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publicado dia 29 de setembro de 2016

Aula Pública transforma Glicério em território educativo de São Paulo

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Uma aula pública agitou as ruas do Glicério na manhã do último sábado (24/9). Percorrendo as ruas do bairro, situado na região central de São Paulo, crianças, jovens, adultos e idosos tiveram a experiência de ocupar o espaço público, produzindo conhecimento para muito além dos muros da escola e mostrando para a comunidade que seu território também pode ser educador.

Um dos dez vencedores do Prêmio Territórios Educativos, concebido para reconhecer e fortalecer experiências pedagógicas que explorem oportunidades educativas do território onde a escola está inserida, o projeto “Aula Pública, um dos princípios básicos do reconhecimento e ocupação do espaço” foi formulado pelo professor de geografia Paulo Roberto Magalhães, da EMEF Duque de Caxias, e contou com o apoio da diretora Andrea Mattos e da professora Maria Ivani dos Santos.

“Esse trabalho nasceu quando perdemos o medo de sair com os estudantes pelo bairro”, relembra o docente. “À princípio, as pessoas da comunidade não entendiam o projeto. Desde 2011, comecei essa prática de forma continuada e então a comunidade começou a olhar de outro jeito.”

Projeto “ Aula Pública, um dos princípios básicos do reconhecimento e ocupação do espaço” foi um dos dez vencedores do Prêmio Territórios Educativos.
Além de alunos, professores, gestores e moradores da região participam da aula pública.

Iniciativa do Instituto Tomie Ohtake em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e com patrocínio da Instituição Estácio, o Prêmio Territórios Educativos apresentará, através de uma websérie, um resumo dos respectivos processos e resultados dos dez projetos vencedores. Além disso, os professores, correalizadores e participantes dessas experiências serão convidados para encontros de conexão entre si e conversas com especialistas no campo da educação e da cultura.

Articulando a escola com os agentes locais, como coletivos de arte, empresas, ONGs e instituições culturais – além, claro, dos moradores da região –, a Aula Pública acontece mensalmente e está desencadeando um processo de reconhecimento e ocupação do espaço público no Glicério, uma das regiões mais vulneráveis do centro da cidade.

Com saídas regulares pelo entorno da EMEF, os alunos conheceram equipamentos públicos e culturais dos arredores da escola (como o Museu Catavento, Sesc Parque Dom Pedro II, Sesc Carmo, Câmara Municipal de São Paulo, Centro Cultural Banco do Brasil, Caixa Cultural, Sala São Paulo, Museu da Imigração Japonesa, Centro de Gerenciamento do Metrô) e ocuparam a Vila Suíça para a realização de uma aula pública sobre a história do bairro.

“Vejo que está crescendo um movimento de professores que estão tomando a iniciativa de levar seus alunos para a rua. Estou recebendo muitos convites para dar a aula pública em outras escolas, e tenho alunos me cobrando sobre quando será a próxima saída”, revela Magalhães, que incentiva outros professores a se articularem para criar as suas redes locais e, com isso, levar os estudantes para o espaço público.

“Quando me perguntam o que precisa fazer para isso acontecer, digo que é necessário articulação local e organização. Sair da escola qualquer um sai, mas dar uma aula pública já é diferente. Além de criar laços com os agentes da região, é necessário preparar a aula, pesquisando e estudando sobre o local a ser desbravado. Também é preciso que a coordenação escolar conceda autorização para tirar os alunos da sala de aula”, enumera. “Com planejamento e força de rede, qualquer escola, em qualquer cidade pode sair a qualquer momento.”

Aprender na Cidade

No início da aula na rua, elaborada sob o tema “Conhecendo o Território do Glicério e suas Transformações Urbanísticas”, os estudantes da EMEF percorreram o muro da escola narrando a trajetória dos desenhos que o cobrem – produzidos por eles mesmos em sala.

De acordo com Magalhães, cerca de 70 pessoas estiveram presentes – entre alunos, docentes, gestores, integrantes de coletivos locais e moradores da comunidade do Glicério. Alunos paquistaneses, sírios e haitianos também integraram a expedição, que passou pelas ruas Anita Ferraz e dos Estudantes – com suas escadarias e consolidada como uma das primeiras ruas de lazer da capital paulista – e terminou na Vila Suíça, considerada pelo docente como um patrimônio do bairro.

Projeto “ Aula Pública, um dos princípios básicos do reconhecimento e ocupação do espaço” foi um dos dez vencedores do Prêmio Territórios Educativos.
Projeto acontece desde 2011 e já percorreu diversos pontos da cidade.

O professor de geografia analisa a importância de um projeto que transforma a cidade em lugar de aprendizado permanente. “As próprias crianças percebem que a aprendizagem não é só deles, e se expande para quem está fora da escola. Todos têm o direito de ouvir e aprender, e muitos não tiveram a oportunidade de estar dentro da escola. É fundamental que a educação saia desse círculo fechado e se amplie para o espaço urbano.”

A próxima aula pública já tem data para acontecer: no dia 20/10, os alunos da EMEF Duque de Caxias caminharão até a Igreja Nossa Senhora da Paz, que recebe uma grande quantidade de imigrantes, vindos principalmente do Haiti.

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