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publicado dia 1 de setembro de 2020

Como aproveitar espaços abertos e a natureza para a aprendizagem

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Mesmo antes da quarentena no Brasil, muitas crianças e adolescentes não tinham o costume ou a oportunidade de brincar e ocupar espaços abertos e naturais, sobretudo nos grandes centros urbanos do país. O contexto da pandemia tornou essa possibilidade ainda mais distante, considerando a necessidade de isolamento domiciliar. Entretanto, quando for seguro para todos voltarem às escolas, estimular e garantir as condições para que eles passem tempo ao ar livre pode ser uma maneira de unir um ambiente com maior biossegurança ao bem-estar e ao direito dos estudantes de ocupar diferentes territórios e estar em contato com a natureza.

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Foi partindo dessa premissa que o Instituto Alana, por  meio do Programa Criança e Natureza, lançou o documento Planejando a reabertura das escolas – A contribuição das pesquisas sobre os benefícios da natureza na educação escolar. O intuito é auxiliar redes de educação e escolas a incluírem em seus planejamentos o uso de espaços abertos e naturais no retorno às aulas presenciais. A publicação tem por base pesquisas sobre os benefício da aprendizagem em meio à natureza, experiências passadas de pandemias, e a forma como escolas internacionais estão realizando essa reabertura hoje.

Matéria publicada originalmente no site Centro de Referências em Educação Integral. A autoria é de Ingrid Matuoka.

“As crianças vivenciaram um período de dificuldade e, em alguns contextos, pode inclusive ter sido bastante traumático. Agora precisamos cuidar da dimensão emocional e física delas, algo que esse isolamento abalou. E estar em contato com a natureza é ideal para isso, até por ser mais seguro estar ao ar livre do que estar em espaços fechados, onde a transmissão do Coronavírus é maior.”, diz Paula Mendonça, assessora pedagógica do Programa.

O documento também parte das diretrizes estabelecidas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e pelo Plano Nacional de Educação (PNE), que preveem a necessidade de estimular a aprendizagem ao ar livre e na natureza, devido a seus diversos benefícios, como a vinculação e pertencimento ao território, estímulo ao cuidado e à preservação da natureza, e o favorecimento do desenvolvimento integral.

“A natureza tem uma grande diversidade de texturas, formas e matérias. Isso aguça a criatividade e o pensamento investigativo sobre ciclos e biodiversidade. Há também o fato de que a natureza promove o bem-estar, e isso traz um estado mais favorável para a criança aprender”, explica Paula.

Do ponto de vista da saúde, o pediatra Daniel Becker avalia que estar na natureza promove o uso funcional e adequado da musculatura, das articulações e da estrutura óssea, bem como a forma física cardiovascular e a respiração correta. “É um antídoto para todos os grandes males que as infâncias enfrentam hoje: distúrbios do comportamento, insônia, hiperatividade, agitação psicomotora, depressão, obesidade, sedentarismo, alergias e miopia.”

Para planejar

A publicação apresenta uma série de insumos para auxiliar no planejamento da realização dessas atividades ao ar livre, como aproveitar os pátios escolares, praças e parques próximos à escola, criar salas de aula temporárias e usar materiais simples para o ensino e a aprendizagem. “As escolas também podem firmar convênio com a Prefeitura para usar parques, praias, jardins, quadras de esporte ou qualquer outro tipo de área aberta ou natural”, indica Daniel.

Entre os cuidados para que esse tipo de atividade aconteça, o documento destaca a necessidade de transporte seguro na ida e na volta, caso não seja possível chegar a pé. Observar se há oferta de água para beber e lavar as mãos, e organizar saídas em pequenos grupos, para que as crianças possam se organizar no distanciamento seguro entre elas e, se possível, em parceria com as famílias para aumentar o número de adultos que acompanharão esse grupo.

“Qualquer decisão que possa ser tomada para a reabertura gradual [das escolas]  precisa ser intersetorial, com a Saúde ajudando nesse planejamento e garantindo que isso possa acontecer de forma segura, a Assistência para entender as vulnerabilidades das famílias, e do Meio Ambiente e Urbanismo para repensar o uso dos espaços abertos. E, por fim, precisamos da parceria da família, para que elas compreendam que estar em meio à natureza é um direito.”, reforça Paula.

 

*Crédito da foto: Antoine Boureau

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