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publicado dia 13 de dezembro de 2018

Da oca à palafita: conheça 9 tipos de casas brasileiras

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*Matéria de Julia Brant publicada originalmente no Archdaily Brasil  

As expressões regionais da cultura de um país representam um dado significativo que ajuda a entender a relação do contexto e das condições específicas com as mais diversas formas de manifestação social. Essas nuances e singularidades dentro do âmbito da construção se traduzem no que pode ser entendido como arquitetura vernacular. Apesar de sempre ter existido, esse universo dos exemplares locais de arquitetura a partir de materiais, técnicas e soluções construtivas regionais veio a ser bastante estudado no Brasil na segunda metade do século XX, em um projeto de traçado da história arquitetônica nacional encabeçado por Lucio Costa.

Trata-se de um tipo de arquitetura que, além de representar um dado cultural inegável e um saber que é passado de geração em geração, costuma ser altamente sustentável ao se basear em uma lógica que incorpora materiais de baixa energia incorporada e técnicas locais, com soluções pensadas para se adaptarem, de forma passiva, ao clima e condições específicas.

Assim como na maioria dos países, no Brasil, grande parte dos exemplares de arquitetura vernacular se manifesta na tipologia residencial. Conheça a seguir, alguns desses casos que, de norte a sul, contribuem para formação das identidades regionais e carregam um forte sentido histórico para uma leitura plural dentro da narrativa da formação da arquitetura brasileira.

Oca (ou Oga)

oca construída pela etnia kamaiurá
Oca Kamaiurá, etnia do Alto Xingu / Crédito: Imagem via Wimimedia

Conhecida tipologia residencial indígena no Brasil, a Oca (em tupi) ou Oga (guarani) é uma das unidades formadoras das aldeias. Construída geralmente de palha e madeira, sem divisórias internas, é um espaço de habitar coletivo e de desenvolvimento de tarefas cotidianas, como a produção de alimentos e objetos artesanais.

Maloca

construção de maloca
Construção de maloca da comunidade Xinguano Kuikuro / Crédito: Archdaily

Outro modo de habitar indígena, encontrado sobretudo na Amazônia brasileira e colombiana, é representado pelas malocas, ou casas grandes, que são construções maiores que as anteriores e com divisórias internas, dentro das quais habitam vários grupos familiares. Cada tribo confere à arquitetura e organização do espaço características específicas.

Quilombo

casa de pau-a-pique em quilombo baiano
Casa do Quilombo do Kaonge, Cachoeira (BA) / Crédito: Pedro Levorin

Os quilombos surgiram como espaços de ocupação e resistência de escravos africanos e afrodescendentes em todo o território americano. Com ocorrência registrada em mais de 25 estados do país, os quilombos representam uma forma de ocupação consolidada de norte a sul do Brasil.

Palafita

casa de palafitas em manaus
Palafitas em Manaus. Imagem / Crédito: Giovana Tozzi

Recorrentes em áreas com altos índices pluviométricos, as palafitas são construções residenciais sobre estacas com ocorrência em locais alagadiços. No caso brasileiro, é comum encontrar exemplares dessa tipologia sobretudo na região norte.

Barraco

favela de Paraisópolis
Barracos da Favela de Paraisópolis, São Paulo / Crédito: Fernando Stankuns

São denominadas genericamente de “barraco” as construções presentes nas favelas em todo o mundo. No caso brasileiro, são tipicamente construídos em alvenaria sem reboco. Esse tipo de residência representa a realidade de uma parcela significativa da população urbana do Brasil, já que, segundo levantamento do IBGE, o país possuía em 2010 mais de 6.300 favelas.

Casa Bandeirista

casa bandeirista
Casa-Sede do Sítio Ressaca / Crédito: cortesia de Shieh Arquitetos Associados

Com ocorrência registrada nos séculos XVII e XVIII, a Casa Bandeirista é um representante da arquitetura colonial de contexto rural paulista. Apesar de ser construída, como muitas outras tipologias à época, em taipa de pilão, caracteriza-se sobretudo pela organização de sua planta, quase sempre retangular ou quadrada, com distribuição simples de ambientes e aberturas na fachada.

Casa de Pau a Pique

casa de pau a pique na bahia
Casa de pau a pique em Santiago do Iguape, Cachoeira, Bahia / Crédito: Pedro Levorin

Esse tipo de arquitetura vernacular mostra uma técnica construtiva altamente disseminada no período colonial. Também conhecido como taipa de mão ou taipa de sopapo, o pau a pique é um método que se baseia na forma de construção das paredes a partir de uma trama de peças de madeira ou bambu fixadas no chão, amarradas por cipós, que conforma o espaço vazio a ser preenchido manualmente com barro.

Casa de Taipa de Pilão

casa da taipa de pilão no meio do sertão do ceará
Casa em Maranguape, Ceará, Brasil / Crédito: Archdaily

Assim como o pau a pique, a taipa de pilão é um método construtivo introduzido no vocabulário brasileiro no período colonial graças à sua durabilidade e maior facilidade construtiva em relação à alvenaria ou pedra. No caso da taipa de pilão, a fôrma de madeira – após receber o preenchimento de terra, cal e cascalho que, por sua vez é compactado mecanicamente com pilões de madeira – é removida.

Casa de Enxaimel

casa em santa catarina no estilo enxailmel
Casa enxaimel Erwin Rux, no Conjunto Rural de Rio da Luz, em Jaraguá do Sul (SC) / Crédito: Cortesia de Iphan

De origem alemã, a técnica do enxaimel (Fachwerk) chega ao Brasil no contexto de ocupação do sul do país por imigrantes de origem germânica mobilizada pelo imperador Dom Pedro I no século XIX. Por conta disso, seus exemplares se restringem praticamente aos estados dessa região, com algumas pontuais ocorrências no sudeste. Esse método construtivo combina peças de madeira encaixadas – sem pregos – formando uma espécie de treliça com elementos horizontais, verticais e diagonais. Os vazios são fechados com tijolos, pedra ou, em alguns casos, terra.

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