
Ruy Ohtake fez um projeto de intervenção de cores nas fachadas das casas de Heliópolis, com a participação da comunidade.
Para o arquiteto Ruy Ohtake, responsável pelos projetos que alteraram a paisagem de Heliópolis, na região sudeste de São Paulo, o urbanismo e a arquitetura têm um papel importante na construção de um território mais igualitário. “Procuro fazer com que a estética seja de toda a cidade, junto com a preocupação social, acompanhando o desenvolvimento da comunidade”, afirma.
O paulistano de 74 anos participou do debate sobre “Arquitetura e transformação do espaço – arte convivência e lazer”, durante o seminário “Estéticas das Periferias”, realizado na última segunda (27), no Centro de Convivência Educativa e Cultural de Heliópolis, projetado por ele mesmo. O local agrega três creches, EMEI (Escola Municipal de Educação Infantil), EMEF (Escola Municipal de Ensino Fundamental), ETEC (Escola Técnica Estadual), Centro Cultural, Complexo Esportivo e biblioteca.
A convite da própria comunidade, o arquiteto desenhou a obra, que ficou ficou pronta em 2010, com a participação direta das lideranças comunitárias por meio da União de Núcleos Associações e Sociedades dos Moradores de Heliópolis e São João Clímaco (Unas). Para trabalhar a proposta de um bairro educador, cinco estudantes locais foram escolhidos para administrar a biblioteca que é aberta ao público.
Leia mais:
Autonomia da Escola por Projetos Pedagógicos Comunitários
Educação Integral extrapola os limites da escola
A relação de Ohtake com Heliópolis começou com um trabalho artístico em três ruas. Depois de perguntar a cada morador qual cor queriam para as suas casas, criou um projeto de intervenção cromática nas fachadas das moradias, misturando tons fortes. Todo o trabalho de pintura foi realizado por pintores do bairro, exigência do próprio arquiteto. “A comunidade tem que participar”, justifica.
Uma das obras mais famosas do arquiteto é o condomínio residencial, com 71 edifícios, para a população de baixa renda, contemplada pelo programa federal Minha Casa, Minha Vida. Carinhosamente batizado de “redondinhos”, os prédios coloridos tem formato circular para acabar com as noções de “frente” e ”trás” dos tradicionais.

Projetado por Ruy Ohtake, os "redondinhos" foram construídos para incentivar a convivência dos moradores.
Além disso, os carros ficam na parte externa, enquanto o espaço interno é destinado ao parquinho das crianças e a convivência dos moradores. “Com o mesmo orçamento e metragem de projetos semelhantes é possível fazer construções muito mais interessantes”, explica. “Não é só porque o projeto urbanístico é na periferia que tem que fazer de qualquer jeito”, defende.
Para ele, o conjunto de mudanças em Heliópolis representa uma vitória importante, mas é apenas uma entre diversas batalhas. “É preciso sair do discurso e construir ações que contribuam verdadeiramente para a cidadania. Essa força que percebo em Heliópolis pode se expandir para toda a cidade de São Paulo”, finaliza.
Transformação pela arte
Intervir no espaço público e promover a arte e convivência são metas de projetos culturais em outras periferias. Um deles é o Grupo Teatral Pombas Urbanas, que atua na Cidade de Tiradentes, na Zona Leste de São Paulo e que também participou da discussão no seminário. Os artistas ocuparam um galpão abandonado e o transformaram em um centro cultural, oferecendo aulas de teatro para os jovens.
Adriano Mauriz, um dos integrantes do Pombas Urbanas , conta que o curso começou com 800 inscritos e que, com o passar do tempo, o número foi diminuindo para 100, 50, até ficar apenas uma pessoa. “Existe um estigma construído de que o teatro é elitista”, afirma. Para criar vínculo com o bairro, os artistas passaram a morar lá, identificando-se com o território e elaborando um teatro que fosse verdadeiramente da comunidade para a comunidade.
O grupo cresceu e construiu uma rede com sete coletivos artísticos, que trabalham com outras artes, como música, dança e circo. Paralelamente, o espaço ganhou uma biblioteca comunitária com mais de 12 mil livros e se consolidou como principal centro de convivência e cultura da região. “O nosso principal objetivo é a transformação e o desenvolvimento local por meio da arte”, explica.
Outra iniciativa que contribui para a circulação cultural nas periferias – e que também participou do debate – é o Clariô, que desenvolve um trabalho teatral em Taboão da Serra, cidade-dormitório da região metropolitana de São Paulo, onde quase não há incentivo público ao fomento da cultura local.
Os atores independentes perceberam, em 2005, que não faria sentido para aquela comunidade seguir os padrões do teatro convencional e criaram sua própria estética. Atualmente, a casa que ocupavam foi transformada em um ambiente de troca artística e o grupo foi reconhecido em premiações do Rio de Janeiro.
https://mapasapp.com/…/…/sao-paulo-sp/9668-sao-joao-climaco/
Você conhece o bairro de São João Clímaco, na zona Sul de São Paulo? Sabe precisar suas divisas? Sabe das dificuldades que alguns moradores encontram para se locomoverem no bairro? Sabe do impacto negativo do fechamento da Rua Cavalheiro Frontini e da Praça do Largo de São João Clímaco para a comunidade? E sabe que o bairro está sendo desarticulado em virtude da omissão de sua História nos registros disponibilizados ao público, com evidente manipulação de sua identidade e memória e, sobretudo, por decisões políticas muito equivocadas?
Atenção:
Observe que o mapa atual de São João Clímaco tem a forma de um “V” virado à direita, isto é, tem dois eixos que se articulam muito perto da área que corresponde ao chamado irresponsavelmente Complexo Educacional Unificado (CEU) Heliópolis Profª Arlete Persoli. Esta área está representada imediatamente acima da parte do mapa anexo em que lemos “JOÃO”.
O eixo que se estende pela Rua Cavalheiro Frontini e adjacências contornadas pela Rua Any é mais residencial, enquanto que, no outro eixo, o que se estende pela Estrada de São João Clímaco, incluindo a Rua São Silvestre, localiza-se a zona mais comercial do bairro: farmácias, clínicas, bancos, padarias, supermercados, lanchonetes, restaurantes, casas de ferragens, papelarias, armarinhos, sapatarias, perfumarias…
No projeto de obra do complexo, após a incorporação da Praça do Largo de São João Clímaco e um trecho da Rua Cavalheiro Frontini, deixou-se disponível um pequeno acesso à rua Cavalheiro Frontini, um portão que permitia a passagem dos moradores de um lado a outro do bairro. No entanto, do dia para a noite, fechou-se este pequeno portão, deixando o CEU totalmente de costas aos moradores da parte residencial de São João Clímaco… (para que logo alguns defensores do projeto saiam à imprensa vangloriando-se de defenderem a “escola aberta”, dizendo que derrubaram muros e avançaram na integração da escola com a comunidade… tal é a hipocrisia!). A escola nunca esteve tão isolada da comunidade como depois da construção do gradil que cercou a praça e a via públicas.
Basta uma vista rápida no mapa para se dar conta do disparate e insensibilidade. Ao fechar o acesso, além de problematizar a comunicação e desarticular os dois eixos do bairro, a administração foi mais longe em seu desrespeito à comunidade, pois o CEU se localiza numa pendente muito acentuada e, já não havendo acesso para os moradores do eixo residencial, estes devem fazer um esforço muito maior para chegarem ao comércio, um esforço de locomoção que, para alguns, lhes supõe um obstáculo praticamente intransponível, especialmente para os idosos, e isso sem falar do direito de uma comunidade a ter preservadas sua memória e identidade. Por certo, vejamos o que diz a legislação municipal sobre a denominação e a alteração da denominação de vias, logradouros e instalações municipais, Lei n° 14.454, Art. 6º, de 27 de junho de 2007:
“Observadas as condições do art. 5° desta lei, a seleção do logradouro ou logradouros, cujas denominações devam ser substituídas, deverá ocorrer de FORMA A CAUSAR O MENOR INCONVENIENTE PARA A CIDADE, considerando para tanto, conjuntamente, O SEU SIGNIFICADO NA MALHA VIÁRIA, A SUA NOTORIEDADE, O SEU VALOR HISTÓRICO E ANTIGUIDADE E A DENSIDADE DE EDIFICAÇÕES, EM PARTICULAR, NÃO RESIDENCIAIS”.
E ainda que caiba reconhecer que o projeto do CEU teve acertos, como a ampliação do número de instalações e da área do equipamento público educativo, se fosse melhor gerido, poderia recuperar sua importante função na união e construção da paz na comunidade.
O problema está no uso político que se fez do projeto, incorporando uma escola, rua e praça pública de grande valor histórico (a escola foi uma das primeiras da rede municipal, inaugurou-se em galpões de madeira onde se localizava a praça incorporada). E, como se isso não tivesse sido suficientemente grave, ainda outorgaram ao complexo o nome da comunidade vizinha e de uma professora alheia à origem da escola. Tudo feito de forma muito precipitada, sem nenhum aprofundamento histórico: após duas semanas do falecimento da referida professora, já havia um processo na Câmara dos Vereadores para outorgar seu nome ao CEU. Estes fatos revelam interesses eleitoreiros e marcado cunho personalista em tal decisão, tendo um impacto muito negativo na configuração urbana, no sentido de união, na memória e na própria identidade do bairro, o que fere gravemente a referida Lei 14.545. Os defensores do projeto do CEU e de sua denominação atual tentam ludibriar a opinião pública dizendo que criaram um “bairro educador”! Ora, como dissemos, São João Clímaco é um bairro pioneiro na educação pública desde 1957, ano da fundação das Escolas Agrupadas de São João Clímaco, atual EMEF Campos Sales, fundada pelo professor João Bernardo, que contribuiu para a criação do próprio ensino público municipal de São Paulo.
Ele dirigiu esta escola até 1987 e, durante os 30 anos de sua gestão, promoveu a integração das comunidades de São João Clímaco e Heliópolis, procurando desenvolver entre elas uma consciência coletiva, fomentando ações educativas solidárias e assistenciais, assim como atividades artísticas, esportivas e de recreação. No início dos anos 70, logo da chegada das primeiras famílias aos campos de terra batida que se estendiam das proximidades do Hospital Heliópolis até a garagem da prefeitura contígua à escola, o professor João Bernardo iniciou uma campanha para o acolhimento da nova comunidade que se formava, dando origem ao bairro Heliópolis. Ele abriu as portas da escola às famílias para que se integrassem e para que seus filhos tivessem acesso à educação pública, prestando-lhes solidariedade e apoio, após terem sido desalojadas pela prefeitura das regiões ocupadas na Vila Prudente e Vergueiro. Do mesmo modo, junto com outras lideranças da comunidade, entre elas o padre Benno Hubert Stollenwerk da Paróquia de São João Clímaco, participou ativamente da luta pelo saneamento básico e pela chegada da água encanada e luz às áreas desatendidas de São João Clímaco e Heliópolis.
No entanto, na documentação registrada tanto nos relatórios do CEU, no projeto de obra, como no PL 461/2014 que deu origem à atual denominação do complexo, omite-se toda referência ao passado do bairro de São João Clímaco, ao pioneirismo do professor João Bernardo e da escola Campos Sales no ensino público municipal, fazendo parecer à opinião pública que foi só após 1995 que se promoveu a integração entre as comunidades.
Aliás, se o bairro ainda resiste à manipulação da memória e da identidade é, em grande medida, graças ao trabalho do professor João Bernardo, na educação, e do padre Benno Hubert, no cultivo do sentido de união e fraternidade entre a comunidade. Sem dúvida, ambos foram personalidades fundamentais para o desenvolvimento desse bairro educador que tem na EMEF Campos Sales, a praça do Largo de São João Clímaco e a Paróquia de São João Clímaco um ponto de unidade, de articulação… sem elas São João Clímaco não existiria.
Por respeito à memória e à identidade da comunidade, não há dúvida: ao complexo educacional inaugurado em 2009 em São João Clímaco cabe outorgar o nome “CEU SÃO JOÃO CLÍMACO PROF. JOÃO BERNARDO”!
Rogamos a participação de todos na nossa ação popular para instar a mudança do nome CEU Heliópolis para “CEU SÃO JOÃO CLÍMACO PROF. JOÃO BERNARDO”, e solicitar às autoridades a liberação do acesso da comunidade à rua Cavalheiro Frontini e à praça do Largo de São João Clímaco, São Paulo. Agradecemos o apoio assinando, comentando e divulgando o abaixo-assinado http://chn.ge/2x2Ujrk e curtindo, seguindo e compartilhando os conteúdos da nossa página https://www.facebook.com/CEUPROFJOAOBERNARDO/
Muito obrigado
https://gmaps.com.br/
Só acessar o site do Google mapas