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publicado dia 30 de novembro de 2020

11 conteúdos para crianças que estimulam a educação antirracista

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Cons·ci·ên·ci·a, substantivo feminino: capacidade intelectual e emocional de considerar ou reconhecer a realidade interior e exterior. De acordo com a definição no dicionário, significa também a compreensão de determinado tema, em especial relacionado a questões sociais e políticas.

No dia 20 de novembro é celebrado o Dia da Consciência Negra. Mas em uma sociedade composta por mais da metade da população autodeclarada negra e parda (56,10%), a presença nas escolas particulares, nos cargos de liderança, na política, nas telas e nos livros ainda é proporcionalmente incompatível com o número apresentado.

Matéria publicada originalmente no site da Fundação Telefônica Vivo.

“A negação do racismo estrutural é um dos maiores desafios da nossa sociedade. Precisamos nos questionar em que lugar estamos vendo os corpos pretos, porque é essa presença ou ausência que vai normatizar essa relação. Ser racista vai muito além da manifestação de ódio”, diz Deh Bastos, fundadora do Criando Crianças Pretas, em debate nas redes sociais do Grupo Mulheres do Brasil.

O projeto, que foi ao ar em 2019, tinha como objetivo inicial compartilhar as experiências de Deh como comunicadora social, mulher preta e mãe. Mas com o passar do tempo, tornou-se uma referência de educação antirracista, sobretudo para famílias brancas. Segundo ela, o primeiro passo é entender o que é o racismo estrutural a partir da perspectiva histórica do povo negro.

“Crianças não nascem racistas, mas o racismo é um aprendizado social. Elas aprendem desde muito pequenas a reproduzir o que os adultos a sua volta falam e fazem. A falta de representatividade negra em posições hierarquicamente superiores faz com que seja mais difícil, tanto para pessoas brancas quanto para pessoas negras, enxergarem a si mesmos e ao outro”, acrescentou Deh durante a live.

Reconhecendo privilégios

Ao reconhecer que, historicamente, pessoas brancas receberam vantagens e por isso são aceitas em mais espaços é, na opinião da comunicadora, a parte mais difícil. Essa consciência pode incomodar no início, mas é fundamental para que haja uma corresponsabilidade na construção de uma sociedade que expresse igualdade de oportunidades.

Considerando que uma das formas de combater o racismo estrutural é trazer histórias, livros, filmes e músicas produzidas e protagonizadas por pessoas pretas para o cotidiano das crianças, separamos uma lista com alguns conteúdos para reforçar a representatividade e identidade do povo negro todos os dias do ano, promovendo uma educação antirracista.

1. Deixa que Eu Conto (UNICEF)
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lançou, em outubro de 2020, programas de rádio diários voltados para o público infantil e inspirados na cultura afro-brasileira. A iniciativa faz parte do Deixa que eu Conto, que tem como principal objetivo trazer histórias, brincadeiras e músicas para as famílias em tempos de pandemia. Organizados em 50 episódios, os conteúdos direcionados a crianças da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental, celebram e ensinam sobre a identidade, os ritmos e as crenças da cultura negra no Brasil. O conteúdo pode ser acessado pelo Spotify de forma gratuita.

2. Livro: O Mar que Banha a Ilha de Goré
Goré é uma ilha localizada na costa do Senegal. Entre os séculos XV e XVI, foi também um dos maiores centros de comercialização de escravizados. Mas neste livro, escrito por Kiusam de Oliveira, são as águas cor de jade do mar e a ancestralidade potente das histórias da terra que assumem o protagonismo. Tudo aos olhos de Kika, uma pequena brasileira que anseia por redescobrir suas origens. O Mar que Banha a Ilha de Goré é uma oportunidade de navegar pela história afro-brasileira, ressignificando a cultura viva e o presente do povo negro.

3. Quadrinho: Jeremias – Pele
Você se lembra do Jeremias, da Turma da Mônica? O único personagem negro a aparecer nas primeiras edições do gibi voltou para protagonizar sua própria história no 18º álbum pela Graphic MSP, em 2018. O selo convida artistas nacionais a reescreverem versões dos personagens criados por Mauricio de Sousa. O roteirista Rafael Calça e o ilustrador Jefferson Costa, traçam Jeremias-Pele através de ângulos estrategicamente pensados e uma narrativa que se baseia em situações cotidianas de racismo estrutural na vida de um jovem brasileiro.

4. Curta-metragem: Hair Love
Premiado no Oscar 2020 como Melhor Curta de Animação, Hair Love trouxe, para além de representatividade, uma quebra de estereótipos. O curta conta a história de uma família negra por meio do dilema de Zuri, uma menina que tenta a todo custo domar seus cabelos e suas emoções, e acaba descobrindo que o segredo de tudo está no afeto. Com a ajuda de seu pai dedicado, a pequena vence mais de uma batalha. Uma mensagem de autoestima, acolhimento e resiliência em apenas 7 minutos. O vídeo pode ser encontrado no canal da Sony Pictures Animation no Youtube.

5. Campanha: “Fábulas de Conexão”
No mês de novembro, a Vivo propôs um conjunto de ações para reforçar a representatividade e valorizar a cultura afro-brasileira. Além de convidar influenciadores para assumirem o perfil da marca, a campanha lançou uma série produzida e curada por Andreza Delgado, co-fundadora da Perifacon. Temas como ancestralidade e afrofuturismo são abordados em quatro curta-metragens ilustrados e animados por jovens roteiristas de todo o Brasil. Os episódios contam com direção de Renata Martins e Diego Paulino e vozes conhecidas como Linn da Quebrada, Russo Passapusso, Lia de Itamaracá e Luedji Luna como narradores das “Fábulas de Conexão”.

6. Série: Bia Desenha (YouTube)
Bia é uma menina de cinco anos que, ao lado de seu primo Raul, vive aventuras por meio dos desenhos e da imaginação que ganham vida no quintal de casa. A série de animação se passa na periferia de Recife, onde uma família não tradicional protagoniza 13 episódios de 7 minutos. Roteirizada por Kalor Pacheco e Neco Tabosa e produzida pela Carnaval Filmes e REC Produtores Associados, Bia Desenha é exibida na TV Pernambuco e tem o primeiro episódio disponível no YouTube. Além de trazer elementos típicos da cultura brasileira e pernambucana, também conta com opções de acessibilidade na exibição, com áudio-descrição e tradução em libras.

7. Música: Emicida & Drik Barbosa – Sementes
“Se tem muita pressão, não desenvolve a semente”. Uma das estrofes da música lançada pelos rappers Emicida e Drik Barbosa, em 2020, traz só uma das ideias que relaciona acesso a direitos e desenvolvimento. Escrita especialmente para o dia 12 de junho, o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, “Sementes” vem acompanhada de um videoclipe que retrata de forma leve, mas crítica uma realidade ainda muito presente nas infâncias brasileiras. A música está disponível no YouTube do Emicida.

8. Brincadeira: Mbube – Chamar o Leão
O portal Alma Preta disponibilizou uma lista de brincadeiras inspiradas na cultura africana, que podem ser feitas em casa ou na escola. Uma delas é a Mbube: Chamar o Leão. As regras são: Dois participantes serão vendados e terão uma área limitada para circular. Um deles será o leão e o outro a presa. Enquanto se movem, as crianças fora do círculo devem falar “Mbube, mbube” — mais alto se o leão estiver perto e mais baixinho se estiver longe. Dessa forma, as vozes guiam ambos os participantes vendados. Há mais alternativas como as bonecas de pano Abayomi, parte da cultura iorubá, máscaras de papelão africanas e até mesmo um jogo da memória com os 50 países do continente. Saiba mais consultando a lista!

9. Podcast: Negro da Semana
Alê Garcia é escritor, um dos 20 criadores digitais negros mais inovadores pela Forbes e também o anfitrião do podcast Negro da Semana, que se dedica a reunir as histórias de personalidades negras nacionais e internacionais, mantendo vivo o legado de cada uma delas e reforçando para as novas gerações a importância de olhar para o passado em busca de um caminho para a inovação. Nelson Mandela, Conceição Evaristo, Angela Davis e Mano Brown são só alguns dos nomes que você pode encontrar no Spotify do projeto.

10. Perfil: Adriel Oliveira (livros do drii)
Fã de histórias fantásticas, o baiano Adriel Oliveira criou um perfil no Instagram para compartilhar seu amor pelos livros. Com apenas 12 anos de idade, o criador da página “Livros do Drii”, dedicada a postar resenhas e dicas de leitura, já alcançou mais de 700 mil seguidores. Após um episódio de racismo, uma rede de solidariedade se mobilizou para que o sonho e o conteúdo de Adriel continuassem a alcançar ainda mais pessoas.

11. Passeio: Museus de história afro-brasileira
Uma das formas de ir além dos conteúdos, é ir de encontro a memoriais, feiras e museus que celebrem ou relembrem a história do povo negro no Brasil com uma abordagem afrocentrada. É o caso do Museu Afro Brasil, em São Paulo, da Casa Benin, em Salvador, do Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira, no Rio de Janeiro. Embora tenham atrações diferentes, a proposta é não apenas recontar a história, mas também trazer a influência da arte e da produção intelectual de artistas negros na cultura do país.

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