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publicado dia 21 de novembro de 2018

Estudantes de escola pública criam dicionário de línguas indígenas

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*Matéria originalmente publicada na Agência Brasil. A autoria é de Mariana Tokarnia. 

Mba’éichapa significa olá na língua indígena guarani. Foi esse simples cumprimento que inspirou o projeto Dicionário Indígena Ilustrativo: resgatando as línguas ofaié e guarani. Estudantes do 6°ano do ensino fundamental da Escola Municipal Antônio Henrique Filho, de Brasilândia (MS) produziram um dicionário com ilustrações próprias das duas línguas. O livro chegou a ser distribuído nas escolas do município e para a biblioteca da cidade.

O Dicionário Indígena Ilustrativo é um dos premiados no Desafio Criativos da Escola, cujos vencedores foram anunciados na terça-feira 13.

Segundo os estudantes, há apenas cinco falantes da língua ofaié. Os mais jovens não chegaram a aprender o idioma. O projeto começou quando a professora de história da escola, Marciana Santiago de Oliveira, ouviu dois estudantes indígenas se cumprimentando.

“Os alunos indígenas estudam à tarde, pela dificuldade para se deslocarem até a escola. Eu sempre dei aula de manhã, quando mudei para a tarde, a presença deles foi novidade para mim. Eles falaram essa palavra e eu achei interessante”, disse. Ela se aproximou do grupo e começou a conversar sobre o idioma. O assunto foi novidade também para os alunos não indígenas, que já conviviam com os colegas, mas que não conheciam a cultura deles.

A ideia de criar um dicionário dos idiomas foi construída em conjunto com os estudantes, a partir dos relatos deles.

Tânia Rodrigues da Silva Lins, 13 anos é uma das estudantes que faz parte do projeto. Ela é da etnia Ofaié, mas, como os demais jovens, não chegou a aprender o idioma. “A gente não tem muita oportunidade de resgatar a cultura e levar para fora. Achei muito legal”, diz. Ela fez entrevistas com quem ainda fala o idioma na aldeia, uma dessas pessoas, a própria avó, Neuza da Silva, 57 anos.

“Para mim o idioma é difícil, eu nasci falando português. Minha avó, é a mais antiga da aldeia, às vezes ela tenta ensinar a gente e às vezes a gente aprende, mas ela tem vergonha de falar”, diz.

O projeto envolveu tanto os indígenas com as entrevistas e escolhas de palavras, quanto os não indígenas que se interessaram por aprender um pouco das duas línguas. Os alunos produziram ainda um vídeo. Agora, pretendem oferecer oficinas nos colégios da cidade sobre o material que produziram. “A história, se não for para transformar a nossa realidade, não faz sentido”, diz a professora que se emociona ao contar das atividades.

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