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A USP faz parte da cidade?

A partir do próximo dia 27, os tradicionais “Circulares”, ônibus gratuitos que rodam dentro da Cidade Universitária, sede da Universidade de São Paulo, deixam de existir. Alunos, professores e funcionários receberão um bilhete único exclusivo para ser usado nas duas linhas, que passarão a ser gerenciadas pela São Paulo Transporte (SPTrans).

A partir desta data, quem não possuir o Bilhete USP (Busp) terá de pagar para andar no circular, que passará a fazer o trajeto até a estação Butantã do Metrô – única boa notícia da história. Isso inclui moradores dos arredores, que utilizam o circular para trabalho, pessoas que vão até o Hospital Universitário, que presta atendimento aos moradores do Butantã, gente que quer conhecer os museus, teatros, a boa e gratuita programação do Cinusp. Mais ainda, prejudica participantes dos inúmeros grupos de estudos e pesquisa científica de outras universidades, participantes de congressos e outros eventos, ou seja, é um obstáculo, ainda que pequeno, ao intercâmbio científico.

É mais um passo no caminho de isolamento tomado pela USP em relação ao restante da cidade. Esta medida se junta a outras, como o fechamento do campus à noite, permitindo a entrada apenas de quem porta carteirinha, numa cadeia que afasta cada vez mais a universidade da cidade e aumenta a sensação de que se trata de uma “torre de marfim”, uma ilha de privilegiados inacessível aos meros mortais. Isso sem contar a enorme quantidade de equipamentos públicos, pagos com dinheiro de impostos, que se tornam mais e mais inacessíveis aos cidadãos que não passam no concorrido vestibular.

Mas não é só quem fica de fora que sofre com essa visão equivocada. Durante a recente polêmica sobre a presença da Polícia Militar na Cidade Universitária, a urbanista Raquel Rolnik relatou em seu blog um debate de que participou sobre o tema. Disse ela: “É uma enorme falácia, dentro ou fora da universidade, dizer que presença de polícia é sinônimo de segurança e vice-versa. O modelo urbanístico do campus, segregado, unifuncional, com densidade de ocupação baixíssima e com mobilidade baseada no automóvel é o mais inseguro dos modelos urbanísticos, porque tem enormes espaços vazios, sem circulação de pessoas, mal iluminados e abandonados durante várias horas do dia e da noite. Esse modelo, como o de muitos outros campi do Brasil, foi desenhado na época da ditadura militar e até hoje não foi devidamente debatido e superado. É evidente, portanto, que a questão da segurança tem muito a ver com a equação urbanística.”

A sensação é natural: quando tem gente na rua, comércio funcionando, carros circulando, temos maior sensação de segurança para andar. Eu moro na Rua Augusta, no centro de São Paulo, que esta em movimento 24 horas por dia. Não existe horário em que eu me sinta preocupado em chegar em casa.

Mas na USP a política é de esvaziar o campus. Rolnik continua com a pergunta: o campus faz parte ou não da cidade? “Em parte, a resposta dada hoje pela gestão da USP é que a universidade não faz parte da cidade: aqui há poucos serviços para a população, poucas moradias, não pode haver estação de metrô, exige-se carteirinha para entrar à noite e durante o fim de semana.” O resultado é um espaço inseguro e subutilizado, bancado por dinheiro público.

(BrasilAtual)

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