parque da Luz, no centro de São Paulo, a EMEI João Theodoro possui um espaço externo privilegiado para a recreação de seus alunos – muitos deles, inclusive, são filhos de imigrantes latino-americanos. Imensas árvores e longos gramados dividem o local com bancos de areia, trepa-trepas, balanços, gangorras, amarelinhas e gira-giras. Dessa vez, porém, as crianças se ativeram às “novas” brincadeiras que pintaram por ali: pular corda, soltar peão, desenhar no chão com giz, girar bambolê, soltar bolhas de sabão, chutar uma bola de meia, jogar peteca e ping-pong.

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A ação na EMEI João Theodoro também contou com a participação dos coletivos Aqui Que A Gente BrincaNão Só O Gato e Massacuca.

“Brincadeiras tradicionais continuam existindo, mas são engolidas pelas brincadeiras estruturadas e um brincar que tem uma ligação muito forte com o consumo”, aponta Andressa Pellanda, conselheira da Aliança pela Infância, organização que promove a Semana do Brincar no país. “Trabalhar brincadeiras que se aproximam da natureza, com instrumentos simples, brincando mais livremente, ajuda a criança a viver relações e desafios dentro do próprio universo lúdico.”

Não foram poucos os desafios encontrados pelas crianças. Grande parte não sabia pular corda, nem girar bambolê – pouco importava. Algumas aprenderam as brincadeiras, outras usavam a inteligência e sensibilidade para criar outras maneiras lúdicas de utilizar tais objetos: a corda se transformou em cobra, os bambolês foram utilizados em uma nova modalidade de corrida.

“Elas podem aprender brincadeiras antigas de um novo jeito. A possibilidade de escolha faz a criança ter autonomia e valorizar o que gosta, saber esperar a sua vez, brincar junto com os amigos, desenvolvendo também a coordenação motora e o equilíbrio”, observa Ana Carla, professora da EMEI. A docente comemora que, ao contrário de seu tempo de infância, hoje as brincadeiras não precisam mais separar meninas e meninos.

“A brincadeira faz parte da nossa vida. Sem brincar, estamos perdidos”, afirma a professora Maria Cristina Vizentini.

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“Gostei muito do bambolê. Eu amo brincar”, declarou a Nataly, de cinco anos. Seu carisma parece transbordar do pequeno corpo: “Também gosto quando eu vou à casa do meu pai e a gente toma banho de mangueira.”

Famílias aproveitaram a oportunidade para marcar presença no cotidiano escolar. Pai de Vitória, Adriano ensinou as crianças a soltar peão e pôde rememorar uma das brincadeiras de sua infância. “Sou antigo do bairro, curti muito tempo aqui. Brincava muito no parque, tem coisas que você não esquece”, diz ele, que define o seu tempo de criança em três palavras: jogos, brincadeira e liberdade.

“A criança é mais criança com liberdade. A molecada hoje cresce muito rápido, eu brinquei de carrinho até os 14 anos. Por mais que você vá envelhecendo, tem coisas que você nunca esquece. Infância é bom demais.”

Antonia Rodrigues, 14, estudou na João Theodoro e, na hora de buscar sua irmã caçula, Alice, aproveitou para se divertir com ela. “Achei tudo muito legal, pois as crianças aprendem a brincar de coisas diferentes. Quando vi fiquei surpresa e pude matar a saudade.” Ela conta que brincar com liberdade foi essencial para que, atualmente, se considere uma pessoa aberta. “Tem muitos aprendizados quando se brinca com outras crianças, aprende a conversar, a comunicar mais, é mais criativo, a criança tem mais humor e fica menos estressada, menos escrava da internet.”

Coordenadora pedagógica da EMEI, Silvia Ruiz acredita ser de suma importância a participação de pais e docentes nas brincadeiras das crianças. “Houve uma preparação para culminar nessa ação, começando pelas famílias e professores, que puderam relatar as suas próprias brincadeiras de infância para os estudantes”, relembra.

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Além das brincadeiras tradicionais, as crianças exercitaram a criatividade e adornaram garrafas pets com miçangas, estrelas coloridas, espuma e adesivos, criando uma cortina sensorial para enfeitar uma parede da escola.

A psicóloga esportiva Luara Lobo, integrante do Coletivo Não Só O Gato, que ocupa espaços urbanos com brincadeiras, participou da ação. Ela acredita que um dos legados do brincar livre é incentivar o aprendizado de uma forma divertida, despertando o prazer de aprender e descobrir novidades. “Trazer ações como essas para dentro da escola, no espaço onde está a sala de aula, cria a possibilidade de ressignificar o lugar e criar prazer em estar nele, com os colegas”, acredita.

Para Juliana Leme, do coletivo Aqui que a gente brinca!, a brincadeira, “como linguagem original e natural da criança, fortalece a relação dela com o mundo, abre as portas para a vida e dá um sentido leve e prazeroso à infância. Ao brincar a criança cria e recria sua realidade, resolve problemas, desenvolve suas relações em grupo”.

Andressa ressalta que a participação de crianças de famílias estrangeiras na ação facilita e amplia a inclusão delas, pois cria uma identificação maior e estimula a troca cultural e o sentido de igualdade entre as crianças. “Brincar é cultura. Quando se dá à criança a oportunidade de conhecer brincadeiras tradicionais, ela aprende um pouco sobre como o ser humano produz sentidos e conceitos sociais e se coloca perante a sociedade”, finaliza.

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