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publicado dia 11 de setembro de 2020

Como está sendo a reabertura das escolas pelo mundo

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Como e quando reabrir as escolas? Essa é a pergunta que têm inquietado a todos, das crianças e famílias ao poder público. E, enquanto o Brasil mantém a maior parte de suas escolas sem atividades presenciais, por causa das condições sanitárias e de proliferação do novo coronavírus, algumas experiências internacionais dão pistas sobre as necessidades e medidas que podem ser tomadas para assegurar um retorno seguro para essas comunidades.

Matéria publicada originalmente no Centro de Referências em Educação Integral. A autoria é de Ingrid Matuoka.

Um dos argumentos mais difundidos entre quem defende não retomar as aulas presenciais agora é o alto índice de novos casos que o Brasil apresenta diariamente: são cerca de 960 atualmente. Em agosto, a renomada revista científica britânica Nature publicou um artigo corroborando esse argumento. Segundo os estudos da publicação, a retomada das aulas presenciais só deve ser considerada quando o índice de transmissão for baixo na comunidade. Mas a experiência de Israel mostra que só isso não é suficiente.

Em maio, quando o país tinha menos de 100 novos casos por dia, todas as escolas foram reabertas. Em pouco tempo, infecções por Covid-19 foram registradas em uma unidade de Jerusalém, e rapidamente se espalharam entre a comunidade escolar e seus familiares, atingindo também outras escolas e bairros. O número de contágios diários subiu e as escolas foram fechadas novamente.

Os especialistas que avaliaram o caso de Israel afirmam que houve essencialmente uma combinação de dois fatores que culminaram no insucesso: baixa testagem da população e regras frouxas para distanciamento, uso de máscaras, higienização das mãos e manutenção de janelas e portas abertas.

Essas são, inclusive, as principais recomendações do órgão americano Centers for Disease Control and Prevention (CDCP), que elaborou um guia sobre como deve ser feita a reabertura.

A reabertura pelo mundo: algumas experiências

Uruguai

Dentre os países ou cidades que conseguiram unir um baixo índice de contaminação entre a população aos protocolos de segurança, a reabertura das escolas tem corrido, até então, com tranquilidade. É o caso do Uruguai, que até agora tem menos de 2 mil casos de Covid-19 e 45 mortes registrados.

No país, as aulas foram retomadas em junho, de forma progressiva e voluntária, começando pelas escolas de Ensino Médio, depois Educação Infantil e Ensino Fundamental. A jornada de aula foi reduzida para quatro horas, com horário de recreio, entradas e saídas escalonados, e os estudantes respondem diariamente a um questionário para monitorar se eles ou algum morador de suas casas está doente.

Alemanha

Em Berlim, na Alemanha, uma dos primeiras cidades europeias a reabrir as escolas depois da quarentena, a volta às aulas presenciais também tem sido bem-sucedida. Isadora Rebello, brasileira que trabalha como professora na Educação Infantil na capital alemã, relata que as escolas fecharam em 17 de março e começaram a receber as crianças, gradativamente, a partir de 22 de abril. A cada semana, o governo publicava uma lista de novos profissionais que estariam autorizados a levar seus filhos para a escola, começando por mães ou famílias que precisavam trabalhar presencialmente, como profissionais da saúde e educadores.

Assim, a cidade também pode aumentar o quadro de professores ativos aos poucos, priorizando os que não faziam parte do grupo de risco. As reuniões com os educadores eram feitas preferencialmente de maneira individual. Quando reunir o grupo era necessário, usavam espaços abertos da escola.

Além disso, no Ensino Fundamental e Médio, as turmas – que, em geral, têm no máximo 20 alunos – foram divididas em dois grupos que alternavam semanalmente entre ir à escola, com carga horária reduzida, e estudar remotamente. Também fizeram restrições de circulação pela escola, nas aulas de Educação Física e nas que envolviam trabalhos manuais. O uso de máscaras tornou-se obrigatório a partir do 6º ano.

Já na Educação Infantil, as regras eram menos rígidas. “Não usamos máscara e não pudemos evitar pegar no colo e abraçar, por causa da relação com os pequenos. Mas isso foi diferente em cada escola, algumas obrigaram professores a usar máscara e face shield. O que todas fizemos em comum foi higienizar as nossas mãos e a das crianças o tempo todo, e restringir a entrada das famílias na hora de deixar ou buscar as crianças na instituição”, relata Isadora.

Estados Unidos

Já em Akron, em Ohio, nos Estados Unidos, as regras para a volta presencial da Educação Infantil foram mais restritas, devido ao alto número de contágio que o país ainda enfrenta. A partir de junho, as famílias puderam escolher se levariam ou não as crianças para a creche, e foi proibida a entrada de familiares no espaço.

“Eu não tive escolha e precisei levar meu filho para a creche em junho, mesmo muito insegura. Mas desde então não teve nenhum caso, então eu fui ficando mais tranquila”, esclarece Giovanna Vanni.

Ela também conta que, ao chegar ou sair, as crianças devem lavar as mãos e ter sua temperatura aferida. Cada educador pode ter em sala, no máximo, 5 ou 6 crianças, que agora se sentam em lugares fixos e delimitados. Os pequenos não usam máscara, item obrigatório para os adultos.

Portugal

Em Algarve, Portugal, as aulas presenciais foram retomadas em 13 de maio, apenas para Língua Portuguesa e Matemática, disciplinas sujeitas ao Exame Nacional, prova que compõe a nota para acesso ao Ensino Superior. As demais disciplinas continuaram a ser lecionadas remotamente.

Nas escolas, os corredores foram demarcados para delimitar os espaços e direções que os estudantes poderiam percorrer, além de vários dispensadores de álcool gel pelos espaços, constante limpeza e desinfecção das áreas e objetos, e distribuição diária gratuita de máscaras. O acesso aos banheiros também era controlado para evitar aglomerações, e as turmas foram divididas em turnos para tornar possível o distanciamento em sala de aula.

“A ordem era ficar sempre que possível fora do edifício, diminuindo o número de pessoas nos espaços fechados. Os horários também foram pensados de forma a evitar que houvesse várias turmas ao mesmo tempo na escola, o que levou a que os horários fossem bastante diferentes dos habituais”, afirma Ana Carolina da Veiga Afonso, aluna de uma escola pública de Ensino Médio na cidade de Faro, em Algarve.

Mas pouco tempo depois, três funcionários das escolas testaram positivo para Covid-19, e as aulas presenciais foram imediatamente suspensas. A ação rápida evitou novos contágios. “As disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática voltaram para o modelo remoto e o Exame Nacional foi adiado”, relata Ana Carolina.

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