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publicado dia 28 de março de 2012

Internet é meio estratégico para levar informações políticas aos jovens

Por Desirèe Luíse

Considerar meios online como canal de contato com os jovens é estratégico quando o assunto é política. Em ano de eleição, a internet é considerada fundamental para disponibilizar informações para adolescentes brasileiros. A indicação é do doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP), Humberto Dantas, quem ministra cursos de formação cidadã.

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“A web mostra uma força bastante expressiva, superando canais tradicionais e se consolidando como um espaço real de busca por notícias”, aponta. Pesquisa realizada com jovens de 13 a 18 anos pelos Centros de Integração da Cidadania (CICs), programa ligado à Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, mostra que a internet é o segundo meio que os jovens utilizam para a busca de informação política.

De acordo com o estudo, aproximadamente 79% dos 680 adolescentes ouvidos marcaram o meio online como ferramenta para obter conhecimentos sobre política, perdendo apenas para a TV, com cerca de 94%. As demais opções são jornal (58%), rádio (45%), revista (33%), palestra (25%), conversa (18%) e livro (12%).

A pesquisa foi realizada em áreas de vulnerabilidade social da grande São Paulo, no fim de 2011, quando os entrevistados concluíram o curso de iniciação política oferecido pelos CICs. Mas, segundo Dantas, coordenador dos cursos, é necessário afinar ainda mais esse contato com o adolescente.

“Por exemplo, qual a assiduidade desse jovem na busca por informações? A questão, nesse caso, é desvendar a forma como isso ocorre: se por portais tradicionais de notícias, por e-mail ou nas redes sociais”, afirma Dantas.

O levantamento ainda mostrou que 85,2% dos jovens que fizeram o curso de iniciação política nos CICs no ano passado não têm qualquer relação com partidos. Segundo a pesquisa, mesmo entre adolescentes que procuraram aprender sobre política, o grau de envolvimento com causas sociais é mínimo. Apenas 3,5% destinam parte de seu tempo às ações voluntárias, por exemplo.

Por outro lado, a maioria dos alunos concorda que a educação política é necessária nas escolas públicas. Além disso, eles parecem dispor de tempo e vontade de aprender, de acordo com Dantas.

Também, revelam os números, a falta de comprometimento com o ato da eleição é alta. Entre os 12% que afirmaram ter votado em 2010, 42,7% já haviam esquecido parte do voto e 16% esqueceram-se totalmente.

Pesquisa de 2010 do Tribunal Superior Eleitoral (STE), realizada em novembro, portanto um mês após as eleições, já apontava expressivo grau de esquecimento do brasileiro, sobretudo nos votos ofertados aos membros do Poder Legislativo.

“O jovem apenas reproduz, em termos de comportamento político, aquilo que a sociedade lhe transmite. Seus pais, professores, familiares e a mídia de uma maneira geral”, ressalta o cientista político.

“A ideia de que política é algo ruim é péssima para a formação dos jovens. Valores negativos dessa natureza desacreditam um canal que, se bem utilizado, torna-se essencial ao desenvolvimento da sociedade”, acrescenta.

[stextbox id=”custom” caption=”Um recado pra você, jovem” float=”true” align=”right” width=”300″] “Que tal até o comecinho de maio, você ir atrás para compreender as responsabilidades municipais em termos de política públicas? De posse dessa informação, faça uma boa análise de suas realidades em relação a sua pesquisa. Pense: não vale a pena entrar nesse debate de forma consciente, discutindo propostas e pensando em um futuro melhor?

Assim, em maio, você tira seu título de eleitor e se debruça sobre as propostas dos candidatos a vereador e prefeito de maneira madura. Esse é o eleitor que desejamos para nosso país. Aos mais velhos, com 18 anos ou mais, sugiro que não pense no voto como uma obrigação, veja-o como um passaporte coletivo para a conquista de direitos essenciais”.

Humberto Dantas [/stextbox]

Educação integral

Após formar mais de mil alunos em 20 turmas, entre 2008 e 2009, o foco do projeto dos cursos de formação política foi alterado. A partir de 2011, cada posto do CIC estabeleceu parceria com uma escola pública ou com um projeto social destinado à educação. O intuito maior era atingir jovens de 14 a 20 anos de idade.

Dantas acredita que os cursos poderiam estar inseridos em programas de educação integral. “Esse é um parâmetro para o bom funcionamento da democracia: educação política nas escolas. Um dia chegaremos lá, se o país estiver realmente compromissado com a democracia”, projeta.

Nas escolas e projetos parceiros, o curso tornou-se uma atividade inserida no horário da aula. O compromisso foi o de debater política sem defesa ou ataque a governos ou partidos. O projeto formou em 833 alunos no último ano.

Os professores elogiaram as aulas, acreditando que os alunos precisavam mesmo participar de atividades ligadas à reflexão sobre cidadania. Mas no início, olharam com desconfiança, conta Dantas, e por isso fizeram questão de acompanhar.

“Para nós é ótimo, pois temos mais um cidadão sendo impactado. O distanciamento em relação à política não tem idade para acontecer, atinge parte expressiva dos 136 milhões de eleitores.”

“Vocês podiam organizar um curso desse tipo para nós professores” e “a iniciativa é fundamental, mas não temos formação para levar adiante um conteúdo dessa natureza” foram comentários que surgiram dos docentes, após as aulas.

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