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publicado dia 17 de novembro de 2017

5 livros infantis sobre ancestralidade, cultura e identidade negra

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Saber a história dos quilombos brasileiros ou de reis e rainhas da África, olhar-se no espelho e admirar os cachos formados no cabelo, os traços de origem africana, ter orgulho de sua cor. Estes são alguns momentos marcantes  no processo de reconhecimento da identidade e valorização da ancestralidade e da cultura afro na vida de uma criança negra.

Por isso, em homenagem ao Dia da Consciência Negra, o Portal Aprendiz convidou autoras do catálogo de Escritoras Negras da Bahia para recomendar publicações voltadas ao público infantil que abordem esse tema e tenham sido criadas por homens e mulheres negras. São histórias que prezam pela representatividade, diversidade e valorização de uma cultura que resiste às tentativas de apagamento e ao racismo estrutural da sociedade brasileira.

“As crianças das gerações passadas cresceram ouvindo na escola histórias em que o negro não existia, uma construção estereotipada intencionalmente no intuito de erradicar a força dessa raça. Fomos crescendo sem nos ver nas famílias apresentadas em livros didáticos ou pela mídia”, resume Aidil Araújo Lima, contista e cronista natural de Cachoeira (BA), que integra o acervo do projeto.

Criado em 2017 pela jornalista e também escritora Calila das Mercês, o Escritoras Negras da Bahia busca reverter esse cenário, registrando a memória e catalogando as escritoras baianas e negras da contemporaneidade. A proposta é ampliar as vozes que compõem a produção literária do estado, inspirando novas referências. Atualmente o catálogo conta com 19 escritoras, poetisas ou contistas de oito cidades diferentes da Bahia.

Confira a lista elaborada pelas autoras:

 

1) Cada um tem seu jeito e cada jeito é de um

Livros contra o racismo: Cada um com seu jeito, cada jeito é de um

Autor: Lucimar Rosa Dias
Recomendado por: Érica Azevedo

Apresentar o universo literário à criança é essencial para despertar o gosto pela leitura, ao mesmo tempo que auxilia na assimilação de valores sociais.  E este é um livro que leva o leitor a perceber com naturalidade as diferenças existentes na família e na sociedade.

Luanda, a protagonista, é uma menina que gosta de diversas brincadeiras, que adora sua pele, seu sorriso e “seus cabelos cheios de rolinhos”. Reconhecer as diferenças entre as pessoas e valorizar o jeito de cada um é um dos aprendizados da obra, algo fundamental para a formação das crianças.

 2) Betina

Livros contra o racismo: Betina

Autor: Nina Lino Gomes
Recomendado por:  Aidil Araújo Lima

A história de uma menina negra que adora seus cabelos crespos e brinca com eles, inventando penteados para as irmãs, vivendo harmoniosamente com suas colegas brancas, que se encantam com seu cabelo. Quando a avó penteava os cabelos de Betina, elas conversavam, cantavam e contavam histórias. Com o passar do tempo Betina é convidada para falar sobre a história de seu povo que foi passada de geração em geração. Orgulhosa lembra-se da avó, havia ido de encontro aos antepassados, sorri.

 3) Bucala: a princesa do Cabula

Livros contra o racismo: Bucala

Autor: Davi Nunes
Indicado por: Ana Fátima dos Santos e Lidiane Ferreira

 Ana Fátima dos Santos: A publicação, além de contemplar a imagem da criança negra amando seu cabelo, tendo consciência da importância de seus ancestrais negros, está reunida com sua família na trama, respeita os animais e seu território, que é o quilombo. O livro também traz um pouco da história do Quilombo do Cabula e reforça a ideia de respeitar os mais velhos em idade e sabedoria.

Lidiane Ferreira: Mesmo estando num momento doloroso para a população negra, tal como foi o colonialismo, Davi Nunes evidencia, através da nossa pequena protagonista, que não só de tristeza vivia (e vive) o povo negro. Coberto de ludicidade e profundidade, evidencia o respeito aos mais velhos, o amor entre a família e a comunidade, não limitando a capacidade de interpretação e o olhar crítico da criança. Outra questão muito bem-apresentada está na valorização da estética negra.

A obra foi publicada em 2015 pela Editora Uirapuru e pode ser apreciada por leitores iniciantes,  por estar escrito em letras maiúsculas, o que facilita e dá mais autonomia aos nossos leitores mirins nessa viagem.

4) Os nove pentes d’África

Livros contra o racismo: Os nove pentes d'África

Autor: Cidinha da Silva
Indicado por: Lidiane Ferreira

Cidinha da Silva, em Os nove pentes d’África, busca evidenciar a sabedoria, assim como a solidez dentro de uma família negra brasileira. A narrativa foge dos estereótipos de uma família negra desestruturada, evidenciado a sabedoria dos personagens, bem como as relações afetivas, tanto entre a família por inteiro como no negro-amor de Francisco Ayrá e Berna. O ponto central da narrativa se dá na entrega dos pentes aos nove netos. Ilustrada por Iléa Ferraz, na obra, cada pente possui uma característica diferente, o que possibilita pensar mais profundamente os personagens e a magia que este presente carrega.

 Os nove pentes d’África nos envolve do início ao fim, através da importância da ancestralidade para a manutenção de valores civilizatórios africanos. Apesar de ser classificado como um texto literário juvenil, acredito que pode ser lido por crianças a partir dos oito anos, pois seus curtos capítulos possuem independência, podendo assim, serem lidos também de forma isolada, sem que a compreensão seja prejudicada

 5) Adumbi

Livros contra o racismo: Adumbi

Autor: Mel Adún
Indicado por: Lidiane Ferreira

Publicado em 2016 pela editora baiana Ogum’s Toques Negros, o conto Adumbi é o segundo volume da série Contos de Mel e narra a história de Adumbi, um menino esperto que, como muitas crianças, se dispersa no meio de algum pedido que os pais (ou responsáveis) o fazem. Adumbi perdeu-se em brincadeiras com suas amigas conquém. E o pedido da avó? Onde foi esquecido? A partir daí se inicia uma grande aventura, com direito a ansiedade, medo, muita magia e ludicidade.

A obra também faz referência ao Candombl, ao colocar no enredo o porta-voz de Orumilá, o Ifá. Adumbi, com sua ilustração rica em detalhes e uma escrita envolvente, deve ser um livro de cabeceira, por sua ludicidade e capacidade de cultivar valores civilizatórios africanos.

 

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