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publicado dia 7 de janeiro de 2020

Como trabalhar cultura popular brasileira na escola

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Carnaval, bumba meu boi, procissões, festas de São João, artesanato em cerâmica, culinária regional, maracatu e frevo, música folclórica. A cultura popular brasileira é uma das mais ricas do mundo, graças à extensão territorial do país e as diferentes origens dos povos que formam essa terra.

Trazer para a escola um pouco dessas crenças, danças e músicas, mitos e lendas, culinárias, vestimentas, brincadeiras, comidas típicas e formas de comunidade é uma maneira de estreitar os saberes sobre nossa história, valorizar a diversidade e promover o respeito a diferentes culturas e modos de ser. Além disso, ajuda na construção de identidades, do senso de coletividade e de pertencimento.

A arte-educadora paranaense Bruna Janaina Batagin pesquisa cultura popular há cinco anos e gosta muito de trabalhar o tema em sala de aula com seus alunos do ensino fundamental e médio do Colégio Estadual Sertãozinho, em Matinhos (PR).

“Trabalhar com cultura popular na escola firma nossa identidade enquanto um povo múltiplo, que nasceu de uma mistura muito rica. Saber de onde viemos, nossa música, nossos ritmos, nossas danças e nossos personagens nos mostram de forma lúdica o caminhar da nossa história”, afirma.

Para ela, construir conhecimento a partir de elementos do Brasil faz com que crianças e adolescentes se reconheçam também como cidadãos. “Faz com que eles tenham orgulho de nossas raízes e traz força para uma afirmação cultural, além de fortalecer o ser para construção do futuro e transformação positiva da sociedade”, define Bruna.

Como trabalhar em sala de aula

Bruna conta que o trabalho em sala de aula sempre começa com a apresentação da história de algum grupo social. “Eu gosto muito de trabalhar conceitos teóricos com ritmo, tempo e compasso. Assim, apresento alguns ritmos tradicionais aos alunos, como coco de roda ou maracatu e trabalhamos a musicalidade e corporalidade desses ritmos. Faço com que os estudantes experimentem seus corpos de forma prática, trabalhando de forma interdisciplinar a cultura popular e a história dos povos”.

Mas falar sobre cultura popular brasileira é um assunto tão vasto e completo que pode ser trabalhado de forma interdisciplinar pelos professores. Uma dica para começar a esboçar um projeto é mapear as datas comemorativas do calendário oficial brasileiro, que podem servir para nortear o desenvolvimento das atividades.

Começar pelas tradições locais para, depois, ampliar para outras regiões pode ser uma boa maneira de envolver os alunos e as famílias nas atividades, além de valorizar os conhecimentos locais.

Aliás, estimular o contato com diferentes pessoas da comunidade próxima da escola é uma das melhores formas de se inserir no universo da cultura popular, como indica Bruna:

“A tradição oral é uma das coisas que mantém vivas certas práticas culturais. São conhecimentos que podem até estar em livros, mas são mais ricos se vivenciados pelas pessoas. Com certeza perto da sua escola tem alguém que pode trazer muitos ensinamentos aos alunos, seja de lendas, músicas, brincadeiras, culinárias ou instrumentos musicais”.

Existem alguns projetos especializados em aumentar o repertório sobre música e cultura popular brasileira das escolas. Conheça abaixo dois deles:

Ciranda de Quintal

Partindo do princípio de que a cultura popular é uma fonte inesgotável de brasilidade, o projeto Ciranda de Quintal oferece programas artísticos e pedagógicos para escolas, professores, alunos e pais.

O objetivo é estimular o desenvolvimento lúdico e apresentar diversos “Brasis” para as crianças da educação infantil e dos anos iniciais do fundamental. Assim, o projeto leva jongo, frevo, cavalo marinho, caboclinho, seresta e outros tantos ritmos nacionais e brincadeiras para a escola.

Como o nome já deixa claro, o Ciranda de Quintal é embasado em três princípios fundamentais: ciranda, símbolo da união e do fortalecimento da comunidade, quintal, que representa o espaço do brincar, da criatividade e da imaginação, e arte e cultura brasileira.

O projeto, que pode ser contratado pela escola, costuma durar um ano e contempla livro, CD e DVD para os alunos com apresentação do programa, letras e partituras das músicas trabalhadas. Os professores recebem também oficinas de capacitação e de ampliação de repertório de vivências e brincadeiras, além de o acompanhamento de uma assessoria pedagógica online.

apresentação do projeto música em família
Projeto Música em Família / Crédito: Divulgação

Música em Família

Criado em 2008, o Música em Família tem o objetivo de conectar famílias, escola e crianças através da música. A coleção contém quatro livros e dois CDs que podem ser usados conforme a necessidade das escolas e das famílias.  Mais de 400 escolas de todo o Brasil já aderiram ao projeto desde sua criação, gerando impacto para cerca de 30 mil alunos e dois mil professores a cada ano.

O material tem foco na livre expressão e autoria da criança por meio do brincar e das diversas linguagens artísticas. São propostas pedagógicas que valorizam a experiência e a produção cultural da criança, fortalecendo desenvolvimento integral. Por isso, podem ser usados por professores de diversas áreas, de Música a Artes, de Língua Portuguesa à Educação Física, e relacionados com os conteúdos que já fazem parte da grade curricular.

“O material que desenvolvemos é um disparador para o protagonismo do professor e da criança. É um projeto de experiências, um estímulo para que as pessoas vivam bons momentos através da música, das rodas de conversa e das brincadeiras”, explica a idealizadora Paula Santisteban.

Para construir os livros e os álbuns, Paula e seu parceiro Eduardo Bologna fazem ampla pesquisa musical e pedagógica. Cada um dos quatro volumes traz um tema que contribui para aumentar o repertório artístico dos envolvidos.

Receita da Felicidade, por exemplo, é inspirado no jazz francês dos anos 30 e traz ilustrações com referências na Art Nouveau. Já o Movimento, que contou com a consultoria do Instituto Alana, é inspirado no movimento cultural brasileiro Tropicália e tem como foco a voz e a expressão artística da criança.

“Temos uma escola de Marabá que finalizou o projeto dentro de uma aldeia indígena. Outra na fronteira do Paraguai com o Brasil que usa nosso material para promover a integração das duas culturas. E em Sobral, fui recebida por uma mãe que estava muito emocionada por ver, pela primeira vez, o filho autista cantando música e participando de um evento na escola. Esses feedbacks me deixam muito feliz, porque sei da potência que estamos construindo com esse projeto”, acredita.

*Matéria originalmente publicada no site da Fundação Telefônica Vivo

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