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publicado dia 13 de abril de 2012

Avaliações apontam que ensino não melhorou na rede estadual paulista

Exame revela que a maioria dos alunos ainda tem um nível de conhecimento abaixo do adequado para a sua série.

Os resultados divulgados do Saresp (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) de 2011 apontam que, no geral, não houve um aumento significante no desempenho dos estudantes em comparação ao ano anterior. A prova avalia o 5º e 9º ano do Ensino Fundamental e o 3º ano do Ensino Médio, nas disciplinas de língua portuguesa e matemática.

“O desempenho médio dos alunos está estabilizado”, afirma o especialista em avaliação e política educacional, docente da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Ocimar Munhoz. Os últimos números revelam que os estudantes ainda se concentram nos níveis abaixo do básico e básico, ou seja, a maioria não possui o conhecimento adequado para a sua série.

Matemática

A interpretação dos dados é dividida em quatro níveis: abaixo do básico, básico, adequado e avançado.  O pior desempenho foi visto na prova de matemática do 3º ano do Ensino Médio, em que 58,4% dos alunos tiveram desempenho abaixo do básico, e somente 4, 2% alcançaram a média adequada. “Abaixo do básico é um eufemismo para dizer que ninguém deveria estar aí”, ironiza Munhoz.

Segundo resultado do Saresp, 58% dos alunos saem do Ensino Médio sem saber matemática.

A 4ª série do Ensino Fundamental foi a única que avançou consideravelmente na disciplina, com um aumento de 26,7% da nota, desde 2007. Segundo o especialista, isso já havia sido identificado em avaliações nacionais, como a Prova Brasil, e uma das hipóteses para o crescimento é que as crianças tenham melhorado a capacidade de leitura dos problemas de matemática, o que auxiliou na resolução dos exercícios.

[stextbox id=”grey” float=”true” width=”600″]Clique aqui para ver o desempenho dos alunos em Língua Portuguesa[/stextbox]

Idesp e as escolas

O desempenho no Saresp é um dos componentes utilizados para calcular o Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo), que leva em conta também o fluxo escolar, determinado pela taxa de aprovação de cada ciclo. O indicador mede a qualidade das séries iniciais (1ª a 4ª séries) e finais (5ª a 8ª séries) do Ensino Fundamental e Médio, usando uma escala de 0 a 10.

Os resultados do Idesp de 2011 mostram que, no 3º ano do Ensino Médio, somente três escolas das 3.551 avaliadas obtiveram nota maior que 5.  Dentre elas, destacam-se, mais uma vez, as escolas localizadas no interior paulista.

Munhoz acredita que uma análise adequada depende de uma investigação profunda de cada instituição. “Quando você tem notas com muitas oscilações, isso pode indicar fraude”, alerta. Um exemplo é a escola Estadual Reverendo Augusto da Silva Dourado, localizada em Sorocaba, que ficou em 1º lugar no exame do 5º ano do Ensino Fundamental , com nota 9,3, e está sendo investigada por uma comissão de averiguação da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo.

De acordo com denúncias feitas à imprensa, alunos e pais afirmaram que uma professora teria ajudado os estudantes que não sabiam responder algumas perguntas e, nos casos de ausência, respondido ela mesma os testes.

Com exceção da 4ª série do Ensino Fundamental, quase não houve evolução das notas do Saresp em cinco anos.

Para o professor, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo deveria fazer uma amostra inicial dos dados e incentivar que cada unidade fizesse um estudo mais aprofundado para compreender porque sua nota aumentou, diminuiu ou se manteve estável .

“Mudanças no perfil dos profissionais, alunos, materiais e infraestrutura são elementos significativos para entender isso”, opina. A ideia é que, dessa forma, o indicador seja usado para uma melhor organização do trabalho pedagógico.

Política de bonificação

Além da proposta de avaliar a qualidade do ensino, o Idesp também é usado como base para bônus de servidores públicos, que podem receber quase três salários mínimos extras se a instituição alcançar sua meta. Desde quando surgiu, a medida é alvo de polêmica entre especialistas.

Munhoz, por exemplo, é contra o pagamento de bônus aos professores por “dividir” os trabalhadores, colocando-os em clima de competição, e por acreditar que não há segurança estatística para garantir uma atribuição justa do mérito.

“O desempenho dos alunos dependem das condições em que eles vivem e isso não é responsabilidade da escola e dos professores”, analisa. Para ele, a própria conclusão de que as notas do Saresp se mantiveram estáveis nos últimos anos demonstra que a política de bonificação não tem ajudado a melhorar os índices educacionais e que é preciso revê-la.

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