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publicado dia 14 de novembro de 2018

Pesquisa aponta como São Paulo vive suas relações raciais

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*Por Airton Goes, da Rede Nossa São Paulo

Passados 130 anos de vigência da lei que pôs fim formal à escravidão no Brasil, o preconceito e a discriminação contra os negros persistem. Em São Paulo, o problema é percebido pela maioria da população e pode ser traduzido pelos números da pesquisa “Relações Raciais na Cidade”.

Divulgado nesta terça-feira (13/11) pela Rede Nossa São Paulo e Ibope Inteligência, em parceria com o Sesc São Paulo, o levantamento revela, por exemplo, que dois terços dos paulistanos (66%) acreditam que pessoas negras têm menos oportunidades no mercado de trabalho do que as brancas. Para 27%, as oportunidades são as mesmas.

Entre os entrevistados que se autodeclaram pretos e pardos a percepção de desigualdade no campo profissional é ainda maior: 73% deles sentem que têm menos oportunidades no mercado de trabalho e 21% dizem que são iguais.

Sobre a pesquisa

Foram entrevistados 800 moradores de 16 anos ou mais da cidade de São Paulo. O intervalo de confiança é de 95% e a margem de erro máxima estimada é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados totais.

As diferenças são visíveis já no perfil da amostra, pois apenas 3% dos pretos e pardos pesquisados fazem parte da Classe A (pessoas de renda mais alta), enquanto entre os brancos esse índice é cinco vezes maior, ou seja, 15%.

Os dados se invertem na base da pirâmide social, onde estão os mais pobres. Apenas 4% dos brancos entrevistados pertencem às classes D e E, percentual quatro vezes menor que pretos e pardos (12%).

O perfil da amostra revela ainda que os brancos são mais escolarizados – 39% têm curso superior, contra 18% dos pretos e pardos – e possuem maior renda familiar – 41% recebem mais de cinco salários mínimo mensais, enquanto o índice é de 20% para pretos e pardos.

Além de apresentar dados que comprovam a persistência do preconceito e da discriminação contra a população negra na cidade, a pesquisa revela ainda que o problema não está diminuindo. Ao contrário, sete em cada 10 paulistanos avaliam que a situação se mantém (40%) ou aumentou (30%) nos últimos dez anos. Outros 25% dizem que houve diminuição e 5% não sabem ou não responderam.

Mais uma vez, a percepção de pretos e pardos sobre o tema é mais aguda. Para 77% deles, o preconceito e a discriminação aumentaram (39%) ou ficaram no mesmo patamar (38%). O percentual dos que consideram que houve redução é de 19%.

Já entre os brancos, 23% acham que houve crescimento e 42% disseram que situação permanece igual. Para 29% deles, o problema diminuiu na última década.

Somando todo o universo da amostra e fazendo o recorte por faixa etária, a percepção de que o preconceito e a discriminação têm aumentado é maior entre os jovens de 16 a 24 anos (42%).

duas mulheres negras olham carro na 14ª marcha da consciência negra
14ª Marcha da Consciência Negra, em São Paulo / Crédito: Jornalistas Livres

Outro ponto abordado pela pesquisa “Relações Raciais na Cidade” é se há ou não diferença no tratamento de pessoas negras e brancas em diversos espaços e equipamentos públicos da capital paulista. Em seis dos oito locais avaliados, essa distinção é percebida por, pelo menos, 50% dos entrevistados.

Shoppings e estabelecimentos comerciais, com 66%, e no trabalho, que registrou 62%, são os locais onde essa diferença de tratamento são mais perceptíveis para os paulistanos.

O índice só fica abaixo de 50% no ambiente familiar (25%) e no local onde mora (45%). Porém, para os entrevistados que se autodeclaram pretos e pardos apenas o ambiente familiar, com 31%, situa-se nesse campo. Na outra ponta, 75% deles percebem diferença de tratamento em shoppings e estabelecimentos comerciais e 70% sentem o mesmo no ambiente de trabalho.

Diante dos inúmeros dados que revelam a persistência do preconceito e da discriminação contra os negros, o poder público poderia desempenhar um papel importante para enfrentar o problema.

Entretanto, para 77% da população de São Paulo a prefeitura “não tem feito nada” (27%) ou “tem feito pouco” (50%) para combater o preconceito e a discriminação na cidade. Na avaliação de 10% dos entrevistados, a administração municipal “tem feito muito”, enquanto 13% não sabem ou não responderam.

Confira aqui a apresentação da pesquisa.

Os dados serão apresentados no Sesc Campo Limpo, às 14 horas, em evento público que conta também com um debate sobre o tema, além de atividade cultural. Tudo como forma de celebrar o Dia da Consciência Negra, que acontece na próxima terça-feira (20/11).

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