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publicado dia 21 de outubro de 2020

Projeto une escola e agricultores para levar comida às famílias vulneráveis

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Como outras escolas públicas, a E.E. Professor José Monteiro Boanova, localizada na zona oeste de São Paulo, notou desde os primeiros meses da pandemia os impactos no cotidiano de estudantes e famílias. Núcleos familiares se viram subitamente desempregados e, em alguns casos, foi necessário escolher entre pagar internet e continuar a ter aulas remotas ou se alimentar. 

 “Quando começamos a nos mobilizar para as cestas básicas, percebemos que não cumpriam a necessidade alimentar das famílias. Arroz, macarrão e açúcar são importantes, mas faltavam hortaliças e legumes na cesta!”, recorda a vice-diretora da escola, Sol Horti. 

Há 80 quilômetros da capital, na cidade de Biritiba Mirim (SP), produtores agrícolas também sofriam as consequências da pandemia. Foi o caso de Veruza Siqueira Fernandes. “Antes da pandemia meu principal consumidor eram os grupos de consumo. Assim que iniciou a pandemia, eles encerraram as distribuições, e tive perda de mercadoria na roça e um grande descontrole financeiro.” 

Foi para conectar as necessidades desses territórios distintos e trazer maior diversidade alimentícia à mesa das crianças e adolescentes que a vice-diretora e um grupo de voluntários criou o projeto De Ponta a Ponta.

Por meio de doações, o projeto compra o excedente das roças paulistanas e monta cestas básicas diversas e ricas em alimento que atendem essas famílias. “Toda semana, levantamos a disponibilidade dos produtos e fazemos a encomenda. E na escola os voluntários, que são educadores, mães, pais e estudantes, montam as cestas básicas”, relata Sol. 

hortaliças do projeto de ponta a ponta
A produção agrícola garante uma cesta básica variada e nutritiva / Crédito: Divulgação

A escola como ponto de cidadania

No centro de articulação e conexão entre agricultor e famílias vulneráveis, está a escola. Desde o começo do projeto, docentes e gestores se mobilizaram para utilizar as dependências da unidade como espaço de montagem das cestas, armazenamento de produtos e espaço de acolhida da comunidade escolar que queria tanto contribuir quanto ser ajudada. 

“Não há nenhum serviço referência como a escola. Todo mundo a conhece. Por isso que ela tem que estar aberta não só para o conhecimento, mas para as necessidades da comunidade que atende. Queremos posicioná-la como catalisadora de tecnologias sociais da comunidade”, explica Sol. 

Apoia o Projeto Ponta a Ponta também o Instituto Kairós, organização social que lida com agroecologia e práticas de alimentação saudável. Ele atua como facilitador, articulando o contato entre agricultores já conhecidos e a escola, e também ajudando o projeto a pensar como organizar uma alimentação saudável dentro do espaço escolar.

“A escola num momento de urgência ao invés de se fechar, se abre. É uma referência importante, um ponto de auto-organização das famílias”, pontua Regiane Nigro, coordenadora do projetos do Instituto Kairós. “O Ponta a Ponta pensa agora em desenvolver hortas na escola, em ter uma política de educação alimentar para além da doação”. Produtos locais e PANCs são algumas das possibilidades para a criação dessa horta. 

O que são PANCs?
Acrônimo para Plantas Alimentícias Não Convencionais (PanCs), as PANCs são plantas que embora comestíveis são pouco utilizadas como fonte de alimento a depender da região. A taioba e a ora-pro-nóbis são algumas das mais conhecidas. O Grupo Viveiros Comunitários, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, disponibiliza uma cartilha com as principais PANCs e seus modos de preparo.

Em Biritiba Mirim, os tomates, escarolas e alfaces de Veruza não mais queimam ao sol. A partir do excedente de produção de cada semana, a agricultora tem como ajudar a escola e também gerar renda para seu sustento em um período de crise. “Meu propósito sempre foi o de levar alimentos de qualidade a todos. E estes projetos que ajudam pessoas de baixa renda tornam isso possível.”

 

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