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publicado dia 13 de dezembro de 2016

Premiação reconhece experiências que fortalecem os Direitos Humanos em SP

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Homenagear as pessoas e projetos ligados aos Direitos Humanos e que tenham impacto direto nas escolas e territórios da cidade de São Paulo. Foi com essa intenção que a cidade de São Paulo recebeu, nesta segunda-feira (12/10), a cerimônia de entrega dos prêmios Educação em Direitos Humanos, Dom Paulo Evaristo Arns e de Direito à Memória e à Verdade Alceri Maria Gomes da Silva.

Este último, entregue pela primeira vez em 2016, foi criado pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, que seguiu a recomendação da Comissão da Memória e Verdade da Prefeitura de São Paulo. É batizado com o nome de uma mulher negra e operária, assassinada em 17 de maio de 1970, aos 26 anos. Militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), Alceri foi morta com quatro tiros por agentes da Oban e enterrada como indigente no cemitério municipal da Vila Formosa.

Vencedor do prêmio, o advogado e jurista Fábio Konder Comparato – responsável pelo questionamento da constitucionalidade da Lei da Anistia – dedicou a premiação ao povo afro brasileiro, “cuja dignidade admiro pelo sacrifício prestado a todos nós durante séculos”. O prêmio também entregou menções honrosas ao Centro de Antropologia e Arqueologia Forense da Unifesp (CAAF), criado há dois anos para identificar mais de mil ossadas da vala clandestina no Cemitério Dom Bosco, em Perus, e à cineasta Tata Amaral, que se inspira na resistência à ditadura militar em vários de seus trabalhos, inclusive o último filme, “Trago comigo”.

Padre Jaime: contra o genocídio negro

Em “Trago Comigo”, um diretor de teatro resolve adaptar para os palcos sua própria trajetória como guerrilheiro, preso político, torturado e exilado. Dirigido pela premiada cineasta Tata Amaral, o filme será exibido em diversos CEUs da capital no dia 14/12.

Realizada no Auditório Ibirapuera, a cerimônia de premiação reuniu centenas de pessoas, entre estudantes, professores, seus familiares e gestores públicos. Ao receber o prêmio de Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns, o padre Jaime Crowe foi ovacionado pelo público. O religioso é conhecido pelo trabalho de combate à violência e promoção da cidadania na zona sul da capital paulista.

“Gratidão ao povo que me acolheu em 1969 no Embu das Artes e também ao povo do Jardim Ângela”, começou o irlandês. “Trabalhamos em conjunto, construindo e caminhando. Não cabe no prêmio todos os nomes que fazem parte dessa história. Esse premio é de todos nós.”

Padre Jaime alertou para o genocídio do povo pobre, negro, indígena e periférico que está ocorrendo a plenos pulmões nas bordas da cidade. “Lembro de um momento em que Dom Paulo Arns, que dá nome à esse prêmio, entrou na arquidiocese dizendo que não está certo o Estado armar jovens pobres, pretos e periféricos para prender, julgar e matar seus iguais. Não está certo uma cidade que vive tantas diferenças e desigualdades”, apontou.

“Esta premiação mostra que, se são criadas oportunidades para tanto, a juventude mostra o seu potencial. Vamos todos cantar em coro: nenhuma morte a mais, nenhum jovem a menos”, pediu o padre. Presente à cerimônia, o prefeito Fernando Haddad (PT) destacou a importância de se homenagear o trabalho de cidadãos “que a todo momento nos lembram de nossos deveres para com o próximo”. Citando os diversos povos e culturas que tornam a cidade multifacetada e heterogênea, Haddad afirmou que “o respeito mútuo é a base da diversidade. Pensar em Direitos Humanos é lembrar que todos pertencemos a uma mesma comunidade e que é preciso preservar esse sentimento.”

Educação em Direitos Humanos

Os projetos de Educação em Direitos Humanos foram avaliados por uma comissão julgadora composta por Paulo Vannuchi, Margarida Genevois, Moacir Gadotti, Maria Victoria Benevides, Maurício Piragino, Flávia Inês Schilling, José Sergio Fonseca Carvalho, Vera Masagão e Marco Antonio Barbosa.

Dividida em quatro categorias: Grêmio, Estudantes, Professores e Unidades Escolares,  a premiação de Educação em Direitos Humanos busca incentivar e promover o fortalecimento da educação em direitos humanos nas escolas da rede municipal de ensino.

“Não é fácil debater e organizar o tema de Direitos Humanos em escolas de uma cidade como São Paulo”, afirmou a vice-prefeita e secretária de Educação, Nadia Campeão, “pois nossa realidade é muito contraditória, com diversas situações de dificuldade nos entornos da escola que causam impactos dentro dela.”

A 4ª edição do Prêmio aconteceu sob o recente lançamento do Plano Municipal de Educação em Direitos Humanos (PMEDH), documento aprovado no dia 6/12 e que tem o objetivo de consolidar e institucionalizar as experiências na área em curso na capital paulista. Os 14 vencedores do Prêmio abarcaram temas diversos, como cultura de paz, violência doméstica, bullying, homofobia, inclusão e território. Além de reconhecimento pelo seu esforço e trabalho, os projetos recebem como premiação livros e matérias do acervo da Coordenação de Educação em Direitos Humanos e também uma quantia em dinheiro.

Campo Limpo: território educativo

O 4º Festival de Direitos Humanos prossegue até sábado (17/12), com atividades gratuitas em diversos pontos da cidade, promovendo a ocupação do espaço público e debatendo temas relacionados aos direitos humanos e a promoção da cidadania. Confira a programação completa do evento.

Vencedora da categoria Unidades Educacionais com o projeto “Revitaliza Campo Limpo: Mais cultura, esporte e educação”, a EMEF Dr. Sócrates Brasileiro também conseguiu muitos aplausos do público. A iniciativa pede a construção de um espaço de cultura no terreno baldio vizinho à escola, local que servia para descarte de entulho e tráfico de drogas. A escola, a partir de 2015, se uniu com comunidade e coletivos do território pra revitalizar o espaço.

Em entrevista ao Portal Aprendiz, o professor de História da instituição, Antônio Marcatti, estendeu as comemorações à comunidade escolar. “Pensamos não só na escola, mas principalmente na sua inserção no território. O prêmio nos dá força para manter a mobilização”, acredita. Agora, espera-se um posicionamento mais firme do poder público referente ao processo de anexação do terreno, que está em andamento.

“Sempre fizemos questão de relacionar esse espaço com o projeto pedagógico da escola. Estudamos o entorno da escola, o processo de ocupação do bairro, as modificações realizadas no córrego Olaria, que passa ali, a densidade populacional e as políticas públicas para periferia. O território veio para dentro da escola, que saiu de si mesma, instrumentalizando as pessoas através do conhecimento, para que tenham ainda mais ferramentas para lidar e modificar sua realidade”, define o educador.

Para o secretário municipal de Direitos Humanos, Felipe de Paula, os prêmios reconhecem aqueles que fazem a diferença no território e na rua. “São atividades importantes, que mudaram a cara da cidade e a forma como ela se relaciona com as pessoas”, finaliza.

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