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publicado dia 24 de setembro de 2020

Em webinário, agentes do território discutem como intersetorialidade garante direitos em tempos de crise

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A especialista em saúde da família Patrícia Nascimento trabalha na UBS Zona Leste, em São Paulo. Sua atuação de atenção primária dentro do território depende não somente de entender os sujeitos que vivem nele em sua integralidade, mas de uma articulação intersetorial entre saúde, educação, assistência social e outras áreas.

“A saúde é uma política pública forte, mas não consegue lidar sozinha com o sujeito, porque sua saúde e bem-estar também são determinados por fatores sociais como moradia, educação e alimentação. Por isso, precisamos trabalhar com outras políticas para que ele tenha acesso aos serviços públicos e seja atendido de forma integral.”

A premência da articulação intersetorial ficou mais evidente nos quase oito meses de pandemia de Covid-19 e suas consequências, mais agudas em territórios vulneráveis. Durante a crise, a UBS onde Patrícia trabalha e toda sua rede tiveram que atuar em conjunto para garantir atendimento, especialmente para crianças e adolescentes.

Articulações intersetoriais como essa foram discutidas durante o webinário Territórios Educativos: Intersetorialidade em tempos de crise, organizado pela Associação Cidade Escola Aprendiz no dia 23 de setembro. Patrícia e outros atores discutiram como a intersetorialidade garante proteção das infâncias e juventude em situações periclitantes como a pandemia.

“A intersetorialidade abre possibilidades para que esses sujeitos, aumentando o olhar para que principalmente crianças e jovens sejam notados pela rede. Às vezes a escola nota uma situação, outra vez é a assistência, e esse processo de diálogo pode ser muito enriquecedor”, relatou Rafael dos Santos, supervisor técnico da SMADS (Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social) Vila Maria/Vila Guilherme.

O webinário fez parte da programação do projeto “Educação Integral para uma Cidade Educadora: Formação de Agentes Socioeducativos para apoiar o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes da cidade de São Paulo”, realizada pela instituição e com apoio da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), por meio do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (FUMCAD).

Práticas de intersetorialidade: do quilombo à escola 

No quilombo de Cordoaria (BA) estudado pela educadora e pesquisadora Lilian Soares, a  intersetorialidade é uma prática ancestral. Ela está presente na própria configuração dos quilombos, com suas raízes difundidas entre rural e urbano, e também nos saberes de alimentação, cuidado e educação das crianças. Foi sobre essa intersetorialidade ancestral e comunitária que a pesquisadora falou durante o webinário:

“Desde 1575 os quilombos exercem a intersetorialidade, ainda que não com esse nome. Na prática do biju, na agricultura familiar e na venda do excedente, na educação de todas as crianças, quando penso nesses territórios permeados, penso também que é essa ação intersetorial que impulsiona a construção de patamares comunitários por diferentes autores.”

casa de farinha em quilombo de cordoaria
Casa de farinha do Quilombo de Cordoaria
Foto: Alberto Coutinho/GOVBA

Há quilômetros dos quilombos baianos, mas se guiando pelos mesmos princípios articulatórios, a rede de assistência social de Vila Maria e Vila Guilherme, bairros de São Paulo, também trabalha com a ideia de um sujeito integrado ao seu território e comunidade. Rafael apresentou no webinário o projeto Tecendo Redes em Vilas, uma iniciativa intersetorial desenvolvida a partir de mapeamento e apontamentos feitos pela assistência.

“O lugar onde a criança e o adolescente mais passa tempo é na escola. Então começamos a fazer um trabalho dentro das escolas do nosso território. Nelas, elencamos que crianças e adolescentes precisavam de uma ampliação na linha de cuidado. Discutíamos caso, fazíamos encaminhamentos necessários, sempre ampliando”, explica o supervisor.

Foto de Capa retrata Projeto Vale Sonhar, uma parceira entre UBS Jardim Caiçara e escolas da região do Jardim Ângela / Crédito: Escola Sérgio Murillo Raduan

A escola como centro de cidadania dentro do território tem sido experimentada no projeto Território Educativo das Travessias, uma articulação de quatro escolas centrais em São Paulo. Já atuantes antes da pandemia, aproveitando-se do largo e diverso território do centro da cidade, a tétrade escolar intensificou seus esforços intersetoriais durante a crise de Covid-19, como conta a educadora da EMEI Monteiro Lobato Sonia dela Roza.

“Constituímos o projeto território da solidariedade, onde as quatro escolas se uniram para atender as crianças vulneráveis durante a pandemia e ofertar alimento. Fizemos parceria com faculdade, bibliotecas, supermercados em volta. A ideia é que dar sempre – ainda mais agora na pandemia – visibilidade para que as crianças possam ser cidadãs de direitos.”

crianças protestando nos territórios educativos
A articulação do Território Educativo das Travessias já conseguiu até barrar venda de terrenos escolares / Crédito: Vanessa Nicolav

Para acompanhar o resto do debate, e como esses diferentes agentes conversaram e pensaram em soluções de participação social e intersetorialidade durante a pandemia, acesse o canal do programa Educação e Território e assiste o webinário na íntegra

 

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