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publicado dia 19 de agosto de 2013

Comunidades se reúnem para debater diversidade e economia das periferias

Na última sexta-feira (16/8) a mesa de abertura do seminário “Percurso pela diversidade cultural”, no Capão Redondo, na zona sul de São Paulo, não poderia ser mais representativa do mosaico de identidades do local. Sentados lado a lado estavam a professora guarani, Potyporã, da aldeia guarani de Paralheiros; Mestre Aderbal, dos povos tradicionais de terreiro; e Neide Abati, presidente da Associação Popular de Mulheres, que fez menções à teologia da libertação – ala da igreja católica. Na plateia, crianças guarani, agentes do poder público e interessados pelo tema ouviam com atenção.

Aderbal, Potyporã, Rafael Mesquita e Neide escutam a fala do jovem guarani.

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O Percurso é um evento levado por organizações, indivíduos e iniciativas da periferia de São Paulo, como a Agência Solano Trindade, o Banco Comunitário União Sampaio e o Centro de Direitos Humanos e Educação Popular do Campo Limpo (CDHEP).  O primeiro debate, que ocupou a segunda parte da sexta-feira e o sábado, foi em torno da questão da economia solidária. Os próximos serão realizados uma vez por mês, tematizando cultura e educação, direitos humanos e assistência social, culminando na criação do Observatório Popular de Direitos, um instrumento de fiscalização de políticas, análise de conjuntura e incidência no cotidiano da cidade.

“Nosso objetivo é pautar políticas públicas, avaliá-las e reconstruí-las, para melhor atender aos povos das periferias e de comunidades tradicionais”, afirmou Rafael Mesquita, da União Popular de Mulheres.

Unidade na diversidade

"A economia solidária é a única que é capaz de respeitar a diversidade".

Para ligar diversidade e economia solidária, Mestre Aderbal, citou que os indígenas foram os primeiros a receber com igualdade os negros trazidos da África para serem escravizados. A ligação solidária, segundo ele, vêm de longe, assim como vêm de longe a violência, o preconceito e a necessidade de reparação. “Sempre sofremos muito preconceito em relação a nossa cultura, gastronomia, medicina, as nossas religiões e rituais. Sempre tentaram homogeneizar a cultura, deixar tudo igual”, disse. Para ele, a economia solidária sempre foi a estratégia de sobrevivência dos que estão em situação de opressão.

[stextbox id=”custom” caption=”Assassinatos” float=”true” align=”right” width=”250″]Segundo o Conselho Indigenista Missionário, em 2012, os assassinatos de indígenas chegaram a 60. Em dez anos, esse número representa 563 mortes.[/stextbox]

Potyporã também fez referência ao passado e à história, mas lembrou que, ainda hoje, centenas de indígenas morrem ou são assassinados no Brasil. “Quem vê acha que índio só tem no Amazonas. Mas só na capital temos 3 aldeias guaranis demarcadas. Temos espalhados pela cidade pankararus, xavantes e muitas outras etnias”. Ao fim de seu depoimento, o jovem Michel Augusto Martins, 13, aluno de Potyporã, relatou que na sua aldeia, no bairro de Parelheiros, falta terra para plantar os alimentos necessários para a subsistência de sua família.

Na sequência, se juntaram aos debatedores representantes do poder público, da Secretaria Nacional da Economia Solidária e das secretarias de Promoção da Igualdade e de Políticas para Mulheres, da Prefeitura de São Paulo, para debater qual seria o papel do poder público diante da sustentabilidade e promoção de iniciativas de economia solidária.

“A economia solidária é a única que pode dialogar com a diversidade cultural das periferias, dos povos tradicionais, pois ela reconhece a forma heterogênea de sua distribuição, da troca de produtos e saberes e ao mesmo tempo empodera quem está envolvido”, ponderou Thiago de Paula, do Banco Comunitário União Sampaio, que funciona em mais de 40 estabelecimentos da zona sul de São Paulo.

Ele ressaltou que toda alimentação do evento vinha de cooperativas da região, assim como as banquinhas de camisetas, cachecois, livros e artesanatos que figuravam no evento. “Foi muito importante para gente, conseguir ter nossa própria renda”, disse Estér Almeida, responsável pelos pãezinhos e quitutes distribuídos no local. Ela começou seu negócio com crédito do União Sampaio. “Essa convivência é muito importante, vamos conhecendo mais, aprendendo mais e nos desenvolvendo”.

Clique aqui para conferir o que acontecerá nos próximos meses no “Percurso pela diversidade cultural”.



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