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Por Vagner Alencar, do Porvir

Uma educação rica em artes na infância pode aumentar em 17,6% as chances de uma criança ingressar no ensino superior e conseguir um bom emprego. Por outro lado, a ausência de atividades criativas pode elevar em cinco vezes as chances de um jovem, a partir dos 26 anos, se tornar dependente de ajuda financeira ou assistência pública. Esses são alguns dos dados do estudo Buenos Días Creatividad (Bom Dia Criatividade, em tradução livre), realizado pela Fundação Botín, da Espanha, e por especialistas internacionais, lançado no último mês, em Madri.

O estudo, que contém 123 páginas, aborda temas como: aspectos que influenciam um ensino criativo, a criatividade e o desenvolvimento infantil na sala de aula, o papel da família no desenvolvimento da criatividade e os espaços públicos que favorecem o potencial criativo de pessoas e comunidades.

A pesquisa mostra, por exemplo, que ambientes naturais oferecem vantagens em relação aos parques infantis construídos artificialmente, já que estimulam as brincadeiras de modo mais diverso e criativo. Essa realidade, de acordo com o estudo, tem levado muitas autoridades municipais a repensar o planejamento urbanístico, substituindo os espaços infantis tradicionais pelos que chamam de espaços de jogos naturais.

Outro ponto abordado pela pesquisa se refere aos benefícios dos centros de arte, que são responsáveis por ajudar a desenvolver a comunicação pessoal e a inclusão social sobretudo dos jovens. O estudo apresenta um caso brasileiro, a Escolinha de Arte do Brasil, fundada em 1948, no Rio de Janeiro, como referência na história da educação artística no país. “A arte tem a virtude de vencer o chatice cada vez mais patente – facilmente observada, entre adolescents – na educação pública formal”, enfatiza o estudo.

Entre os pesquisadores do relatório está a sueca Martina Leibovici-Mühlberger, doutora em questões de família. No relatório, ela afirma que as crianças nascem com uma “incrível capacidade de aprender, pensar e interagir com o mundo de forma criativa”. Metaforicamente, afirma, que os pequenos vem ao mundo com “programas de software” pré-instalados nos seus cérebros, e muito novos tem facilidade para desenvolver habilidades complexas como nadar ou falar outras línguas. No entanto, assim que passam a interagir com o mundo real, eles são afetados pelo “vírus” que atrasa esse desenvolvimento. A especialista chama de vírus hábitos como o da comparação, classificação, avaliação, culpa, crítica, que são responsáveis pela perda de 70% das capacidades inatas das crianças. “Na realidade, eles não perdem as habilidades, mas elas ficam mais adormecidas”, pondera a especialista.

O estudo mostra que diversos pesquisadores afirmam que hoje se vive uma “autêntica crise criativa”. Para evidenciar esse cenário, o informe recorre a algumas conclusões de pesquisas já realizadas sobre o tema. Uma delas é a Kyung Hee Kim, professora de psicologia da educação no College of William and Mary, nos Estados Unidos, e também ensina pais e professores de todo o mundo a promover a criatividade das crianças. Em 2010, Kyung apresentou um estudo em que entrevistou cerca de 300 mil adultos e crianças americanos e verificou que “nos últimos 20 anos, as crianças se tornaram menos expressivas em suas emoções, menos falantes, menos bem-humoradas, menos vitais e apaixonadas, entre outras coisas”.

Em contrapartida, para mostrar como a educação artística ajuda na melhora do desempenho acadêmico, o relatório mostra uma pesquisa realizada por James Catterall, professor de educação na Universidade de Califórnia, nos EUA. Depois de entrevistar mais de 25 mil estudantes americanos, Catterall verificou que aqueles que são mais envolvidos com artes faltam menos às aulas e são mais felizes na escola, além de se mostrarem mais interessados em ler, escrever e realizar operações matemáticas “complexas”. O envolvimento com atividades criativas também aumenta em 15,4% a probabilidade de se engajarem em trabalhos voluntários, eleva em 8,6% a chances de criarem amizades mais sólidas ao longo da vida e aumenta em 20% o interesse dos jovens em votar.

O estudo está disponível em espanhol e inglês e pode ser encontrado no site Fundação Botín.

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