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publicado dia 6 de setembro de 2019

O observatório que monitora e cataloga práticas de censura nas artes

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No início de 2019, o governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel cancelou a exposição “Literatura Exposta”, onde aconteceria uma performance do coletivo És uma Maluca. A apresentação consistia na interação de artistas nus com baratas de plástico saindo de um bueiro, em uma alusão à práticas de tortura adotadas pela ditadura militar. A censura foi duramente criticada por artistas, que se manifestaram digital e presencialmente contra a ação governamental. 

Leia +: Como eram a participação social e as lutas identitárias na ditadura militar

O cerceamento às expressões artísticas não é novidade do Brasil. Mesmo antes do regime militar, período de 1964 até 1895, marcadamente reconhecido por práticas de perseguição e prisão de artistas brasileiras do teatro até a música, governos como o de Getúlio Vargas já aparelharam o Estado para coibir ritmos como o samba

Este ano, desde a posse do presidente Jair Bolsonaro (PSL), pipocaram mais casos de censura: algumas oriundas do próprio poder executivo, como o veto a um edital de produção cinematográfica LGBTQ+, ou de aparelhos do Estado, como a Polícia Militar, que interrompeu um show do músico BNegão e a banda Seletores de Frequência em Bonito (MS) onde ele se manifestava contra o atual governo

Foram relatos como esse que fizeram o coletivo de jornalismo cultural Nonada – Jornalismo Alternativo criar o Observatório de Censura À Arte, uma página que monitora e cataloga práticas de censura no meio artístico. 

“Há meses começamos a receber relatos de censura em diversos tipos de manifestação artística: um show foi interrompido, uma exposição foi cancelada. Isso está acontecendo em diversos pontos do Brasil”, explica Thaís Seganfredo, editora do site. 

Censura moral e político-partidária 

Nas dezenas de relatos recebidos e catalogados pelo Observatório, Thaís destacam-se dois tipos de censura:

“Os impeditivos para uma performance, show ou outra manifestação artística acontecer são questões morais – quando uma obra ou o objeto artístico contém nudez ou alguma temática sexual. A outra decisão é política, principalmente críticas ao governo de Jair Bolsonaro”, relata a editora. 

Um dos casos recentes foi o cancelamento da mostra Independência em Risco, que reuniu charges políticas na Câmara Municipal de Porto Alegre (RS). Nela, havia uma crítica ao atual presidente, e a mostra foi reprimida  pela vereadora Mônica Leal (PP), que alegou que a obra era “desrespeitosa”. 

Thais diz que o Observatório segue recebendo relatos, e que daqui um mês o site estará no ar. As histórias podem ser enviadas por e-mail: [email protected] ou pelo formulário: https://forms.gle/n9rtLyGN1EVy4bPr8.

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